Capítulo 1

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Fazer careta ao me ver em mais uma sexta feira me arrumando para uma noite fora é inevitável

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Fazer careta ao me ver em mais uma sexta feira me arrumando para uma noite fora é inevitável. Cada vez mais tem se tornado inevitável. Estou realmente me cansando dessa rotina de todas as semanas. Claro, posso mudar o que faço, mas, com a maioria dos meus amigos estando casados, nossa agenda não é mais a mesma, o que significa que eu, o último solteiro, preciso arrumar o que fazer.

E ficar em casa não é uma opção, sou inquieto demais para isso e detesto ficar sozinho de qualquer maneira, ainda mais depois de tudo que aconteceu. A liberdade de ser um cara solteiro de trinta e quatro anos deveria me atingir, deveria ser algo que eu venerasse e aproveitasse sem restrições. Apesar de eu ter meu lado aproveitador de tudo isso, eu não enxergo isso como liberdade, e sim como medo da solidão. Não vejo como liberdade e sim como aprisionamento.

Estou naquela fase em que me considero novo demais para ser rabugento como me tornei, o que faz eu mesmo me cobrar para ser como fui nos últimos anos, ao mesmo tempo em que me considero velho demais para essa vida de garotão.

A idade, a vida acontecendo, o tempo passando. Tudo isso já vinha me mostrando o quanto essa vida de cafajeste não iria se sustentar por muito mais tempo. E, agora, depois de ver até mesmo o cafajeste do Nick casado e a espera do seu primeiro bebê, eu vejo o quanto eu também quero passar para a nova fase da minha vida.

Chega de noitadas, chega de conquistas fáceis, rápidas e superficiais. Quero a família, quero os filhos, quero a casa com cheiro de comida e com os gritos, choros e risadas de uma casa movimentada. Quero minha mulher ali, dividindo comigo as responsabilidades, as dificuldades e as felicidades de uma rotina a dois. Quero, como jamais quis outra coisa, preencher o silêncio a minha volta. Não quero mais essa solidão ininterrupta. Nunca gostei de ser sozinho e a cada ano que passa essa angústia aumenta mais e mais.

Minha vida profissional mudou completamente, está na hora de me concentrar na minha vida pessoal. Tenho certeza que meus pais adorariam ouvir algo como isso. Achei que precisaria acertar sua cabeça com um tapa para que percebesse isso, ter alguém para dividir a vida é a melhor coisa. Consigo ouvir meus pais dizendo isso, ou uma variação disso, assim que soubessem da minha vontade.

A vida nunca foi completamente perfeita, como nenhuma outra é, mas cresci em um ambiente consideravelmente bom, ao menos se comparado a outros. Tenho minhas questões com meus pais, mas mesmo com tudo que me cerca deles, não posso reclamar de ter o apoio deles, ao menos em sua maior parte, para todas as coisas que eu quisesse fazer. Arriscar não é problema, é coragem. Ouvi isso várias vezes durante meu crescimento e quando resolvi mudar de vida, alguns meses atrás, ouvi a mesma coisa.

Meus pais foram as primeiras pessoas a me apoiarem quando disse que queria deixar de lado os meus anos como fotógrafo de editoriais de revistas e firmar meu nome e o nome da minha empresa no mercado fotográfico de uma maneira mais ampla.

Estava cansado da monotonia e marasmo daquela vida, estava cansado de tirar sempre as mesmas fotos planejadas e plásticas, cheias de artifícios para sair exatamente como deveria ser, algo sem emoção. Gosto da naturalidade e da espontaneidade dos ensaios de casais justamente por ser o contrário de tudo isso.

A Solidão do Cafajeste (Spin-off da Série Amores Nova-Iorquinos)Onde histórias criam vida. Descubra agora