Tobirama agiu de acordo com seus instintos.
Não havia muito a pensar, apenas fazer.
Tirou o casaco, sentindo a grande diferença mesmo estando com uma camisa mais grossa, e foi tomado por um arrepio intenso ao imaginar como deveria ser dolorido estar desprotegido e em contato com tamanho frio, tendo a pele se arrastando pelo gelo áspero que cobria a rua.
Envolveu o corpo menor que o seu com sua roupa, enquanto discava para a emergência, tentando lhe preservar um pouco. O rapaz, que mais parecia uma criança, por conta do tamanho e fragilidade, se apertou diante de seu abraço como se tentasse fugir da dor e frio que o tomavam, gemendo por tudo que estava sentindo. Tobirama percebeu e o envolveu em um abraço, sentindo seus joelhos umedecerem pelo contato da calça com a neve, mas ele não se importou.
O outro tremia tanto, que ele só lhe apertou tentando passar alguma sensação acolhedora.
- Liguei para a emergência, uma ambulância vai vir te buscar. - Ele baixou o olhar para o rosto marcado pela violência. A região dos olhos estava arroxeada, e os dentes se chocavam contra o outro pelo frio incessante. - Você consegue ver alguma coisa?
Ele quase se sentiu idiota por perguntar aquilo, mas percebeu que precisava continuar conversando para tentar preservar um mínimo que fosse da sanidade daquela pessoa que tentava se esconder por entre seus braços, como se isso realmente pudesse surtir efeito após o trauma ao qual o Senju tinha certeza que havia sido submetido. O horror de se imaginar ficando cego deveria ser imensurável.
Tobirama trabalhava na Crimes Sexuais, ele não esperava nada de decente vindo das pessoas – mesmo achando o irmão alguém muito decente -, e aquela em seus braços parecia ser a prova viva disso. A vivência do Senju já o tinha blindado para algumas coisas, mas a dor das vítimas sempre tocava mais profundamente. Era por elas que ele ainda continuava.
- Não. - A voz fraquinha dele deixava evidente como fazia forças para continuar lúcido. - Eu... - ele se sentiu tremer enquanto era tomado pela assimilação de sua desgraça. Estava começando a entrar em choque. - Eu vou morrer?
O Senju tocou a arma escondida em sua cintura quando sua atenção foi tomada para a praça que deveria estar silenciosa, mas pareceu tomada por uma movimentação que não se mostrou. Se alguém fosse aparecer para terminar aquela atrocidade, daria de frente com o Senju, e ele ia garantir que se arrependesse disso no mesmo instante.
- Se depender de mim... - Seu olhar baixou para a face chorosa. - Não.
...
Tobirama vigiou até que a ambulância apareceu. Izuna se aprumou em seus braços tentando fugir do frio, mas apesar de o casaco em seu corpo ter conseguido amenizar um pouco o choque do vento contra sua pele, o contato das pernas com o chão frio continuava machucando, e ele estava passando por fases horríveis causadas pelo trauma.
O som alto da sirene foi o primeiro a quebrar o silêncio, e as vozes dos paramédicos surgiram em seguida, conversando com o Senju. Ele tinha conseguido algumas informações com Izuna ainda tentando lhe manter acordado, mas sua remoção para o hospital deixou com que esses cuidados ficassem junto da equipe que prestava os primeiros socorros, e aí o pequeno acabou por se calar, temendo que alguém novamente lhe machucasse.
Tobirama o acompanhou, conseguindo um espaço no banco lateral da ambulância, próximo à sua cabeça. Uma paramédica, com olhar cansado e uniformizada de maneira que nenhum casaco parecia ser capaz de a ajudar a lidar com o frio, iniciava os primeiros cuidados enquanto o rapaz a seu lado preparava os equipamentos para a estabilização.
Uma coberta feita de alumínio foi colocada sobre Izuna para tentar estabilizar sua temperatura e controlar a hipotermia, e ele gemeu de dor quando foi tocado. Não havia espaço em seu corpo que não estivesse doendo.
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All for you
Fanfiction[TobiIzu][HashiMada] [Universo Alternativo] ~ [20/20] Tobirama é detetive da Crimes Sexuais de Nova York, e uma pessoa cética para com a vida, não somente, mas também por influência de seu trabalho. Porém, seus dias rotineiros entre ir até o Departa...