Capítulo 04

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Quando saí da casa de Robert, decidi ir para a beira da praia para ficar sozinha. Não queria ir para a casa da Maya e me encontrar com ela e Carina. Eu precisava sentir minha tristeza e a raiva de mim mesma sem a presença de outras pessoas.

Parte de mim estava se sentindo péssima diante da reação de Robert ao saber que me deitei com Beckett. Mas confesso que havia uma pequena parte da minha alma aliviada por não ter mais nada sobre mim que ele não soubesse. Não existe mais segredos da minha parte.

Mais tarde, quando retornei a casa de Maya, agradeci por não haver ninguém lá. Então, entrei para o meu quarto, escolhi um filme triste para assistir e assim pude chorar tranquilamente, deixando a culpa das minhas lágrimas caírem sobre o filme, enquanto eu tinha total certeza de que não era por isso que eu chorava.

Minha próxima consulta com Diane foi somente na semana seguinte e eu estava ansiosa e um pouco aflita para poder dizer a ela tudo o que aconteceu.

Diane: Pelo estado do seu rosto, imagino que você não está nada bem.

Andy: Agora eu perdi Robert para sempre.

Diane: Quem te disse isso?

Andy: Se você tivesse visto o quão furioso ele ficou quando lhe contei o que fiz, você não estaria me fazendo essa pergunta. Ele me colocou para fora de sua casa e bateu a porta.

Diane: Então vamos pensar o inverso. E se fosse com você? Se ele chegasse em sua casa e dissesse que dormiu com a sua chefe. Como você reagiria?

Andy: Acho que a minha reação seria a mesma que a dele. Eu já esperava que ele agisse assim, mas, por mais que eu estivesse imaginado essa situação, é horrível saber que ele agora me odeia.

Diane fez aquele irritante momento de silêncio que ela gosta de fazer. Aquele momento em que o único barulho dentro do consultório é o som dos meus pensamentos.

E lá estava eu novamente pensando que, por muito menos, eu também bati a porta do nosso quarto na cara dele, sem deixá-lo me dizer qualquer justificativa. Eu o deixei sentir a minha raiva ignorando-o por mais de 10 meses. Eu estou sentindo exatamente o que eu fiz ele sentir. Porém, a diferença é que ele tem motivo para me tratar dessa forma, enquanto eu, não tive motivo algum para ter expulsado ele da minha vida.

Andy: Esse sentimento que estou sentindo agora é ruim. E só piora quando eu penso que eu fiz o mesmo com ele quando saí de casa.

Diane: Tem algumas situações que somente o tempo pode amenizar. Essa é uma delas. Robert tem o direito de sentir essa mágoa. Dê o tempo que ele precisa e enquanto isso, vamos continuar as nossas sessões. Quem sabe, mais para frente, ele estará com a cabeça mais fria e vocês podem tentar uma nova conversa.

Andy: Você está certa. Eu preciso respeitar esse momento dele. Por mais que eu também esteja sofrendo, imagino que ele esteja ainda mais ferido do que eu.

Diane: Bom, mudando de assunto, para a nossa sessão de hoje, quero falar sobre a Estação 23. Você anotou no seu papel que você trabalha na pior estação de Seattle. Por qual motivo você me diz isso?

Andy: Porque é a verdade. Com exceção de Theo, a equipe é composta por alguns caras babacas que fazem piadas sexistas o tempo todo. Eles não têm hábitos de higiene e a comida de lá é horrível. O meu trabalho virou somente um trabalho agora.

Diane: Uau. Deve ser realmente ruim trabalhar em um ambiente assim. E o que você tem feito para mudar essa realidade?

Andy: Absolutamente nada. Eu não tenho esse poder.

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