— Avise quando tiver acabado — disse Yamileth. Seus olhos estavam bem fechados. A estátua nos segurava de modo que não pudéssemos cair, mas ainda assim Yamileth agarrava-lhe o braço como se fosse a coisa mais importante do mundo.— Está tudo bem — garanti.
— Estamos... estamos muito alto?
Olhei para baixo. Embaixo de nós, uma cordilheira de montanhas cobertas de neve passou rapidamente. Estiquei o pé e chutei a neve de um dos picos.
— Não — disse eu. — Não tão alto.
— Estamos nas Cascatas! — gritou Any. Ela e Alex pendiam dos braços da outra estátua. — Já cacei por aqui. A essa velocidade, estaremos em Tacoma em algumas horas.
— Ei, ei, Frisco! — disse o nosso anjo. — Ô, Tommy! Podíamos visitar aqueles caras na Escultura dos Inconscientes de novo! Eles sabem como se divertir!
— Ah, cara — disse o outro anjo. — Estou dentro!
— Vocês já foram a Tacoma? — perguntei.
— Nós autômatos precisamos nos divertir um pouco de vez em quando, certo? — replicou nossa estátua. — Aqueles mecânicos nos levaram para a Coleção Nova e nos apresentaram a umas estátuas de mármore do sexo feminino, sabe? E...
— Edmond! — cortou-o a outra estátua, Tommy. — Eles são crianças, cara.
— Ah, tá. — Se estátuas de bronze podem enrubescer, eu juro que Tommy enrubesceu. — De volta ao voo.
Aceleramos, o que mostrava que os anjos estavam entusiasmados. As montanhas se transformaram em morros, e logo sobrevoávamos campos cultivados, cidades e estradas.
Alex tocava sua flauta para passar o tempo. Any, entediada, começou a disparar flechas em outdoors ao passarmos por eles. Todas as vezes que via uma loja de departamentos Target — e passamos por dezenas delas — ela acertava algumas flechas na mosca da placa em forma de alvo, a cento e sessenta quilômetros por hora.
Yamileth manteve os olhos fechados o tempo todo. Sussurrava para si mesma, como se estivesse rezando.
— Você foi bem lá na represa — disse a ela. — Zeus a ouviu.
Era difícil dizer o que ela estava pensando com os olhos fechados.
— Talvez — replicou ela. — Como foi que você conseguiu escapar dos esqueletos na sala dos geradores, aliás? Você disse que eles o encurralaram.
Contei-lhe sobre a estranha mortal, Wanda Vargas Adkins, que parecia capaz de ver através da Névoa. Pensei que Yamileth fosse me chamar de maluco, mas ela assentiu com a cabeça.
— Alguns mortais são assim — disse ela. — Ninguém sabe por quê.
De repente, ocorreu-me algo em que eu nunca havia pensado. Minha mãe era assim. Ela tinha visto o Minotauro no Cerro Metade-Homem e soubera exatamente do que se tratava. E não ficara nem um pouco surpresa no ano passado quando eu lhe contara que meu amigo Uriel era na verdade um ciclope. Talvez ela soubesse o tempo todo. Não era de admirar que tivesse temido tanto por mim enquanto eu crescia. Ela via através da Névoa até melhor que eu.
— Bem, a garota era irritante — afirmei. — Mas fico feliz por não a ter transformado em pó. Isso teria sido muito ruim.
Yamileth concordou.
— Deve ser bom ser um mortal comum.
Ela disse aquilo como se tivesse pensado muito no assunto.
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Noah Urrea e os Olímpicos: O Anátema do Colosso [3]
Fanfiction⚠️ ESTA É A TERCEIRA TEMPORADA DA SAGA DE NOAH URREA E OS OLÍMPICOS ⚠️ Um chamado do amigo Alex deixa Noah a postos para mais uma missão: dois novos meios-sangues foram encontrados, e sua ascendência ainda é desconhecida. Como sempre, Noah sabe que...