― Sim Rapha. É ele mesmo.
― Você está feliz, não é mesmo? ― jogo uma almofada nele. ― Será possível ser ele seu admirador secreto?
Meu sorriso se desfez.
― Não diga besteiras, Rapha. Hugo irá casar-se em dois meses!
Meu irmão estava feliz, seu bom humor me deixou surpresa durante as ultimas semanas. Louise está fazendo um bom trabalho.
― Eu gosto dele, não parece mais o antigo Hugo, porém não está tão ruim assim.
― Você acha? ― o questiono amassando meus cachos.
― Sim. E sabe mais o que eu acho?
Fitei-o com curiosidade negando com a cabeça.
― Que Deus tem um plano na vida de vocês dois.
― Que plano Rapha? O cara vai se casar em dois meses, você me escutou?
― Você disse certo: Vai se casar. O que quer dizer que ele ainda não casou!
Não posso negar que uma pontinha de esperança pintou, mas tinha mais obstáculos do que eu poderia imaginar.
Cheguei trinta minutos antes no meu trabalho, queria repor as agulhas de todas as espessuras e as seringas antes do atendimento começar.
― Bom dia, Ellie. ― Pyetro cumprimenta com um sorriso largo.
― Bom dia, o que aconteceu com você hoje?
Deixo todas as requisições em sequencia por hora marcada.
― Mary? ― a chamo. ― Hoje vou te ensinar a coletar tempo de coagulação.
O rosto de Mary se assombrou, ela havia se formado á pouco tempo e suas experiências de estagiária durante a faculdade não lhe rendeu boas histórias.
― Antes de entrar na coleta, ― continuo. ― seja firme, não passe tensão nem medo ao paciente, você tem que mostrar confiança no seu trabalho e que você consegue fazer com sabedoria. ― seus olhos se tranquilizaram á medida que eu explicava todo o procedimento. ― Assim que acessar a veia tire o garrote, caso contrário as plaquetas serão acionadas e dará hemólise...
― E perderemos o material. ― termina ela, com um sorriso fraco.
― Exatamente! Você consegue.
H sempre me dizia que eu me daria bem com agulhas e cuidando das pessoas ― não as defendendo como eu planejava ao cursar direito ―, mas tratando-as com amor.
― A tua graça me basta, Senhor! ― sussurro, logo após chegar em casa e tomar um relaxante banho, que dissipou o cansaço físico do dia corrido.
― Tudo bem?
― Tudo sim Rapha. Estava apenas pensando em Jesus.
Rapha pigarreia e senta ao meu lado enquanto passo creme de pentear em meus cabelos úmidos.
― Eu sei que você não gosta de falar neles, mas estava pensando no papai e na mamãe. ― ele comprime os lábios nervosos e se joga para trás, deitando no colchão macio. ― Sinto falta de ter alguém para chamar de pai.
Foi Vovó quem nos criou e tudo o que eu sabia sobre meus pais era que trabalhavam muito e morreram de acidente de carro, lembro-me vagamente deles.
Vovó me contou que eles não se importavam muito conosco e que ela nos tomou deles por não terem tempo para os filhos.
Eu já senti o que Rapha está sentindo, mas infelizmente depois que vovô morreu, não tivemos nenhuma figura paterna em nossa casa. As minhas cartinhas de dia dos pais eram para o Sr. Stefan, pai de Hugo.
― Eu entendo você Rapha, mas Deus é o nosso Pai. Você tem a Ele...
Deito-me encostando minha cabeça na sua.
― Eu sei, mas é diferente Ellie. Você sempre teve o Hugo para contar seus segredos e pedir conselhos. E eu? Como eu iria pedir a Vovó conselhos amorosos?
― Ah Raphael! Você tem a mim, esqueceu?
Ele sorri com som.
― É mais fácil eu te aconselhar do que você a mim!
Solto uma gargalhada frouxa.
― Isso é verdade. ― acaricio sua mão. ― Nossos pais se foram tão cedo, não me lembro do rosto deles. ― tento não passar minha tristeza a ele. ― Mas que tipo de conselhos você está querendo?
Rapha regala os olhos e se se senta novamente.
― Tem... Um rapaz que está dando em cima da Louise. ― ele suspira profundamente. ― Parece que ela gosta, sabe. Eu não entendo, não consigo fazer nada e nem conversar com ela a respeito. Eu paraliso.
― Entendi. Lembra quando aquela garota do norte queria a amizade de Hugo no colegial?
― A Katerine?
― Essa mesma! ― Rapha estava curioso para saber mais da história. ― Ela queria ser a melhor amiga de H e estava fazendo de tudo para conseguir sua atenção.
― Você estava louca com Katerine, lembro-me dos seus choros e da Vovó tentando te consolar!
― Shhhi, deixa-me terminar! ― sorrio. ― Orei muito e fui conversar com H. Disse a ele que estava tudo bem se eles quisesse ser melhores amigos e que poderiam se conhecer melhor.
― Então foi por isso que vocês ficaram um mês sem se falar?
― Uhum. Deixei-o conhecer ela e ver que a melhor amiga dele sempre foi eu, por mais que ele tivesse outras amigas.
― Entendi, você se afastou dele para H sentir sua falta. ― Rapha pensou um pouco. ― Você acha que tenho que me afastar dela?
̶ Não deve se afastar dela Rapha, mas não a impeça de fazer amizade. Todos conhecem novas pessoas, mas ninguém é substituível. Ore a Deus antes, eu vejo o amor que ela sente por você. E creio que ela nem sabe que o cara está dando em cima dela, para Louise ele está sendo gentil como é com todas as pessoas. Confiança Rapha!
― Eu sei, mas ele é boa pinta, tem carro e toca guitarra na igreja.
Sorri com sua ingenuidade.
― Louise não olha para essas coisas, se ela está com você é porque ela te ama!
― Tudo bem, vou conversar com ela! Posso?
― Com toda a certeza, só não volte tarde!
Rapha saiu saltitando até a porta de saída, o escuto encaixar a chave na maçaneta girando-a e o som de seus passos estacionarem na entrada.
― Oi... Sim, entre! ― os olhos de Rapha parecem esbugalhados, meu irmão sempre foi apavorado demais. ― Ellie, tem visita para você.
Sento-me na cama.
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Meu Céu Mais Azul
Novela JuvenilLIVRO REVISADO. Seasons City, Califórnia. Em um fatídico acidente de carro, os pais da jovem Ellie Lord acabam deixando ela e seu irmão caçula Rapha aos cuidados da avó. Desde então, conforme cresce, a garota descobre que o seu porto seguro está em...