Capítulo 05. Faço Uma Ligação Subaquática

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Eu nunca tinha visto o Alojamento Metade-Homem no inverno, e a neve me surpreendeu.

Ora, o acampamento tem o último modelo de controle mágico do clima. Nada atravessa seus limites a menos que o diretor, o sr. D, queira. Pensei que fosse estar quente e ensolarado, mas, em vez disso, a neve tivera permissão para cair levemente. O gelo cobria a pista de carruagens e os campos de morango. Os chalés estavam decorados com minúsculos pisca-piscas, como luzes de Natal, só que pareciam bolas de fogo de verdade. Mais luzes brilhavam no bosque e, o mais estranho de tudo, um fogo bruxuleava na janela do sótão da Grandiosa Residência, onde vivia o oráculo, aprisionado em um velho corpo mumificado. Eu me perguntei se o espírito de Delfos estaria assando marshmallows lá em cima ou qualquer coisa parecida.

— Uau! — exclamou Xzavier, descendo da van. — Aquilo é uma parede de escalada?

— É — respondi.

— Por que tem lava descendo por ela?

— Um pequeno desafio extra. Venha. Vou apresentá-lo a Quíron. Any, você já conhece...

— Conheço Quíron — disse Any rigidamente. — Dizei-lhe que estaremos no chalé 8. Caçadoras, segui-me.

— Vou indicar o caminho — ofereceu-se Alex.

— Conhecemos o caminho.

— Ah, sério, não é trabalho nenhum. É fácil se perder aqui, se você não... — ele tropeçou numa canoa e se ergueu ainda falando — ...como meu velho pai bode costumava dizer! Venham!

Any revirou os olhos, mas acho que concluiu que não tinha como se livrar de Alex. As Caçadoras colocaram as mochilas e os arcos nos ombros e seguiram em direção aos chalés. Quando Heyoon Jeong começava a se afastar, inclinou-se e sussurrou alguma coisa no ouvido do irmão. Olhou para ele em busca de resposta, mas Xzavier se limitou a franzir as sobrancelhas e a se afastar dela.

— Cuidem-se, doçuras! — gritou Apolo para as Caçadoras. E piscou para mim. — Cuidado com aquelas profecias, Noah. Vejo você em breve.

— O que você quer dizer?

Em vez de responder, ele saltou de volta na van.

— Até mais, Yamileth — gritou. — E, hã, comporte-se!

Ele dirigiu-lhe um sorriso travesso, como se soubesse de algo que ela não sabia. Então fechou as portas e ligou o motor. Virei-me de lado quando a carruagem do sol decolou numa explosão de calor. Quando olhei para trás, o lago estava fumegando. Um Maserati vermelho ergueu-se acima do bosque, ficando mais brilhante e subindo cada vez mais até desaparecer num raio de sol.

Xzavier ainda parecia irritado. Perguntei-me o que a irmã teria lhe dito.

— Quem é Quíron? — perguntou ele. — Não tenho sua estatueta.

— Nosso diretor de atividades — respondi. — Ele é... bem, você vai ver.

— Se essas Caçadoras não gostam dele — resmungou Xzavier —, isso já é muito bom para mim. Vamos.

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A segunda coisa que me surpreendeu no acampamento era quanto estava vazio. Bem, eu sabia que a maior parte dos meios-sangues só treinava durante o verão. Apenas os que ficam o ano todo estariam ali — aqueles que não tinham casa para onde ir ou que seriam excessivamente atacados por monstros se saíssem. Mas tampouco parecia que estes eram muitos.

Avistei Lamar Morris, do chalé de Hefesto, alimentando a forja do lado de fora do arsenal do acampamento. Os irmãos Wang, Krystian e Fletcher, do chalé de Hermes, forçavam o cadeado da loja do acampamento. Alguns garotos do chalé de Ares travavam uma guerra de bolas de neve com as ninfas dos bosques à margem da floresta. Isso era tudo. Nem mesmo minha antiga rival do chalé de Ares, Sabina, parecia estar por ali.

Noah Urrea e os Olímpicos: O Anátema do Colosso [3]Onde histórias criam vida. Descubra agora