Eu realmente não entendi

7.1K 765 669
                                    

 Chifuyu ainda dormia com a cabeça no meu colo, eu deveria levantar com tudo e derrubar ele no chão. Deveria, mas ele é muito fofo dormindo, um rosto de bebê com a boca de um adulto alcoólatra.

Mal tive tempo de passar pelo menos água no cabelo, minha blusa ainda desabotoada e meu cinto apertado demais, quase tive um treco.

Acho que ainda estou tendo um.

Ouço o barulho de encerramento do intervalo.

Chifuyu se remexe.

– Não dá nem tempo de dormir nessa porra.

– Por que você não dorme em casa?

– Porque eu sou um adolescente normal.

– Não entendi.

– Pois vai ficar sem entender. – Ele levanta a cabeça do meu colo e boceja. – Que aula é agora, nerd?

Faço uma careta.

– Laboratório.

– Teve alguma tarefa pra casa?

– Não, você deveria prestar mais atenção.– Bagunço seu cabelo, ele dá um tapa na minha mão.

– Vamos logo. – Ele mal consegue abrir os olhos.

Solto uma risada.

– Você parece uma criança.

– A gente ta encima do 3° andar, te jogar lá embaixo não vai ser um problema.

Ele fala enquanto descemos as escadas.

Reviro os olhos.

– Você me ama que eu sei, Fuyu.

E ele me empurra.

O que esse diabinho malicioso com aparência de anjo inocente não notou, foi que eu estava com um só pé no degrau e o outro ainda levantado, ou seja, não só meu cabelo estaria bagunçado, como também meu rosto e provavelmente meus dentes também estariam. Agora entendo porquê dizem que a vida passa diante de seus olhos quando se está na beira da morte.

Senti ela respirando no meu pescoço.

Tudo pareceu em câmera lenta, lenta até demais.

Antes que beijasse o chão, outra coisa apareceu na minha visão.

Peitos?

Sim, eram peitos.

De homem.

Me choquei com tudo no homem no final da escada, parece que ele sequer saiu do lugar.

Braços e mãos fortes pegaram minha cintura com força.

Força demais, minha blusa solta sobe com a posição, ele toca diretamente na minha pele.

Meu rosto tá colado com o peitoral dele, junto de minhas mãos.

Acho que posso ser um concorrente em substituir o sol.

Sinto a respiração dele no meu cabelo.

Meu Deus, em que situações ainda tenho que me meter hoje?

Ouço o grito esganiçado de Chifuyu tarde demais.

Olho para cima e vejo o rosto de uma pessoa que não parecia ser um colegial.

Ele tinha um sorriso de canto.

Ele apertou as mãos na lateral do meu corpo.

Eu gemi.

.

O que eu faço?Onde histórias criam vida. Descubra agora