Meu Céu Mais Azul

Capítulo 19

― Tenho certeza que Deus não nos deixará, nunca nos deixou Rapha. ― meu suspiro sai pesado. ― Vovó cuidou de nós e agora temos que retribuir, ela é a única família que temos.

― É verdade, Ellie, me desculpa. ― ele pestaneja. ― Tive uma ideia: Vou chamar Louise para ficarmos com a Vovó e você vai ao culto hoje a noite!

Meu rosto iluminou-se.

Convido ou não, Jesus?

― Alô?

― Ah, oi!

― Ellie? Está tudo bem?

― Sim, tudo ótimo H. Gostaria de te fazer um convite...

― Ellie, hoje eu não estou a fim de nada. Gostaria de ficar sozinho. ― sua voz saiu triste.

Pigarreei.

― Ah, me desculpe. Não quis incomodá-lo. ― me senti invasiva.

― Ingrid terminou comigo.

― Sério?! Quer dizer... Sinto muito. Eu gostaria que você fosse comigo ao culto, por isso liguei. Quem sabe ajudaria a esquecer um pouco os problemas.

"Ingrid terminou comigo". Que frase linda. Meu coração se aqueceu novamente, como quando éramos adolescentes e só tínhamos um ao outro.

Hugo mantém um silencio longo então fala:

― Você tem razão. Continua sendo ás vinte horas?

― "Ingrid terminou comigo." Ah Jesus! ― repito comigo mesma.

Durante o tempo em que me maquiei, cantarolei hinos e agradeci ao Senhor. Mas algo falava profundamente ao meu coração que eu agradecia apenas quando algo de bom acontecia, algo de bom para mim.

― Hoje eu quero algo sobrenatural, Senhor. Nada de voltar para casa da forma que estou saindo...

― Ellie, com quem você está falando? ― Rapha brota atrás de mim de mãos dadas com Louise.

A garota realmente é muito linda.

― Com meu melhor amigo! ― termino de aplicar um batom.

― Humm, nós vamos ver a vovó!

― Rapha. ― puxei a pele de baixo do meu olho. ― Vigia Irmão. Estão sozinhos em casa, literalmente.

― Eu sei, Ellie! ― diz envergonhado. ― Por que está tão feliz assim?

― Ingrid terminou comigo! ― os olhos de Rapha se estreitam. ― Quero dizer, com Hugo.

Raphael pareceu intrigado, mas logo voltou ao normal quando Louise o chamou.

Hugo chega quase uma hora antes do culto começar, seus olhos estavam aparentemente vermelhos e havia bolsas arroxeadas debaixo deles. Ele estava horrível e meu coração apertou-se, pois tive certeza de que ele realmente amava Ingrid.

― Boa noite. ― balbucia.

― A paz do Senhor, meu amigo.

O caminho até a igreja foi de um extremo silêncio constrangedor, eu não sabia o que falar para consolá-lo, tampouco lhe dei um abraço. Tentei esconder minha felicidade constante de seus olhares.

― Vai dar tudo certo, H. ― soltei o ar dos meus pulmões que estava prendendo pelo clima tenso, ainda dentro do carro em frente á igreja. ― Talvez ela não te mereça. Você é um cara especial, tenha certeza disso!

― Você acha mesmo? ― seus olhos pareciam estar mergulhados em um mar tempestuoso.

― Vamos! Jesus já está ansioso para que entramos!

Já na portaria encontramos os obreiros mais bem vestidos e simpáticos que uma igreja poderia ter, o casal nos cumprimenta e sentamo-nos nos bancos da terceira fileira. Havia poucos membros, pois era muito cedo.

Ajoelho-me virada para o encosto do banco.

― Obrigada meu amado, que bom estar na tua casa. Às vezes não consigo vir, mas Tu sabes que o meu coração deseja mais que tudo estar aqui. Hoje, estou decidida a mudar nosso relacionamento! Por completo, por inteiro. Quero algo mais profundo do que eu já tive na minha vida, algo sobrenatural. Eu sei que para isso preciso me entregar, só não compreendo como fazê-lo, mas olha com quem estou conversando?! Com o Inventor da sabedoria, Aquele que se eu pedir irá me dar, se eu bater irá abrir e seu clamar irá me ouvir! Quero encontrar o teu lugar secreto. Eu te amo tanto Jesus que não cabe no meu peito, e eu quero que todos aqui sintam esse amor essa noite, principalmente H. Fale comigo, Pai. Em nome de Jesus.

Sento-me no banco e não vejo mais Hugo, talvez tenha ido ao banheiro. O procuro com o olhar pela casta igreja.

― Paz, minha filha! ― cumprimenta-me o pastor. ― Terá oportunidade hoje, já se prepare!

Eu fico muito nervosa ao subir no altar porque observo que todas as pessoas fixam os olhos a mim, me pressionando.

― Princesa?!

― Charles? Que bom te ver aqui, como você está? ― recebo um abraço caloroso que me levanta do chão.

― Estava com saudades, agora que te vejo estou muito melhor!

Sorrio.

― Essa cantada ainda funciona?

― Em todas as vezes que a uso!

Corro os olhos para encontrar H e sinto um frio no estômago ao vê-lo vindo em minha direção com as mãos nos bolsos, cheio de charme mesmo parecendo tão cansado.

― Ele está aqui de novo? ― Charles sussurra. ― Não gosto dele, princesa.

Acho que já ouvi esta conversa.

― Vigia irmão, está faltando alguns frutos no Espirito Santo dentro desse coraçãozinho, e o principal é o amor.

Charles ficou aborrecido e sentou-se em silêncio.

― Eu não consigo gostar dele, Ellie. ― sibila Hugo, sentando-se a minha esquerda.

― Esses homens!

Hugo segurou minha mão.

― Obrigada por me ajudar, serei eternamente grato. ― seus olhos castanhos sustentaram um olhar encantador aos meus por longos segundos, deixando-me ruborizada.

― É... Imagina. ― balbucio. H mantém a mão quentinha sobre a minha suada e gelada.

― Tudo certo para nosso encontro amanhã, princesa? ― por um momento eu havia esquecido que Charles estava ao meu lado.

― Oh, sim... ― H me lança um olhar curioso e solta minha mão.

― Ellie e eu temos um jantar beneficente. ― se gaba, retirando uma bíblia preta de dentro de uma pasta que trouxera.

― Na verdade só irei acompanhá-lo, não é Charles? Como havíamos combinado.

― Irei apresentar você a todos os empresários e investidores de classe alta que conheço, não é qualquer um que pode lhe oferecer tal façanha.

Engulo em seco.