Capítulo 15. Luto Contra O Gêmeo Malvado do Papai Noel

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— Avise quando tiver acabado — disse Yamileth. Seus olhos estavam bem fechados. A estátua nos segurava de modo que não pudéssemos cair, mas ainda assim Yamileth agarrava-lhe o braço como se fosse a coisa mais importante do mundo.

— Está tudo bem — garanti.

— Estamos... estamos muito alto?

Olhei para baixo. Embaixo de nós, uma cordilheira de montanhas cobertas de neve passou rapidamente. Estiquei o pé e chutei a neve de um dos picos.

— Não — disse eu. — Não tão alto.

— Estamos nas Cascatas! — gritou Any. Ela e Alex pendiam dos braços da outra estátua. — Já cacei por aqui. A essa velocidade, estaremos em Tacoma em algumas horas.

— Ei, ei, Frisco! — disse o nosso anjo. — Ô, Tommy! Podíamos visitar aqueles caras na Escultura dos Inconscientes de novo! Eles sabem como se divertir!

— Ah, cara — disse o outro anjo. — Estou dentro!

— Vocês já foram a Tacoma? — perguntei.

— Nós autômatos precisamos nos divertir um pouco de vez em quando, certo? — replicou nossa estátua. — Aqueles mecânicos nos levaram para a Coleção Nova e nos apresentaram a umas estátuas de mármore do sexo feminino, sabe? E...

— Edmond! — cortou-o a outra estátua, Tommy. — Eles são crianças, cara.

— Ah, tá. — Se estátuas de bronze podem enrubescer, eu juro que Tommy enrubesceu. — De volta ao voo.

Aceleramos, o que mostrava que os anjos estavam entusiasmados. As montanhas se transformaram em morros, e logo sobrevoávamos campos cultivados, cidades e estradas.

Alex tocava sua flauta para passar o tempo. Any, entediada, começou a disparar flechas em outdoors ao passarmos por eles. Todas as vezes que via uma loja de departamentos Target — e passamos por dezenas delas — ela acertava algumas flechas na mosca da placa em forma de alvo, a cento e sessenta quilômetros por hora.

Yamileth manteve os olhos fechados o tempo todo. Sussurrava para si mesma, como se estivesse rezando.

— Você foi bem lá na represa — disse a ela. — Zeus a ouviu.

Era difícil dizer o que ela estava pensando com os olhos fechados.

— Talvez — replicou ela. — Como foi que você conseguiu escapar dos esqueletos na sala dos geradores, aliás? Você disse que eles o encurralaram.

Contei-lhe sobre a estranha mortal, Wanda Vargas Adkins, que parecia capaz de ver através da Névoa. Pensei que Yamileth fosse me chamar de maluco, mas ela assentiu com a cabeça.

— Alguns mortais são assim — disse ela. — Ninguém sabe por quê.

De repente, ocorreu-me algo em que eu nunca havia pensado. Minha mãe era assim. Ela tinha visto o Minotauro no Cerro Metade-Homem e soubera exatamente do que se tratava. E não ficara nem um pouco surpresa no ano passado quando eu lhe contara que meu amigo Uriel era na verdade um ciclope. Talvez ela soubesse o tempo todo. Não era de admirar que tivesse temido tanto por mim enquanto eu crescia. Ela via através da Névoa até melhor que eu.

— Bem, a garota era irritante — afirmei. — Mas fico feliz por não a ter transformado em pó. Isso teria sido muito ruim.

Yamileth concordou.

— Deve ser bom ser um mortal comum.

Ela disse aquilo como se tivesse pensado muito no assunto.

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Noah Urrea e os Olímpicos: O Anátema do Colosso [3]Onde histórias criam vida. Descubra agora