nunca sei como começar a escrever um novo texto, mas acho que nessa altura do campeonato eu preciso escrever antes de ir embora.
sinceramente não queria ter que dizer nada do quê sinto, só que na maioria das vezes guardo muita coisa e alguma hora eu explodo, geralmente é por isso que eu escrevo esses textos.
faz tempo que quero ir embora daqui, talvez, eu sempre quis, mas nunca tive coragem o suficiente.
fiquei olhando pra praia daqui da minha janela, e pensei o quão bom seria se eu simplesmente largasse tudo por aqui e num estalar de dedos estivesse aí contigo.
não sei pra onde foi você foi.
acho que, nem você sabe.
se me dessem asas pra voar, provavelmente eu passaria o resto da minha vida te procurando em todos os cantos do mundo onde eu podia imaginar que você pudesse estar.
um dia você me perguntou o quê eu mais gostava em você, e eu escrevi um texto de 43 linhas, lembra?
queria ter conseguido me despedir de você, queria ter tido coragem pra ter ido no seu velório e me despedir de você uma última vez.
tenho tanta coisa pra te contar, queria ter dito antes disso acontecer, deveria ter feito algo pra te impedir, queria ter dito que te amo uma última vez.
você sempre dizia que me amava mais que ninguém, até mais que a própria família, mas eu nunca acreditei (acho que ninguém acreditaria), mas quando você se foi, e a única pessoa quem recebeu a carta fui eu, eu percebi o tamanho e dimensão do amor que você tinha por mim.
odeio olhar pra minha janela e olhar a praia que um dia demos a louca e fomos escondidos tomar água de côco e ver o pôr do sol enquanto nossos pais não estavam em casa.
as vezes ainda ouço a sua voz, e eu ainda lembro daquele seu jeito desengonçado de andar, dos teus tropeços na calçada e da sua risada alta que assustava as criancinhas que estavam por perto.
eu adorava o delineado que você sabia fazer, valorizava aquele seus olhos verdes que brilhavam tanto quanto aquela vez que dei um colar com seu nome.
lembra daquela vez que fomos naquela livraria retrô no seu aniversário? lembro que compramos um café e passamos a tarde lendo livros aleatórios sobre romance clichê, e na volta, perdemos o ônibus e voltamos andando na chuva, você chegou encharcada em casa seus pais me deram uma bronca kkkkkkkkkk.
sinto muitas saudades de você.
-em tributo à gabrielle.-sanchez