A face da realidade

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Tobirama já não estava tão confortável em ver Izuna compartilhando aquele quarto de enfermaria, então com as constatações do pequeno sobre como se sentia acerca da possibilidade de ficar sozinho, e temendo ser encontrado por seus algozes estando cego e desprotegido, foi o pavio aceso necessário para que o Senju agisse de vez, e assim lhe prestasse auxílio.

Então ele o deixou até encontrar o médico que estava responsável pelo plantão daquele horário, querendo saber as reais condições do pequeno antes de lhe tirar do hospital de uma vez e livrar-lhe daquela companhia estranha que o estava assustando.

A cautela era sempre necessária, mas apesar de ser alguém que seguia rigorosamente às regras, Tobirama poderia passar por cima delas se fosse necessário – e conveniente.

- Ele precisa tomar muitos medicamentos por conta de possíveis doenças sexualmente transmissíveis. - O médico, um senhor de cabelos brancos e olhar sério, analisava com cuidado o prontuário. - Como foi constatado o estupro, nós entramos com um coquetel para evitar qualquer potencial contágio. - Tobirama conhecia o protocolo, pois lidava diariamente com vítimas daquele mal. - E há os cuidados com a cirurgia, então ele ainda me parece muito frágil para ser liberado.

- Sei disso, mas ele está assustado de ficar sozinho aqui, e num quarto de enfermaria. - Tobirama entrelaçou os dedos sobre a mesa de tampo claro, e seu olhar encarou diretamente o do médico. Seu desconforto era óbvio e ele não tinha qualquer problema em expressar isso. - Não está ajudando.

- Entendo o que quer dizer, nós ficamos sabendo da situação dele e que não consegue falar com ninguém por conta do trauma, mas por enquanto eu não acho saudável que vá. Os remédios podem ser listados na melhor hora para ele tomar, mas os cuidados com a cirurgia podem ser mais delicados. Ele tem para onde ir?

Aquela pergunta poderia ser uma imensa pedra no sapato de Tobirama, porque andava junto com seus pensamentos acusativos sobre estar se tornando íntimo demais de uma vítima, mas pelo menos para aquele momento o Senju tinha uma saída para seu próprio julgamento. Parecia temporária, mas suficiente para aquela situação.

- Ele vai ficar sob a custódia da polícia enquanto o caso não é resolvido.

Para o médico, era o máximo que ficaria sabendo, e uma satisfação maior do que receberia normalmente do Senju, que surgiu apenas porque ele precisava de sua ajuda para tirar Izuna dali. Não era difícil notar como Tobirama não deixava espaço para argumentações ou questionamentos acerca de suas decisões, então o homem não viu uma deixa para fazer maiores perguntas, além daquilo que já tinha sido exposto. O Senju só esperava uma resposta para poder tirar Izuna de vez do hospital.

- Vou pedir alguns exames para hoje à tarde antes de liberar a alta, para ter certeza de que está bem nas funções básicas. Mas ele precisa se consultar com um oftalmologista para acompanhar a evolução da cirurgia.

- Tudo bem. Todas as medidas serão tomadas.

Tobirama, às vezes, parecia um robô com programação específica para cada situação, onde as frases já estavam prontas e só precisavam ser ditas, e ponto. Não havia hesitação, então dava a impressão de que sempre sabia o que dizer e como fazê-lo. Ele era uma pessoa muito difícil de ser decifrada, por isso quando havia algum interesse era fácil de ser notado.

Assim como naquele momento, em que tanto queria fazer por Izuna. Ele cumprimentou o médico e deixou seu consultório, passando pela enfermeira que tinha lhe recepcionado mais cedo, a qual foi chamada ao mesmo tempo para dentro do local ao qual tinha deixado instantes antes. Ele queria que Izuna ficasse bem, mas era bastante perceptível que o pequeno estava perturbado, então quis agir de vez, para evitar maiores problemas ao outro.

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