thirty two! the myth of the dead children

147 9 24
                                    

A vida não era um morango o tempo todo e se fosse uma princesa, Jungkook seria a Cinderela.
Depois de longas horas tentando fazer um leite de arroz acontecer, colocou o resto de água quente na jarra de vidro e a quebrou, espalhando cacos por todo o chão do quiosque. O leite de arroz fazia parte de um dos pratos oferecidos pelo dito cujo, mas apenas seu pai tinha prática em fazê-lo. Era difícil o controle da receita em questão de quantidades e tempo. Calçou os chinelos para evitar acidentes e foi buscar uma vassoura em casa para limpar a bagunça antes que a tragédia aumentasse.

Era uma segunda-feira depois do domingo em que Taehyung havia passado o dia todo consigo. A companhia dele era muito fácil de se acostumar e queria muito poder ter aquilo de novo. Acordar com alguém era deveras relaxante, o peso das coisas parecia diminuir um pouco enquanto se divertia com a companhia. Provavelmente estaria sofrendo um pouco menos com a bagunça se Taehyung estivesse ali.

— Boa tarde. Uma água, por favor.

Jungkook se virou para trás e viu a mesma mulher do incidente da rede sentada no banquinho de frente para a bancada. Acenou com a cabeça afirmativo, largou a vassoura num canto e abriu a tampa do freezer cheio de gelo.

— São mil wons. — Jungkook secou o resto de gelo grudado na garrafa e colocou à frente da mulher.

— Obrigada. — Mãe colocou o dinheiro sobre a mesa.

Jungkook tinha uma certa dificuldade em disfarçar suas expressões. Seu rosto entregava tudo o que sentia e naquele momento, só conseguia achar aquela mulher uma grande esquisita. Seu pai nem ao menos estava em casa, mas todo dia ela ia à praia e nem ao menos entrava no mar.
Mãe percebeu seu incômodo. Mas antes que pudesse dizer algo, Jungkook abriu a boca primeiro:

— Todo dia vejo a senhora por aqui. Quanta... coincidência.

— É mesmo, sempre te vejo por aqui. — sorriu. — A vista da costa é incrível. Eu deveria ter criado esse hábito antes.

— Que hábito?

— Eu caminho descalça na areia onde a água banha meus pés. É uma bela forma de aproveitar o sol do fim da tarde.

— O pôr-do-sol é lindo aqui. — Jungkook comentou sem dar muita bola e continuou varrendo os cacos de vidro no chão.

Mãe olhou para dentro de onde estava percebendo a bagunça sobre a pia, uma peneira cheia de arroz molhado e água espalhada por toda a bancada. Então bebeu um gole da garrafa antes de perguntar:

— Está cozinhando?

— Hã? Bom, mais ou menos. — Jungkook olhou para a vergonhosa peneira com arroz. — Eu queria fazer leite de arroz. Só meu pai costuma fazer, eu tentei mas deu errado.

— Oh, leite de arroz.

— Eu segui uma receita da internet, mas a água quente acabou estourando o jarro. Mas parecia estar ruim, então não foi bem um desperdício.

— Eu sei fazer. Se quiser ajuda, posso fazer pelo menos a fervura certa. Depois te ensino a escorrer.

Jungkook a olhou com aquela típica expressão desconfiada com as engrenagens rodando dentro de sua cabeça. Apesar da péssima primeira impressão que teve, aquela mulher parecia inofensiva. Não faria mal aceitar ajuda desde que ela não passasse dos limites.

— Hã... tá, se puder me ajudar... entra por aqui. — abriu a porta lateral do quiosque. — Toma cuidado, ainda não terminei de varrer os cacos.

— Certo. — Mãe entrou cautelosamente pisoteando os vidros e se dirigiu até a torneira para lavar as mãos.

SACRIFICE OF THE GODS | kth+jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora