Capítulo 3

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Depois que saí do MetLife Stadium, assim que a reunião acabou, trouxe comigo o contrato que me entregaram e segui direto para casa

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Depois que saí do MetLife Stadium, assim que a reunião acabou, trouxe comigo o contrato que me entregaram e segui direto para casa. Diferente dos últimos tempos, me vi animado para sair, beber, ou sei lá, apenas para comemorar a oportunidade que surgiu.

Ainda vou repassar cada cláusula contratual com Nate ou Julian, mas, se não houver nada errado ali, é certo que iria entrar de cabeça nesse projeto. E por que não comemorar? Quero fazer isso.

Depois que Connor invadiu a sala daquela maneira, deixando claro sua insatisfação com todo esse processo, eu estava pronto para me levantar dali e recusar a oportunidade. Detesto a ideia de passar por cima dos limites de qualquer pessoa, principalmente por questões profissionais.

Cansei de ouvir e presenciar situações onde fotógrafos foram invasivos e abusivos com seus clientes, desde ensaios fotográficos como os que eu faço, mas também, e principalmente, com modelos em ensaios de revistas. Ainda existe muito fotógrafo, editor ou diretor de filmagem que usa o seu poder de comando para assediar.

Esse cara não sou eu.

E foi por isso que quis me certificar da vontade de todos os envolvidos. Era claro como a água que Connor estava em total desacordo com a ideia de ter alguém invadindo sua privacidade da maneira como irá acontecer. Não iria mesmo embarcar nesse projeto sem que ele estivesse confortável e, também, daria as costas facilmente se eu continuasse enxergando traços preconceituosos nele em relação a mim.

Percebi que ele me encarou como um todo assim que entrou na sala. Como torcedor dos Giants, eu já sabia que ele é gay, e, inicialmente, tinha entendido o olhar dele sobre mim como um olhar faminto, mas então ele abriu a boca e pareceu preconceituoso quando disse aquilo de pessoas como eu.

Por trinta e quatro anos lido com o preconceito em razão da cor da minha pele, alguns mais descarados e óbvios que outros, mas todos preconceitos. A maneira como Connor se dirigiu a mim, o olhar incomodado que teve na minha presença me deixou extremamente constrangido e perturbado.

O seu empresário interviu e o repreendeu pela maneira como falou, provavelmente reparando a minha postura corporal notoriamente incomodada. Bastou que ele fizesse isso para que Connor compreendesse o que eu estava pensando e em como eu entendi aquilo que ele disse. Ao menos não precisou que ninguém dissesse nada mais para ele retrair e se consertar, me dizendo que não queria parecer preconceituoso. O incômodo vinha de outra questão e não da cor da minha pele.

Não sei se posso simplesmente desconsiderar o fato dele ser ou não preconceituoso. Talvez apenas tenha dado um passo para trás por ter sido repreendido. Apenas o tempo poderá me dizer com certeza se eu que interpretei errado a maneira como ele falou ou se ele também é mais um dos babacas preconceituosos com quem já esbarrei por aí.

Fato é que, independente da minha percepção inicial a respeito desse assunto ou da sua opinião sobre mim, a sua atitude e fala protetora diante do seu filho me tocaram. Perceber a maneira como deixou claro que abriria mão de algo importante para ele como o futebol americano pela segurança e proteção do filho me deixou sensibilizado.

A Solidão do Cafajeste (Spin-off da Série Amores Nova-Iorquinos)Onde histórias criam vida. Descubra agora