9 - Provas do passado e do presente, parte 1

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EPISÓDIO 9

Provas do passado e do presente, parte 1

Lis acordou de bom humor. Depois de passar o dia anterior revisando para as provas com as amigas, ela se sentia mais inteligente e confiante do que nunca, se é que isso era possível.

Viv parecia ter captado a mensagem; a ave batia as asas verdes e amarelas e rebolava de maneira animada em sua gaiola dourada.

- Li! - Ela gritava. - Li!

- Ah, não, eu não sou a Li, Viv. - Sua dona riu. - Eu sou a Lis!

- Lizzie! - A bichinha corrigiu. - Acorde!

- Mas eu já tô acordada, bobinha...

A morena se levantou da cama desarrumada e inspirou com força - o odor das plantas penduradas nas paredes e biscoitos de chocolate vindo da cozinha a fez se lembrar de um certo alguém.

A memória de Ken a fez suspirar pesadamente.

Nesse mês que se passou, a garota tentou ligar e mandar mensagens - até algumas cartas -, sem resultado algum. Ele também não via as mensagens do grupo de amigas, então deduziu que haviam tomada seu celular na entrada da escola militar. Ela pensou diversas vezes em tentar visitar os Lerhay, mas cada vez que isso passava pela sua cabeça, sentia um enjôo na boca do estômago.

Por mais que isso a fizesse se revirar em seu colchão à noite, Lis decidiu que era melhor esperar Ken voltar - seja lá quando isso fosse acontecer.

Após se vestir com um par de mom jeans e uma blusa turquesa abobadada, a pequena atravessou o pequeno corredor em direção à sala. Do cômodo ela conseguia distinguir sons distantes de choro entre soluços quietos e cheios de desespero.

Mamãe está chorando de novo.

- Mãe? - Lis chamou numa voz baixa. Ela tinha medo de assustar a mulher.

A morena se virou rapidamente para a filha, se interrompendo e limpando os olhos nas mangas.

- Joaninha! - Isabel forçou um sorriso. - Bom dia.

O cabelo negro da mulher estava despenteado e seus olhos vermelhos. Seu lábio inferior tremia junto com seu queixo enquanto ela falava, evidenciando seu estado emocional.

- Bom dia, mamãe. - Lis devolveu o sorriso e se sentou ao lado da mulher no sofá. - Pode chorar aqui se quiser. - Ela deu dois tapinhas em seu ombro.

- Você não devia tomar meus problemas para si, bebê. - A maior fungou, se deitando no ombro da garota. - Sou eu quem deveria cuidar de você, não o contrário...

- Não é só seu problema... Ele é meu pai, também. - A adolescente suspirou, triste. - Eu sinto saudade.

Lis não sabia muito sobre o que estava acontecendo entre seus pais. Foi tudo tão de repente, a garota não havia nem percebido que havia algo errado. Seu pai lhe dava notícias de vez em quando - coisas pequenas como mensagens de bom dia, perguntas superficiais ou fotos de animais fofinhos - mas desde o dia em que Ken havia ido, ela não o via. Talvez ele a estivesse evitando?

Era impossível não se perguntar o quão cega ela devia ser para não ter visto que os dois não estavam bem. Será que foi por causa do estado mental de sua mãe? Eles pararam de se gostar, talvez? Ou alguma coisa pior, mais séria?

Estar no escuro quanto a aquilo tudo doía. Apesar de não ser tão próxima a ele quanto à mãe, Lis só queria ver seu pai de novo.

- Eu já estou cansada de ficar triste... - A mulher mais velha lamuriou.

Passing Time - Amor Doce (HSL)Onde histórias criam vida. Descubra agora