Capítulo 06. Um Velho Amigo Morto Vem Visitar

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Na manhã seguinte, após o café da manhã, contei a Alex sobre meu sonho. Estávamos sentados na campina, observando os sátiros correrem atrás das ninfas do bosque pela neve. As ninfas haviam prometido beijar os sátiros caso fossem pegas, mas nunca eram. Em geral, a ninfa deixava o sátiro se aproximar bastante então se transformava numa árvore coberta de neve e o pobre sátiro se chocava contra ela impetuosamente, e ainda acabava coberto por uma pilha de neve.

Quando contei a Alex o pesadelo, ele começou a torcer no dedo o pelo desgrenhado de sua perna.

— O teto de uma caverna desabou sobre ela? — perguntou ele.

— Sim. Que diabos isso quer dizer?

Alex balançou negativamente a cabeça.

— Não sei. Mas depois do que Any sonhou...

— Epa! O que está dizendo? Any teve um sonho assim?

— Eu... eu não sei exatamente. Por volta das três da manhã, ela foi à Grandiosa Residência e exigiu falar com Quíron. Parecia que estava em pânico.

— Espere, como é que você sabe disso?

Alex enrubesceu.

— Eu estava mais ou menos acampado do lado de fora do chalé de Ártemis.

— Para quê?

— Só para estar, você sabe... perto delas.

— Você é um rastejador com cascos.

— Não sou, não! Seja como for, eu a segui até a Grandiosa Residência, me escondi num arbusto e observei tudo. Ela ficou transtornada de verdade quando Adrian não a deixou entrar. Foi uma cena um tanto perigosa.

Tentei imaginá-la. Adrian era o chefe da segurança do acampamento — um sujeito grandalhão e louro com olhos pelo corpo todo. Ele raramente aparecia, a menos que alguma coisa séria estivesse acontecendo. Eu não gostaria de apostar numa luta entre ele e Any Alegre-Azeda.

— O que foi que ela disse? — perguntei.

Alex fez uma careta.

— Bem, ela começa a falar numa linguagem muito antiquada quando fica nervosa, assim foi meio difícil entender. Mas era algo sobre Ártemis estar em apuros e precisar das Caçadoras. E então ela chamou Adrian de energúmeno... Acho que isso é algo ruim. E então ele a chamou de...

— Ei, espere. Como é que Ártemis pode estar em apuros?

— Eu... bem, finalmente Quíron apareceu de pijamas e seu rabo de cavalo com bobes e...

— Ele usa bobes no rabo?

Alex cobriu a boca.

— Desculpe-me — disse eu. — Continue.

— Bem, Any disse que precisava de permissão para deixar o acampamento imediatamente. Quíron não concedeu. Ele lembrou a Any que as Caçadoras deveriam permanecer aqui até receberem ordens de Ártemis. E ela disse... — Alex engoliu em seco. — Ela disse: Como é que vamos receber ordens de Ártemis se ela está perdida?

— Como assim, perdida? Como se ela precisasse de informações para se localizar?

— Não. Acho que ela quis dizer desaparecida. Levada. Sequestrada.

Sequestrada? — Tentei me acostumar com a ideia. — Como é que se pode sequestrar uma deusa imortal? Isso é possível?

— Bem, sim. Quer dizer, aconteceu com Perséfone.

— Mas ela era, hum, a deusa das flores.

Alex pareceu ofendido.

— Da primavera.

Noah Urrea e os Olímpicos: O Anátema do Colosso [3]Onde histórias criam vida. Descubra agora