A vida de Izuna

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Izuna se assustou quando sentiu um toque sobre o ombro, confuso com sua localização. Ele tinha caído num sono quase profundo, e a voz de Tobirama veio acompanhada do tocar, acalmando seu coração acelerado e deixando em evidência o cansaço extremo resultante do medo que ele sentia de dormir no hospital, sozinho.

Ou não dormir, no caso.

- Nós chegamos à minha casa. - Disse o Senju. - Você vai poder dormir melhor agora.

Izuna balançou a cabeça. - Obrigado.

O pequeno ainda estava se acostumando a abrir os olhos, mas se sentia estranho com o ato, pois não mudava nada em relação à luz e sombra, então era como uma dúvida permanente do que poderia fazer ou não. Ele não enxergava, estava completamente no escuro, então era mais cômodo que ficasse com os olhos fechados.

- Eu acho que fica mais certo assim. - Ele comentou quando Tobirama o guiou para dentro do elevador. - É estranho, porque agora não muda nada, então acho que faz mais sentido deixar fechado.

- Eu acho que é melhor você não se forçar agora, e tentar se impor regras. Acabou de deixar o hospital, seria melhor se preocupar em descansar.

Izuna tentava prestar atenção ao mundo externo para se guiar em novos ambientes, mas além do movimento do elevador, não havia mais nada que não sua respiração e a de Tobirama, e uma sensação de curiosidade e ansiedade. A impressão de que tinha era a de estar sendo levado de um lugar a outro, sem qualquer conhecer pessoa, agora estando cego e sem a certeza de que seria mesmo libertado de seus algozes, ou se algo pior ainda iria lhe acontecer.

Ele tomou o braço com Senju com força quando ouviu as portas do elevador se abrindo, o que permitiu que passassem para o corredor tranquilo que dividia o apartamento de Tobirama e mais um. O Senju percebeu o jeito assustado, mas não fez qualquer comentário.

- Tem dois apartamentos em cada andar. - O detetive chaveou a porta, revelando a sala. - Eu vou te mostrar um pouco o apartamento pra você se acostumar e não se machucar.

Izuna o ouviu dizer sobre o costume de deixar os calçados na entrada principal - o que lhe remeteu ás próprias origens orientais -, e foi guiado por Tobirama por todo o lugar, que se resumia a sala, uma porta que a separava da cozinha, e então outra no novo cômodo com acesso à área de serviço, e um corredor que saía da sala para três portas. Um banheiro e dois quartos.

Izuna ia devagar, tateando em tudo que conseguia, para perceber o início e fim de cada parede, a extensão do corredor, as portas... Tobirama o acompanhava com paciência, sem cobrar qualquer coisa e tirando as dúvidas do pequeno, que até então era uma mistura de ansiedade com receio. Todo novo ambiente agora era um verdadeiro desafio, pois ele precisava de bastante tempo para se adaptar, sem machucar a si mesmo.

O apartamento do Senju tinha o sistema de aquecimento que deixava tudo mais confortável, e aos poucos o frio foi deixando os ossos de Izuna. Ele insistiu muito para que Tobirama lhe deixasse ajudar a preparar o almoço, mesmo que o detetive tentasse lhe convencer de que precisava descansar, já que era aparente que não conseguia fazer isso enquanto estava no hospital, mas estava descobrindo bem rapidamente que Izuna poderia ser bastante insistente.

- Eu fazia a comida em casa. - O Senju se voltou para ele, que estava sentado ao redor da mesa redonda que ficava dentro da própria cozinha. Izuna estava com os olhos abertos, apesar de não enxergar. - Não consigo ver, mas ainda sei como fazer.

Um aroma forte de temperos se misturou ao ambiente, conforme Tobirama misturou a carne dentro da panela. Ele já sabia o que precisava fazer a seguir, uma vez que apesar de estar com Izuna em casa não poderia abrir mão do caso em si, então era bastante confortável que fosse o pequeno a falar algumas coisas do passado porque isso deixava a situação mais fácil, uma vez que ele se acostumava a retornar para assuntos que poderiam ter - ou não - influência no que tinha lhe acontecido.

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