twenty six! I'm not ready for hope

116 15 10
                                    

— Gatinho?

Jungkook tremeu da boca até os dedos das mãos. Seu corpo rijo moveu-se para frente totalmente sem coragem, mas enfrentando Taehyung com se estivessem em um ringue. Se encaravam de forma fria e confusa. Queria nunca ter que ver guerra no rosto de seu destinado.
Aproximou-se dele, deixando o rosto próximo ao seu para olhá-lo no fundo dos olhos.

— Nunca mais me chame assim.

Taehyung não recuou, não estava assustado o suficiente para tal.

— E-Eu conheço você de antes? — Taehyung perguntou com as sobrancelhas baixas como se estivesse prestes a chorar. — Nos c-conhecemos de algum lug-

— Não. Eu vou para casa. Pode ficar com a bicicleta.

— Por favor, espera! E-Eu não sei porquê me lembrei de uma coisa... mas uma vez alguém caiu comigo numa ponte que... e-eu não sei...

Jungkook abaixou a cabeça para esconder as lágrimas e esfregou a mão sobre elas. Aquilo não deveria estar acontecendo. Taehyung estava visivelmente confuso e isso estava partindo seu coração nas mesmas cicatrizes de antes. Não queria que ele sofresse mais.

— Vai para casa, Taehyung. — Jungkook deu-lhe as costas, pronto para ir embora.

— Eu não vou te deixar sozinho aqui. S-Só me diz, por favor... eu acho que já nos conhecemos há... muito tempo. N-Nós éramos amigos quando crianças.

— P-Para com isso, está me machucando. — Jungkook tentou escapar das mãos de Taehyung segurando seu pulso.

— Você foi na minha festa de aniversário e depois... e-eu não lembro de mais nada.

— Isso nunca aconteceu, Taehyung. — Jungkook já estava chorando e parou de lutar contra ele. — Porra, para com isso, chega! Me solta! — sua voz ficou ainda mais embargada. — Me solta...

— Se isso nunca aconteceu, por que está chorando? — Taehyung diminuiu o tom da voz. — Jungkook... quem você foi pra mim?

Jungkook puxou o braço com brutalidade e se afastou com os olhos cheios de ira.

— Eu nunca fui nada 'pra você.

Taehyung não entendeu o motivo de ter se sentido tão mal com aquela resposta. Era uma ferida funda demais.

— Volta para a pousada, Taehyung. — suspirou. — Fica com a droga dessa bicicleta e volta.

— Não vamos sozinhos. Por favor.

Jungkook não se virou para respondê-lo. Continuou andando em seus passos firmes e o cenho franzido, bravo, angustiado, frustrado, não sabia mais que porra estava sentindo, só queria apertar algum botão e desligar-se do mundo por um instante. Estava cansado daquela turbulência que fazia barulho apenas em seus ouvidos.
Porra, como Taehyung poderia se lembrar de algo?!

...

— Namorado? Acho que não. — Hoseok esfregou a batata frita no pote quase vazio de ketchup. — Você nunca namorou.

— Então ele era um amigo, não era? Cara, alguma coisa esse garoto deve ter sido, não é possível.

— Taehyung, você só bebeu. E está obcecado pelo dançarino. Vai dormir que amanhã é outro dia. — mudou o canal da TV.

— Eu vou ligar para a minha irmã. Se ela não souber, vou ligar para o Jimin. — Taehyung saiu do quarto e no corredor, começou a procurar o número de Chaeyoung na lista de contatos.

Qualquer mínimo broto de esperança era podado a cada resposta negativa. "Você nunca namorou", "não conheço ninguém com esse nome". Aquilo o estava matando porque o que entendia de tudo era que no final, a única pessoa que poderia estar omitindo algo era o próprio bailarino. A intuição poderia ser alegórica se vista de forma racional, mas não só de realidade se vive o homem. Taehyung sentia que seus destinos já se cruzaram há anos. Além do mais, havia a questão da tentativa de suicídio que não sabia se de fato aconteceu. Deveria ser algum trauma mal digerido, mas ao ligar para Chaeyoung, recebeu a mesma resposta para todas as outras perguntas:

SACRIFICE OF THE GODS | kth+jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora