Capítulo 19. Os Deuses Votam Em Como Nos Matar

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Voar já era suficientemente ruim para um filho de Poseidon, mas voar direto para o palácio de Zeus, com trovões e raios espiralando ao seu redor, era ainda pior.

Circulamos acima do centro de Sundance Square, descrevendo uma órbita completa em torno do Monte Olimpo. Eu só estivera lá uma vez, subindo de elevador até o secreto sexcentésimo andar do JPMorgan Chase Tower. Dessa vez, se é que era possível, o Olimpo me impressionou ainda mais.

Na penumbra do início da manhã, tochas e fogueiras faziam os palácios na encosta da montanha luzir em vinte diferentes cores, do vermelho-sangue ao anil. Aparentemente ninguém dormia no Olimpo. As ruas sinuosas estavam cheias de semideuses, espíritos da natureza e deuses de menor importância, em carruagens ou liteiras transportadas por ciclopes. O inverno parecia não existir ali. Senti o cheiro de jardins em plena floração — jasmins e rosas, e outras flores ainda mais doces cujo nome eu não sabia. A música saía de muitas janelas, sons suaves de liras e flautas de bambu.

Dominando o pico da montanha erguia-se o maior palácio de todos, o reluzente e branco tribunal dos deuses.

Nossos pégasos nos deixaram no pátio externo, diante de imensos portões de prata. Antes que eu sequer pensasse em bater, os portões se abriram sozinhos.

Boa sorte, chefe, disse Blackjack.

— O.k. — Eu não sabia por quê, mas tinha um mau pressentimento. Nunca vira todos os deuses juntos. Sabia que qualquer um deles podia me transformar em pó, e alguns adorariam fazê-lo.

Ei, se você não voltar, posso ficar com seu chalé como estábulo?

Olhei para o pégaso.

Foi só uma ideia, disse ele. Desculpe-me.

Blackjack e seus amigos levantaram voo, deixando Yamileth, Sina e eu sozinhos. Por um minuto, ficamos ali, olhando o palácio, do mesmo modo que ficamos diante de North Barbershop, o que parecia ter acontecido um milhão de anos atrás.

E então, lado a lado, entramos na sala do trono.

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Doze enormes tronos formavam um U em torno de uma fogueira, na mesma disposição dos chalés no acampamento. O teto cintilava com constelações — até mesmo a mais nova, Any, a Caçadora, abrindo seu caminho no céu com o arco em posição de atirar.

Todos os assentos estavam ocupados. Cada deus e deusa tinha cerca de cinco metros, e eu vou lhe dizer uma coisa, se você algum dia tiver uma dúzia de superseres imensos e todo-poderosos voltando os olhos para você ao mesmo tempo... Bem, de repente, enfrentar monstros parecia mais um piquenique.

— Bem-vindos, heróis — disse Ártemis.

— Muuu!

Foi quando percebi a presença de Olive e Alex.

Uma esfera de água flutuando no centro do salão, perto do fogo da lareira. Olive nadava feliz de um lado para o outro, chicoteando sua cauda de serpente e cutucando com a cabeça as laterais e a base da esfera. Ele parecia estar gostando da novidade de nadar em uma bolha mágica. Alex estava ajoelhado diante do trono de Zeus, como se tivesse acabado de fazer um relatório, mas, quando nos viu, gritou:

— Vocês conseguiram!

E pôs-se a correr em minha direção. Mas então se lembrou de que estava voltando as costas para Zeus, e pediu permissão.

— Vá em frente — disse Zeus. Mas ele não estava prestando atenção em Alex. O Senhor dos Céus olhava intensamente para Yamileth.

Alex aproximou-se, trotando. Nenhum dos deuses falava. Cada clope dos cascos de Alex ecoava no piso de mármore. Olive espadanava em sua bolha de água. O fogo na lareira crepitava.

Noah Urrea e os Olímpicos: O Anátema do Colosso [3]Onde histórias criam vida. Descubra agora