Hein?

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Tô segurando meu cu na minha mão.

De um lado tem meu melhor que foi comido vivo e atrás de mim tem as pessoas que querem me deixar igual meu amigo.

Tipo assim...

Eu não sei.

Eu tô...

Eu não sei.

Eu ainda sinto minha boca formigando.

Dois outros tipos de saliva grudados na minha língua.

Duas pessoas querendo me "comer".

O que caralhos se faz numa situação dessas?

O que eu faço?

Não consigo prestar atenção em nada do que a professora fala. Ou não quero prestar porquê ela tá falando sobre reprodução humana.

E a garota?

Chifuyu me disse que desde que eu cheguei atrasado e todo descabelado com botões faltando eu comecei a chamar a atenção de alguma delas.

A atenção que eu chamei foi medo?

Por que eu parecia um espantalho.

 Foi nessa porra desse dia também que Mikey e Draken não piscavam os olhos.

Mikey e Draken.

Faz pouco tempo, pouco tempo mesmo, mas já não consigo evitar ficar um pouco ansioso quando penso neles. Ninguém nunca me tratou ou tocou como eles fizeram, isso quase me faz esquecer que eles me fizeram ter um ataque.

De onde eles me conhecem e como porra eu estava desmaiado.

No máximo foi quando eu tinha uns catorze anos com meus antigos amigos, que me arrastaram pra uma briga de gangue e tentei defender um deles, foi o mais perto que cheguei desse mundo.

Desmaiado.

Que cena.

O que eu tô fazendo da minha vida?

Onde eu tava com a cabeça de enfretar um cara com o triplo do meu tamanho com um bastão de baseball mais ameaçador que tudo no mundo?

Provavelmente eu não deveria estar reagindo assim.

Eles não querem me comer.

Só...

Hmm.

Me ensinar à... beijar.

Oh, merda.

Chifuyu sequer olha pra mim.

Concentrado em não chamar atenção.

Em não chamar minha atenção.

Raspo minhas unhas na cadeira.

O que eu faço?

O arrepio, o maldito arrepio, ele voltou.

Desce por toda a medula óssea e desliza pros dedos.

O sinal reverbera pela minha cabeça, como se estivesse dentro dela.

Guardo meu material de forma automática, nem rápido e nem devagar.

– Tá tudo bem contigo? – Chifuyu pergunta.

– Tá tudo ótimo. – Respondo tentando  sorrir, mas ele faz uma careta.

– Vou fingir que acredito em você, tô cansado demais pra discutir.

– Sua garganta tá cansada?

Ele me olha meio atravessado.

– Olha, eu acho que tá na hora de você ficar na sua.

O que eu faço?Onde histórias criam vida. Descubra agora