O mínimo que o Oráculo podia ter feito era andar de volta para o sótão sozinho.Em vez disso, Alex e eu fomos eleitos para carregá-lo. Não imaginei que tivéssemos sido escolhidos por sermos os mais populares.
— Cuidado com a cabeça dela! — advertiu-me Alex quando subíamos as escadas. Mas era tarde demais.
Bangue! Bati sua face mumificada de encontro à moldura do alçapão, provocando uma chuva de poeira.
— Ah, cara. — Apoiei-a no chão, procurando possíveis danos. — Será que quebrei alguma coisa?
— Não sei dizer — admitiu Alex.
Nós a erguemos e a acomodamos em seu banco de três pés, ambos bufando e suando. Quem iria imaginar que uma múmia podia pesar tanto?
Supus que ela não falaria comigo, e estava certo. Fiquei aliviado quando finalmente saímos de lá e fechamos a porta do sótão.
— Bem — disse Alex —, isso foi desagradável.
Eu sabia que ele estava tentando dar um tom leve às coisas, em consideração a mim, mas ainda assim eu me sentia totalmente para baixo. O acampamento todo estaria furioso comigo por perder o jogo para as Caçadoras, e ainda havia a nova profecia do Oráculo. Era como se o espírito de Delfos tivesse saído de seu caminho para me excluir. Ele havia ignorado minha pergunta e caminhado quase um quilômetro para falar com Any. E não dissera nada, não dera nem mesmo uma pista, sobre Sina.
— O que Quíron vai fazer? — perguntei a Alex.
— Quisera eu saber. — Pela janela do segundo andar, ele olhou pensativo para as colinas onduladas cobertas de neve. — Queria estar lá fora.
— Procurando Sina?
Ele teve alguma dificuldade em se concentrar em mim. Então corou.
— Ah, certo. Isso também. É claro.
— Por quê? — perguntei. — Em que você estava pensando?
Ele bateu os cascos, inquieto.
— Em algo que o manticore disse, sobre o Grandioso Desgosto. Não posso deixar de me perguntar... se todas aquelas forças antigas estiverem despertando, talvez... quem sabe nem todas sejam do mal.
— Você se refere a Pã.
Eu me senti um pouco egoísta, pois havia esquecido totalmente a ambição da vida de Alex. O deus da natureza estava desaparecido havia dois mil anos. Dizia-se que tinha morrido, mas os sátiros não acreditavam nisso. E estavam determinados a encontrá-lo. Haviam procurado em vão por séculos, e Alex estava convencido de que seria ele a obter sucesso. Esse ano, com Quíron colocando todos os sátiros em operação de emergência para encontrar meios-sangues, Alex não conseguira dar prosseguimento à sua busca. Ele devia estar ficando louco com isso.
— Deixei a pista esfriar — disse ele. — Eu me sinto inquieto, como se estivesse deixando algo muito importante escapar. Ele está lá fora, em algum lugar. Posso sentir isso.
Eu não sabia o que dizer. Queria incentivá-lo, mas não via como. Meu otimismo havia sido esmagado na neve lá no bosque, junto às nossas esperanças de vencer na captura da bandeira.
Antes que eu pudesse responder, Yamileth subiu pesadamente os degraus. Oficialmente ela não estava falando comigo, mas olhou para Alex e disse:
— Diga a Noah para descer.
— Por quê? — perguntei.
— Ele disse alguma coisa? — Yamileth perguntou a Alex.
— Hum, perguntou por quê.
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Noah Urrea e os Olímpicos: O Anátema do Colosso [3]
Fanfic⚠️ ESTA É A TERCEIRA TEMPORADA DA SAGA DE NOAH URREA E OS OLÍMPICOS ⚠️ Um chamado do amigo Alex deixa Noah a postos para mais uma missão: dois novos meios-sangues foram encontrados, e sua ascendência ainda é desconhecida. Como sempre, Noah sabe que...