Eu não sabia que tipo de monstro era o dr. Sarça, mas ele era rápido.Talvez eu pudesse me defender se conseguisse ativar meu escudo. Tudo de que necessitava era um toque no meu relógio de pulso. Mas defender os irmãos Jeong era outra questão. Eu necessitava de ajuda e só me ocorria uma forma de consegui-la.
Fechei os olhos.
— O que está fazendo, Urea? — sibilou o dr. Sarça. — Continue andando!
Abri os olhos e continuei arrastando os pés adiante.
— É o meu ombro — menti, tentando soar infeliz, o que não era difícil. — Está queimando.
— Ora! Meu veneno causa dor. Não vai matar você. Ande!
Sarça nos conduzia para fora da escola, e eu tentava me concentrar. Visualizei o rosto de Alex. Concentrei-me nas emoções de dor e perigo. No último verão, Alex havia criado uma conexão empática entre nós dois. Ele havia me enviado visões em meus sonhos para me avisar de que ele estava em perigo. Até onde eu sabia, ainda estávamos conectados, mas eu nunca havia tentado entrar em contato com Alex. Não sabia nem se funcionaria com ele acordado.
Ei, Alex!, pensei. Sarça está nos sequestrando! Ele é um maníaco atirador de espinhos envenenados! Socorro!
Sarça nos fez marchar na direção da floresta. Tomamos um caminho coberto de neve e mal iluminado por lâmpadas antigas. Meu ombro doía. O vento que soprava através de minhas roupas rasgadas era tão frio que eu me sentia um Noicolé.
— Tem uma clareira mais à frente — disse Sarça. — Vamos chamar sua carona.
— Que carona? — perguntou Heyoon. — Para onde você está nos levando?
— Silêncio, garota insuportável!
— Não fale assim com minha irmã! — disse Xzavier. Sua voz tremia, mas eu estava impressionado por ele ter a coragem de dizer qualquer coisa que fosse.
O dr. Sarça soltou uma espécie de rosnado que definitivamente não era humano e que fez os pelos na minha nuca se eriçarem, mas eu me obriguei a continuar andando e fingi que estava sendo um bom prisioneiro. Enquanto isso, projetava meus pensamentos feito louco — qualquer coisa para chamar a atenção de Alex: Alex! Maçãs! Latas! Venha com esse seu traseiro peludo de bode aqui para fora e traga alguns amigos fortemente armados!
— Espere — disse Sarça.
A floresta havia se aberto. Tínhamos chegado a um penhasco que dava para o mar. Pelo menos, eu sentia que o mar estava lá embaixo, a centenas de metros. Podia ouvir as ondas quebrando e sentia o cheiro da espuma fria e salgada. Mas tudo que conseguia ver era neblina e escuridão.
O dr. Sarça nos empurrava em direção à beira. Eu tropecei e Heyoon me segurou.
— Obrigado — murmurei.
— O que ele é? — sussurrou ela. — Como lutamos contra ele?
— Eu... eu estou trabalhando nisso.
— Estou com medo — disse Xzavier baixinho. Ele mexia algo nas mãos... uma espécie de soldadinho de metal de brinquedo.
— Parem de falar! — ordenou o dr. Sarça. — Fiquem de frente para mim!
Nós nos viramos.
Os olhos bicolores de Sarça cintilavam, famintos. Ele pegou alguma coisa embaixo do casaco. A princípio, pensei que fosse um canivete, mas era apenas um telefone. Ele pressionou o botão lateral e disse:
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Noah Urrea e os Olímpicos: O Anátema do Colosso [3]
Fanfiction⚠️ ESTA É A TERCEIRA TEMPORADA DA SAGA DE NOAH URREA E OS OLÍMPICOS ⚠️ Um chamado do amigo Alex deixa Noah a postos para mais uma missão: dois novos meios-sangues foram encontrados, e sua ascendência ainda é desconhecida. Como sempre, Noah sabe que...