Dor & Sofrimento

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Fernando estava atrás da porta ouvindo o choro copioso dela, aquilo dilacerou seu coração, mas o pior de tudo foi saber que ela tinha algo com Mateus. Até que ponto chegou tudo aquilo, ela mentiu. Os dois deviam estar juntos para pegar seu dinheiro como Mateus sempre quis. Aquilo doeu, doeu lá no fundo. Foi como espremer seu coração igual se faz com uvas em um vinhedo.

Fernando desceu e foi para seu escritório. Não queria ver ela, muito menos ouvir suas desculpas esfarrapadas, o que ela ia dizer: "Que não sabia que eles eram parentes? Ah, me poupe." Ele, pôs em sua cabeça "tudo aquilo era um negócio", e dali por diante iria tratar como um negócio. Nada de romance, nada de tentar querer algo mais, nada.

Ele sentou-se em sua poltrona de couro escuro e escorou a cabeça no encosto, onde passou as mãos no rosto e bufou. Ele girou a cadeira e ficou observando a vista do imenso campo florido do seu jardim. A imagem do lindo desenho dela veio à sua mente, ela tinha um belo talento e também um ótimo tino para enganar.

Fernando: Porque, Maiara? Porque tinha que ser assim? A gente poderia dá certo e sermos amigos. – Suspirou.

Ele levantou-se e seguiu rumo ao "minibar", pegou uma garrafa de uísque lacrada, e um copo onde se serviu de uma dose generosa, o líquido desceu queimando a garganta, ele sacudiu a cabeça de um lado ao outro e serviu mais uma dose.

Fernando sentou-se em sua cadeira com o baque do peso total de seu corpo. A cadeira moveu-se de um lado ao outro e ele pôs a garrafa sobre sua mesa. Sua tarde foi assim, ele tomou toda a garrafa de uísque tentando banir a dor profunda que a mentira deixou em seu peito.

Mentiras. Sua vida sempre fora cercada de mentiras e gente gananciosa que sempre queria ganhar algo dele sem ter feito algo para conseguir.

Após chorar litros e litros Maiara saiu do chão e limpou os olhos. Ele ia ter que a ouvir de uma forma ou de outra, ele querendo ou não ia ter quer saber a verdade só assim iria ficar mais tranquila.

Ela foi até o banheiro, lavou o rosto e ficou chocada com os olhos vermelhos e o nariz igual. Como que uma pessoa poderia ter tantas lágrimas? Ela respirou profundo contou até dez e saiu do quarto. Perdeu-se pelo caminho, mas conseguiu chegar à sala de estar. Havia uma imensa porta dupla toda trabalhada no fim de um corredor, ela cerrou os punhos e fechou os olhos.

Maiara: Vamos lá Maiara. Você consegue. – Moveu seu corpo rumo ao lugar.

Ela cogitou bater a porta, mas não, ele iria a mandar embora e isso ia drenar sua repentina coragem.

Com toda a coragem que ela nem sabia que tinha, Maiara empurrou a porta e entrou. A cena foi bem feia, ele estava largado no sofá com uma garrafa de bebida vazia em mãos e a outra na testa e uma música saindo dos alto falantes do teto. Aquilo não condizia com o homem que ela conhecia há poucos dias.

Ele a olhou e bufou, mas nada disse. Apenas continuou fitando um ponto qualquer no teto.

Maiara: Precisamos conversar. – Esfregou as mãos umas nas outras.

Fernando: Eu não tenho nada para falar com você, saia daqui. – Apontou a saída.

Maiara: Não, eu não vou. Você vai ter que me ouvir querendo ou não. – Alterou sua voz o que fez Fernando a olhar feio.

Maiara recuou alguns passos quando ele sentou-se e a encarou.

Fernando: Saia daqui agora, não me obrigue a tirar você à força.

Ela plantou os pés no piso e não saiu do lugar. Fernando se irritou e saiu do sofá estava meio tonto pelo excesso de álcool no sangue. Mas com toda sua força a segurou pelo rosto com a mão firme onde pressionou sua mandíbula fortemente entre os dedos.

Fernando: Sa-i-a Da-qui. – Rosnou entre os dentes.

Maiara: Não. – Respondeu entre os olhos embaçados e a dor profunda que sentia por seu aperto.

Fernando a soltou imediatamente quando viu as grossas lagrimas escorrendo por seu rosto.

Fernando: Olha, eu não quero ouvir você. Não quero escutar suas mentiras. – Caminhou para o "Minibar" enquanto pegava uma garrafa de conhaque.

Maiara: Eu vou falar tudo que preciso e depois saio daqui. Só não quero que diga para mim que eu menti, pois eu não menti. Não sou uma mentirosa.

Fernando revirou os olhos e abriu a garrafa já bebendo no gargalo. Ele se sentou em sua cadeira e fuçou em uma das gavetas onde achou sua caixa de charutos cubanos. Acendeu um deles e deu uma bela tragada dispersando a espessa fumaça pelo ambiente.

Maiara estava chocada com aquela reação dele. Estava completamente diferente do homem centrado que exalava confiança e poder.

Fernando: Então porque não me disse que vocês dois tiveram um caso? Que foram amantes quentes? Porque me fez de trouxa? – Gritou jogando a garrafa contra a parede.

Maiara se encolheu protegendo o corpo, assustada com todo o descontrole emocional dele.

Fernando: Eu não estou disposto a ouvir suas baboseiras, de que tudo não foi assim, que tudo que Mateus me disse foi mentira, Pereira. Eu não posso confiar mais em você. Eu não devia ter baixado a guarda, fui estúpido em achar que você poderia ser diferente. Achar que podíamos ter uma convivência tranquila e um pudesse confiar no outro. – Esbravejou com os olhos saltando faísca. – Eu não vou ouvir você então saia da minha sala e me deixe aqui sozinho em paz. – Apontou a saída.

Maiara viu que naquele momento não tinha como conversar com ele. Fernando estava muito alterado e fora de si, seria perda de tempo.

Ela ergueu as mãos e saiu da sala, apenas ouviu o barulho de coisas quebrando.  

hoje to boazinha.

Amor ImprovávelOnde histórias criam vida. Descubra agora