Capítulo 17. Levanto Alguns Milhões de Quilos

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O mais horrível era que eu podia ver a semelhança de família. Atlas tinha a mesma expressão régia de Any, o mesmo olhar frio e orgulhoso que ela às vezes exibia quando estava com raiva, embora nele parecesse milhares de vezes mais malévolo. Ele era todas as coisas com as quais eu havia originalmente antipatizado em Any, sem nenhuma das qualidades que eu viera a apreciar.

— Liberte Ártemis — exigiu Any.

Atlas aproximou-se da deusa acorrentada.

— Talvez você queira assumir o céu no lugar dela, então? Fique à vontade.

Any abriu a boca para falar, mas Ártemis disse:

— Não! Não ofereça isso, Any! Eu a proíbo!

Atlas sorriu, afetado. Ajoelhou-se ao lado de Ártemis e tentou tocar-lhe o rosto, mas a deusa o mordeu, quase arrancando-lhe os dedos.

— Uh-uh — exultou Atlas. — Está vendo, filha? A Senhora Ártemis gosta de seu novo trabalho. Acho que vou fazer todos os olimpianos se alternarem carregando meu fardo quando o Senhor Cronos for o rei novamente e este for o centro do nosso palácio. Vai ensinar um pouco de humildade àqueles fracotes.

Olhei para Sina. Ela tentava desesperadamente me dizer algo. Acenou com a cabeça na direção de Josh. Mas tudo o que eu conseguia fazer era olhar para ela. Eu não havia percebido antes, mas alguma coisa nela mudara. Seu cabelo louro agora estava mesclado de cinza.

— De segurar o céu — murmurou Yamileth, como se tivesse lido minha mente. — O peso devia tê-la matado.

— Não entendo — disse eu. — Por que Ártemis não pode simplesmente soltar o céu?

Atlas riu.

— Como você sabe pouco das coisas, meu jovem. Este é o ponto em que o céu e a terra primeiro se encontraram, onde Urano e Gaia deram à luz seus poderosos filhos, os titãs. O céu ainda anseia em abraçar a terra. Alguém precisa mantê-lo a distância, caso contrário ele desabaria sobre este lugar, instantaneamente achatando a montanha e tudo num raio de cem léguas. Uma vez que você assuma o fardo, não tem como escapar — sorriu Atlas. — A menos que alguém o assuma em seu lugar.

Ele se aproximou de nós, estudando Yamileth e eu.

— Então são esses os melhores heróis de agora, é? Não são um desafio muito grande.

— Lute conosco — desafiei. — E vamos ver.

— Os deuses não lhe ensinaram nada? Um imortal não luta com um mero mortal diretamente. Está abaixo de nossa dignidade. Josh vai esmagá-lo em meu lugar.

— Então você é outro covarde — disse eu.

Os olhos de Atlas brilharam de ódio. Com dificuldade, ele voltou a atenção para Yamileth.

— Quanto a você, filha de Zeus, parece que Josh estava enganado a seu respeito.

— Eu não estava enganado — conseguiu dizer Josh. Ele parecia terrivelmente fraco, e pronunciava cada palavra como se isso lhe causasse dor. Se não o odiasse tanto, eu quase teria sentido pena dele. — Yamileth, você ainda pode se juntar a nós. Chame o Ofiotauro. Ele virá até você. Veja!

Ele agitou a mão, e perto de onde estávamos surgiu um tanque de água: um pequeno lago cercado de mármore negro, grande o suficiente para o Ofiotauro. Eu imaginei Olive naquele tanque. Na verdade, quanto mais pensava, mais tinha certeza de que podia ouvir Olive mugindo.

Não pense nele! De repente a voz de Alex estava dentro da minha cabeça — a conexão empática. Eu podia sentir suas emoções. Ele estava à beira do pânico. Estou perdendo Olive. Bloqueie os pensamentos!

Noah Urrea e os Olímpicos: O Anátema do Colosso [3]Onde histórias criam vida. Descubra agora