Não, não é pra relaxar

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Eu posso facilmente declarar a metade desse dia como a pior metade de dia que já tive em toda minha curta vida.

Primeiro eu acordo atrasado; coisa que nunca fiz, dois deliquentes que posso contar nos dedos da mão quantos dias eles foram para a escola ficam me encarando de forma psicopata, meu melhor amigo quase comete homicídio culposo ao me derrubar de uma escadaria, fato esse que dramatizo um pouco já que só faltava uns seis degraus para o fim dela, mas tanto faz; meu amigo tentou me matar. Fui salvo por um dos deliquentes que não sabe o que é descrição, o que quase me faz ter um treco, porque quase me afoguei em um peitoral – e que peitoral! – e agora, pra completar o combo do inferno, os dois trombadinhas estão seguindo Chifuyu e eu.

Caralho! O que foi que eu fiz? Mas que inferno!

– Será que querem te sequestrar? é melhor eu mudar de caminho. – O loiro oxigenado pende o corpo para outra direção mas agarro seu braço com força.

– Nada disso, você vai ficar bem aqui do meu ladinho, bem pertinho de mim. – Sussurro em uma espécie de grito.

– Se eles não fossem os líderes de uma fodendo enorme gangue, eu meteria a porrada neles.

Reviro os olhos.

– Ata, obrigado por me tranquilizar.

– Por que não simplesmente pergunta pra eles o que querem com você?

– Chifuyu, eu não sei nada sobre deliquentes, mas provavelmente chegar neles e perguntar o que querem com você não é uma abordagem muito amigável.

Ele revira os olhos.

– Você que é medroso demais.

– Quer ir perguntar no meu lugar então?

– Tá. – Ele vira para trás e desesperado agarro seu braço de volta.

– Tá perdendo o juízo? – Meio que falei alto demais.

– Quem tá perdendo o juízo é você, vai falar com eles. – Matsuno nos impede de andar.

 Olho para trás e lá estão os dois loiros caminhando calmamente.

Sinto meu rosto ficar azul.

Agarro o braço de Chifuyu e saio correndo arrastando ele.

Só consigo ouvir sua risada.

Eu tenho um ótimo amigo.

Nessa carreira acabei passando da minha casa, meio que inconscientemente eu corri para onde o Matsuno morava.

Só agora percebo que ainda estou segurando o pulso dele, solto e logo depois percebo o quanto havia apertado, o pulso antes branquelo agora estava vermelho.

– Desculpa. – Falo ofegante pela caminhada desagradável.

Ele revira os olhos.

– Eu te joguei de uma escada, eu que deveria pedir desculpa. – Ele faz uma pausa para respirar, apoiando as mãos no joelho e depois ergue a cabeça. – Desculpa, só agora caiu a ficha de que se aquele cara não tivesse te segurado você se machucaria feio.

Solto um risinho derrotado e alinho minha postura.

– Pensando mais calmo, aquilo foi um ótimo exemplo desses seus mangás de romance.

Chifuyu bufa e dá um soquinho no meu ombro.

– É shoujo, cale a boca. – Que lindinho ele  emburrado.

O abracei por trás e começo a cutucar suas costelas.

– Ficou com inveja, foi? você que queria tá  no meu lugar pra ser segurado pelo cintura? – Ele imediatamente se remexe e tenta me bater.

O que eu faço?Onde histórias criam vida. Descubra agora