Capítulo 12. Prático Snowboard Com Um Porco

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Havíamos chegado às cercanias de uma pequena estação de esqui aninhada nas montanhas. A placa dizia BEM-VINDOS A SALT LAKE CITY, UTAH. O ar era frio e rarefeito. Nos telhados das cabanas, a neve se acumulava, e montes de neve suja se erguiam em ambos os lados das ruas. Pinheiros altos avultavam-se acima do vale, lançando sombras cor de piche, embora a manhã fosse de sol.

Mesmo com meu casaco de pele de leão, eu estava congelando no momento em que chegamos ao Setor George, que ficava a cerca de meia hora da linha férrea. Enquanto caminhávamos, contei a Alex sobre minha conversa com Apolo na noite anterior — e que ele me disse que procurássemos Nereu em Tacoma.

Alex pareceu inquieto.

— Isso é bom, eu acho. Mas primeiro temos de chegar lá.

Tentei não ficar muito desanimado em relação às nossas chances. Não queria deixar Alex em pânico, mas sabia que tínhamos outro prazo formidável assomando, afora salvar Ártemis a tempo de ela participar do conselho de deuses. O Chefe dissera que Sina só seria mantida viva até o solstício de inverno, na sexta-feira — apenas quatro dias à frente. E ele mencionara algo sobre um sacrifício. Eu não gostava nada disso.

Paramos no meio da cidade. Dava praticamente para ver tudo dali: uma escola, algumas lojas e cafés para turistas, alguns chalés de esqui e um armazém.

— Ótimo — disse Yamileth, olhando à volta. — Nada de rodoviária. Nada de táxi. Nada de aluguel de automóveis. Nenhuma saída.

— Tem um café! — exclamou Alex.

— Sim — disse Any. — Café é bom.

— E pãezinhos — completou Alex, sonhador. — E papel encerado.

Yamileth suspirou.

— O.k. Que tal vocês dois irem comprar comida para nós? Noah, Heyoon e eu vamos dar uma olhada no armazém. Talvez possam nos dar informações.

Combinamos de nos encontrar na frente do armazém em quinze minutos. Heyoon parecia um pouco constrangida em ir conosco, mas foi.

Dentro do armazém, descobrimos algumas coisas importantes sobre Salt Lake City: não havia neve suficiente para esquiar, o armazém vendia ratos de borracha por um dólar cada um, e não havia maneira fácil de entrar ou sair da cidade a menos que se tivesse um carro.

— Vocês podem mandar vir um táxi de Ogden, que fica na base das montanhas — disse o balconista, descrente. — No entanto, o carro levaria pelo menos uma hora para chegar aqui, e isso iria custar várias centenas de dólares.

O balconista parecia tão solitário que comprei um ratinho de borracha. Então saímos e ficamos parados na varanda de entrada.

— Maravilhoso — resmungou Yamileth. — Vou andar pela rua e ver se alguém nas outras lojas tem alguma sugestão.

— Mas o balconista disse...

— Eu sei — interrompeu-me ela. — Mas vou verificar, de qualquer forma.

Eu a deixei ir. Sabia como era ficar agitado. Todos nós, os meios-sangues, tínhamos problemas de déficit de atenção por causa de nossos reflexos inatos do campo de batalha. Não podíamos suportar esperar simplesmente. Além disso, eu tinha a sensação de que Yamileth ainda estava aborrecida com nossa conversa na noite anterior, sobre Josh.

Heyoon e eu ficamos juntos, ambos constrangidos. Bem... eu nunca me sentia à vontade conversando sozinho com uma garota e nunca havia ficado sozinho com Heyoon. Não sabia o que dizer, principalmente agora que ela era uma Caçadora e tudo mais.

— Belo rato — disse ela por fim.

Eu o pousei no parapeito da varanda. Talvez ele atraísse mais negócios para a loja.

Noah Urrea e os Olímpicos: O Anátema do Colosso [3]Onde histórias criam vida. Descubra agora