EPISÓDIO 13,3
Dupla de choque, parte 3
Zöe e Castiel rodavam a mesma área pela quinta vez em vinte minutos - não estavam perdidos, de jeito algum; apenas sem ideia alguma de onde estava a bendita letra que faltava para completar a corrida.
- P, A, R e I. - O falso ruivo bufou. - É 'Paris', estou te dizendo!
- Você não sabe. - Zöe balançou a cabeça. - Pode ser 'parir', 'pirar', 'partir'...
- Por que caralhos eles colocariam as letras na ordem que colocaram se a palavra final não estivesse nessa tal ordem? - Castiel argumentou.
Ambos estavam exaustos. O vento começava a esfriar de maneira rápida, fazendo Zöe, que ainda estava úmida, tremer da cabeça aos pés. Já Castiel estava dolorido e suado, o que o irritava profundamente.
- Eu não sei, Castiel... - A morena suspirou, se sentando no chão. Seu uniforme, ora branco, estava lamacento e surrado. Seu cabelo, agora cacheado, estava sujo, sua pele coçava e grudava.
Ela tombou a cabeça para trás, derrotada.
- Eu tô esgotada... - Desabafou. - Nem quero vencer a corrida mais, só quero voltar para casa.
Aquilo era a mais pura verdade, o que era uma grande surpresa, considerando o quão competitiva a atleta era. Isso só mostrava o quão drástica era a situação.
- Eu também estou cansado. - Castiel se sentou ao seu lado. - E depois daquele negócio da folha, parece que eu tô esfarelando.
Isso tirou um riso da morena.
- Fracote...
- Você que é forte demais. Nenhuma garota que eu conheço é assim.
Zöe deu de ombros.
- É, eu sou especial, mesmo.
Seu sorrisinho debochado sumiu tão rápido quanto apareceu; uma brisa particularmente gelada passou pela dupla, fazendo percorrer um arrepio por sua espinha. A essa altura do campeonato, sua jaqueta úmida estava mais atrapalhando do que ajudando. Ela a tirou e a amarrou em sua cintura, frustrada.
Se eu morrer logo de hipotermia, de todas as coisas, eu vou ficar muito puta.
Com um grunhido, ela voltou a se recostar no tronco da árvore.
- Vai ficar escuro demais para procurar a última letra, daqui a pouco...
- Relaxa, grandona. - Castiel coçou a cabeça, tirando alguns pedaços de grama dos fios vermelhos. - Uma pausa de cinco minutos não vai te matar.
Depois de algum tempo em silêncio, Zöe decidiu descansar os olhos. Isso abriu uma brecha para Castiel examiná-la de perto.
Seu cabelo negro cascateava pelos ombros fortes e morenos. Os cachos abertos eram tão bonitos que o garoto se perguntava porque ela não deixava o cabelo assim todos os dias. Era diferente. Não um diferente ruim, longe disso - só diferente.
Apesar de nenhum dos dois estarem nas melhores condições - um jeito mais chique de se dizer que estavam sujos de terra, grama e fedendo a suor adolescente (o pior tipo de suor) -, ela não deixava de ser bonita. De um jeito mais bruto e diferente do padrão, claro, mas isso não era algo que Castiel particularmente detestava. Fazia parte do jeito dela, e ele gostava de quem ela era, então por ele tudo bem.
Se fosse honesto, diria que isso a fazia mais real. Sem se esconder por trás de produtos caros ou horas de esforço a troco de meros olhares passageiros; sem fabricar uma imagem inalcançável. Aquela era a Zöe de todos os dias - uma mulher de verdade, da cabeça aos pés.
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Passing Time - Amor Doce (HSL)
TeenfikceApós uma troca de estudantes, cinco alunas chegam a Sweet Amoris. Será que o último ano dessas adolescentes marcará suas histórias? O que se fará dos novos amores, descobertas e falhas? De acordo com o passar do tempo, cheio de primeiras e últimas v...