Capítulo 03. Heyoon Jeong Faz Uma Escolha

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Depois de ver o dr. Sarça transformar-se num monstro e despencar com Sina em um precipício, seria de pensar que nada mais me chocaria. Mas quando aquela garota de doze anos me disse que era a deusa Ártemis, eu disse algo muito inteligente, do tipo: Hã... o.k.

Isso não foi nada comparado a Alex. Ele arquejou, então se ajoelhou na neve e começou a tagarelar:

— Obrigado, Senhora Ártemis! A senhora é tão... é tão... Uau!

— Levante-se, menino-bode! — disse Yamileth. — Temos outras coisas com que nos preocupar. Sina desapareceu!

— Epa — disse Heyoon Jeong. — Esperem. Tempo.

Todos olharam para ela, que apontou o dedo para cada um de nós sucessivamente, como se estivesse tentando ligar os pontos.

— Quem... quem são vocês?

A expressão de Ártemis se suavizou.

— Talvez seja melhor perguntar, minha querida, quem é você? Quem são seus pais?

Heyoon lançou um olhar nervoso para o irmão, que ainda olhava estupefato para Ártemis.

— Nossos pais morreram — disse Heyoon. — Somos órfãos. Um fundo de curadoria paga a nossa escola, mas...

Sua voz falhou. Acho que estava vendo em nossos rostos que não acreditávamos nela.

— O que foi? — perguntou ela. — Estou dizendo a verdade.

— Sois uma meio-sangue — disse Any Alegre-Azeda. Era difícil identificar seu modo de falar. Soava antiquado, como se ela estivesse lendo um livro muito velho. — Um de vossos pais era mortal. O outro era um olimpiano.

— Um atleta... olímpico?

— Não — disse Any. — Um dos deuses.

— Legal! — exclamou Xzavier.

— Não! — A voz de Heyoon tremeu. — Isso não é legal!

Xzavier se remexia ao redor de nós como se precisasse ir ao banheiro.

— Zeus tem mesmo raios que podem causar danos de seiscentos pontos? Ele ganha pontos extras por...

— Xzavier, cale a boca! — Heyoon levou as mãos ao rosto. — Esse não é seu estúpido jogo de Mitomagia, o.k.? Deuses não existem!

Por mais ansioso que eu estivesse por causa de Sina — tudo o que queria era sair à procura dela —, não podia deixar de ter pena dos irmãos Jeong. Eu me lembrava de como tinha sido para mim descobrir que era um semideus.

Yamileth devia estar sentindo algo semelhante, porque a raiva em seus olhos amainou um pouco.

— Heyoon, sei que é difícil acreditar. Mas os deuses ainda estão por aqui. Acredite em mim. Eles são imortais. E sempre que têm filhos com humanos comuns, filhos como nós, bem... Nossas vidas tornam-se vulneráveis.

— Vulneráveis — disse Heyoon —, como a garota que caiu.

Yamileth se afastou. Até mesmo Ártemis parecia compadecida.

— Não se desespere por Sina — disse a deusa. — Ela era uma jovem corajosa. Se puder ser encontrada, eu vou encontrá-la.

— Então por que não nos deixa procurar por ela? — perguntei.

— Ela se foi. Não consegue sentir, Filho de Poseidon? Alguma magia está em ação. Eu não sei exatamente como nem por quê, mas sua amiga desapareceu.

Eu ainda queria saltar do penhasco e sair à procura dela, mas tinha a sensação de que Ártemis estava certa. Sina se fora. Se ela estivesse lá embaixo no mar, pensei, eu poderia sentir sua presença.

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