O amor de um irmão mais velho

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Quando Madara acordou, o quarto ainda estava potencialmente escuro, o que indicava que a madrugada ainda não tinha ido embora, e era cedo demais para seu olhar cansado que se fundiu com a escuridão do ambiente calmo. Ele não tinha conseguido descansar de verdade, e nenhum giro completo do relógio seria capaz de acalmar seu coração ansioso.

Izuna estava em seus braços, e tinha passado parte da noite agarrado em sua blusa, o que deixou o tecido amassado pelo período em que o fez. Não que fosse um problema real ao mais velho, na verdade ele gostou daquele contato, porque não só fez parecer, mas mostrou que Izuna estava ali consigo, e ainda havia uma chance para que pudesse cuidar dele de novo.

Ainda assim, sua mente se agitou num período muito rápido para quem tinha acabado de acordar, e de repente a cama se tornou muito incômoda para que Madara continuasse deitado ali vendo a vida passar, como se pinicasse a pele, obrigando a agir. Então ele soltou Izuna com cuidado, porque não queria que o irmão acordasse assustado ou algo assim, e o deixou todo embrulhado no edredom grosso antes de se levantar.

O apartamento todo era aclimatado, mas isso não impedia de se abraçar dentro de uma coberta quentinha, e quando Izuna abraçou o tecido grosso e continuou a dormir, arrancando um sorriso de Madara, ele soube que era melhor deixar o irmão daquele jeito.

Aquele segundo quarto não tinha banheiro, então o Uchiha precisou ir até o do corredor, onde fez a higiene matinal e se encarou no espelho por alguns minutos enquanto assimilava tudo que estava acontecendo por conta das atitudes horrendas de Tajima.

A face de Izuna, antes tão pura, agora era marcada pelo roxo da violência, e seus olhos vívidos perderam a cor, se tornando opacos e cegos. O que mais doía era ver a feição ainda pueril mesmo que por baixo de todo aquele caos. Como alguém tão dócil podia sofrer de uma maneira tão horrível?

Madara se sentia um lixo por saber de tudo e não poder fazer nada. Ele queria ter tido a chance de proteger o irmão melhor, mas tudo que podia fazer agora era vê-lo tentando se ajustar a vida enquanto lidava com as dores e os traumas recorrentes daquilo tudo.

Se ele tivesse a chance, acabaria com a jogatina do pai na base do ódio, para que nunca mais algo daquilo machucasse seu irmão.

- Oh, bom dia. - Ele sobressaltou quando adentrou a cozinha e viu Tobirama ali. - Obrigado por me deixar ficar.

O Senju negou. - Não se preocupe com isso. Você não parece que conseguiu dormir tão bem.

- É verdade. - Madara parecia muito perturbado mesmo àquela hora da manhã. - Saber tudo que aconteceu ao Izuna me causa pesadelos. - Ele pediu licença para Tobirama enquanto pegava um pouco de água. - Nunca vou ser capaz de te agradecer por ter cuidado dele.

O Senju suspirou.

- Você deve saber como é. - O detetive lavou o copo e deixou escorrendo no aparato do escorredor. - Alguns trabalhos mostram como a vida é frágil demais.

- Depois que você vai para o internato, percebe o tamanho do peso da sua escolha. - O Uchiha terminaria a faculdade naquele ano, então passava mais tempo no hospital do que numa sala de aula. - Saber que a vida do Izuna ficou tão perto da morte me corrói um pouco mais.

A Tobirama também.

- Eu trouxe ele para cá porque na falta de parentes próximos, ele acabaria indo para um abrigo protegido. E a verdade é que mesmo sendo algo aos cuidados da polícia, não da para garantir que vai ficar tudo bem.

Madara tinha percebido que seu irmão parecia bastante apegado ao detetive, apesar de ainda não entender direito o que poderia significar, já que Izuna estava inserido no meio de uma tremenda desgraça, mas desde que ficasse bem e seguro era o bastante por aquele momento.

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