Chifuyu, cadê seu estilete?

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Se tem uma coisa que eu sei é que brincadeira tem hora.

E nesse exato momento essa não é a hora.

Vou reformular essa situação.

Eu tive uma queda de pressão, sou carregado nos braços por um membro de gangue e logo atrás outro nos seguia e fiquei com tanto medo ao ponto de hiperventilar e agora estou sozinho com eles em uma enfermaria vazia e fria.

Não tenho coragem de me mexer e fico olhando o teto branco.

– Você foi rápido demais, Mikey. – Draken o repreende.

– Eu... eu não entendi. – Tô cansado pra caralho.

– É melhor explicarmos depois, você prescisa descansar agora, não é? Mikey.

O loiro baixinho faz um bico com os lábios. Ele iria dizer algo quando uma mulher vestida de branco, provavelmente a enfermeira, abre a porta.

Seu rosto é inexpressivo.

– O que estão fazendo aqui? – Seu olhar cai sobre mim. – Se só você foi o aluno que passou mal então aconselho que os outros dois saiam, com certeza ainda estão em aula. – Ela se aproxima de meu corpo e toca minha testa e pescoço. – O que você está sentindo agora? – quando respondia só pude observar Draken e Mikey saindo da sala e sumindo para os lados. O loiro mais baixo acena com a mão.

Respiro bem fundo e a enfermeira mede minha pressão.

Isso foi só o começo da manhã, o que mais tem pelo dia?

[...]

Por insistência minha continuei na escola, queriam me despachar para ter o resto do dia de descanso, essa não foi a primeira vez que passei mal por não comer, dessa vez só foi pior pelo susto que levei, me sinto melhor agora e não quero perder matéria. Quando entro na aula de geografia todos os alunos me olham como se eu estivesse sem roupas, odeio esses olhares, eles parecem crianças sem educação, a professora sabendo da situação me deixa entrar gentilmente, gosto muito dela.

Chifuyu me olha vermelho e inquieto.

Evito as outras duas presenças, mesmo morrendo de medo, sinto que devo lhes agradecer, mesmo eles sendo o motivo do meu surto no final das contas.

Sento ao lado do Matsuno. Ele segura minha mão com força.

– Cara, o que foi que aconteceu? – Ele pergunta meio agoniado.

– No intervalo falamos sobre isso, tá tudo bem agora, é serio. – Aperto sua mão devolta.

– É bom que esteja, achei que não sairia nunca daquela enfermaria com eles vivo. – Ele se aproxima mais de mim. – Na saída vamos embora correndo.

Olho para trás. Mikey dormia na carteira e Draken cruza seu olhar com o meu, viro o rosto.

– Tem razão. – O Matsuno fica mais perto, nossas cadeiras estão coladas.

Tenho que constantemente respirar fundo. 

Não está sendo uma manhã agradável. 

– Chifuyu...

– Oi?

– Cadê seu estilete?

Ele sorri.

– Tá aqui no meu bolso.

Abro meu livro.

– Guarda ele bem.

O toque da refeição, rapidamente Chifuyu e eu corremos para o terraço e ficamos o mais afastados de todos, corri sem olhar para trás.

O que eu faço?Onde histórias criam vida. Descubra agora