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Ellie Jane Lordd

O que H sente por mim? Eu não entendo, porque é tão carinhoso tanto em gesto como palavras, mas nunca diz algo que fique claro em minha mente. Ah, Jesus, por que tenho de ser tão complicada!

Mesmo assim estava nas nuvens, quando me deitei, logo após de uma extensa oração, dormi e sonhei com Hugo.

Estávamos em uma floresta escura, ao pôr do sol. Hugo caminhava ligeiramente seguindo uma ave branca, eu o segui. Em alguns instantes estávamos na beira de um lago, e na orla dele, tinha uma árvore gigante com suas raízes dentro d'água. A água era azulzinha e limpa, movimenta-se delicadamente conforme a brisa a tocava. Que águas profundas. Hugo chegou bem pertinho do tronco da árvore e a árvore o engoliu fazendo-o se transformar em um galho. Tomei um grandes susto, mas senti uma paz enorme invadindo meu coração.

Uma voz forte e suave ao mesmo tempo soprou. O som estava em todas as moléculas daquele espaço. Estava nas folhas, nos galhos secos, no ar, na água.

"Por que será como a árvore plantada junto ás aguas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto." Jeremias 17:8.

Hugo estava enxertado na videira verdadeira: Jesus.

Toquei a água com a ponta do pé, e só agora percebi que estava descalça. Minha garganta queimava de sede, eu precisava daquela água, meu corpo ansiava.

Quando aproximei da água que peguei em forma de concha nas mãos, a voz continuou:

"Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna." João 4:14.

Bebi da água.

Era como se meus olhos estivessem abertos só agora, em toda a minha vida. Palavras começaram a se materializar no ar. Mas não eram qualquer palavra. Era a palavra de Deus. Versículos bíblicos, muitos deles estavam ao meu redor.

"Abra a boca!", diz a voz. Então assim o fiz.

Aquelas palavras desciam na minha garganta com um gostinho de mel e as senti envolvendo meu coração.

"Guarde elas em seu coração, filhinha."

Acordo com o despertador gritando em meus ouvidos. Sento na cama abraçada ao travesseiro,

" Guarde elas em seu coração, filhinha".

Ah, como eu amo Jesus! Como eu quero estar perto dEle com nunca antes.

― Obrigada Senhor! Obrigada, obrigada, obrigada e obrigada! ― me jogo para trás.

Corro até a cama de Rapha e puxo seu cobertor, fazendo-o brigar comigo.

― Levante! Vamos Rapha! ― pulo em cima dele o abraçando-o, sentindo-me viva e vivificada.

― O que deu em você? ― Rapha coça os olhos inchados. ― Ganhou um beijo do Hugo, foi?

― Nem o beijo do homem mais lindo dessa terra, me faria feliz como Jesus me faz.

Rapha me olha de soslaio e sorri.

― Eu já estava apavorado!

― Como sempre você está, Raphael Cedric Lordd!

― Onde foi ontem a noite com Hugo? ― meu olhos se apertam, como ele soube?

Sentamos na beirada da cama macia.

― Fui conversar com H. ― encolho os ombros, não quero que Rapha saiba dobre os nossos pais e sobre tudo o que tenho descoberto.

― Eu vi ele te abraçando, pensei que estavam juntos.

Eu ri com som, lembrando de ontem a noite.

― Não, ele vai casar em breve. Só estava se desculpando.

― Ellie, posso ser sincero? ― me viro para encarar meu irmãozinho que estava prestes á fazer dezessete anos. Como ele estava crescido e lindo.

― Como sempre você é, Rapha? ― ri da sua expressão.

Ele coça a cabeça.

― Se Hugo realmente quer casar com essa moça, acho que deveriam parar de se ver. ― Rapha não me encara. ― Você e ele.

Paro e fito o chão. Fazia sentido.

― Não quero te decepcionar, mas você está se iludindo, amando alguém que vai se casar com outra pessoa e não esta se importando com os seus sentimentos. Ellie, você precisa ler mais a palavra de Deus, está andando por caminhos ás cegas. Deixe Jesus te guiar, levar para a esquerda ou para a direita. Mas não vá sem ouvir Ele.

Sorrio para Rapha. Como se tornou um grande homem de Deus, amadureceu em poucos tempos.

Seco meus olhos úmidos por suas palavras. A campainha toca.

Rapha me abraçou e levantou escovar os dentes.

Ele tem razão. Só confirmou o que o sonho me mostrou.

Abro a porta e dou de cara com um Dylan King sorridente e um punhado de girassóis.

― Bom dia, girassol! ― cumprimenta com uma abraço apertado, me erguendo do chão. Ele empurra o buquê nas mãos de Rapha que chega com o rosto sujo de pasta de dente.

― Bom dia, Dylan. ― digo atônita. ― O que faz aqui?

― Estou aqui para te levar tomar café, estou de folga do Jonna's pela manhã. ― Rapha ainda está parado, tentando entender por que Dylan estava ali. ― Aliás, irmão da Girassol, não são para você. ― ele aponta para as flores que Rapha estava segurando.

― Vamos tomar café, então! ― digo animada.

― Precisei vir ver como você estava, já que cancelou nosso compromisso ontem.

― Eu sei Dylan, me desculpe. Eu precisava resolver algumas coisas. Ainda preciso, na verdade. Mas, vamos? ― o convido, vestindo um casaco levinho.

Meu cabelo estava em um coque, há dias eu não fazia uma hidratação nele.

Chegamos no Jonna's e havia um burburinho instalado por haver muitas pessoas reunidas comendo. Duas delas eram Ingrid e Hugo.

Dylan puxa a cadeira para mim, gentilmente.

― O que vai querer Mileidy? ― Dylan folheia o cardápio como se não soubesse cada item dele. Ele faz um biquinho engraçado e esconde o rosto atrás daquele cartão fazendo graça.

Olho de soslaio para H que morde impaciente um pão de queijo. O clima entre eles não estava dos melhores. Ingrid o xingava baixinho, impaciente.

― Girassol, ei. ― sibila Dylan, me fazendo voltar das minhas distrações.

― Desculpe. ― olhopara o cardápio e peço um suco apenas. 

Meu Céu Mais AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora