O último desafio

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Izuna acordou de repente, tomado pelo susto de um sonho ruim com a falta de direção que a perda de visão trouxera e lhe tomava parte do tempo cada vez que precisava tomar uma decisão e não se lembrava de onde estava e de que maneira deveria agir para não se machucar ou causar algum acidente.

Ele sentiu o toque em seu braço, mas só teve certeza de que era Madara ao encontrar parte do cabelo do irmão adormecido e seu característico formato. A respiração tranquila do mais velho contrastava com a sua e o susto ainda parecia muito real, afastando a sonolência e causando uma sensação incômoda que impedia de permanecer deitado. O frio era um detalhe sem importância quando se sentia pinicado por aquilo.

Izuna tomou o máximo de cuidado que sua percepção permitia para não acordar Madara conforme se levantava, tateando próximo a si para evitar algum choque dolorido. Os braços protegidos pelo tecido do pijama se arrepiaram e ele alcançou a sala em uma caminhada lenta, sentindo as paredes do corredor na palma das mãos antes de ganhar um pouco de confiança. Agia devagar para não precisar dar mais explicações do que conseguia naquele momento. Sentia-se exausto.

Era cedo demais para se pensar em tanta coisa, mas a mente de Izuna havia se tornado um poço cheio de reflexões e perguntas sem respostas com muito mais intensidade do que quando ainda era o atendente da loja de conveniência com o sonho de ter uma vida melhor. Agora não restara mais do que as ruínas de quem foi um dia.

Se ao menos ele conseguisse enxergar.

- Izuna?

Ele exclamou de sustou e suas costas se chocaram contra a parede com certa força quando o silêncio quase sepulcral se quebrou sem ele sequer perceber que a porta tinha sido aberta. Estava tão imerso em seus pensamentos que perdeu a noção daquilo que estava ao redor.

- Tobirama?

- Aconteceu alguma coisa? - O Senju franziu o cenho de leve ao perceber a feição assustada do outro. - Você está bem?

Izuna meneou a cabeça devagar. - S-Sim, eu só... Só tive um sonho ruim. É muito cedo?

- Cinco e meia da manhã.

Izuna se sentia incapaz por não conseguir sequer saber as horas do próprio dia. Os avanços em relação a lidar com sua falta de visão retrocediam mais do que ele conseguia progredir.

- Cinco e meia... - Um suspiro quase inaudível abandonou seus lábios. - Esse foi o seu recorde chegando mais tarde.

- Eu sempre me supero naquilo que é mais nocivo pra mim.

Um esboçar de sorriso percorreu o rosto de Izuna. A voz de Tobirama tinha ficado um tantinho mais distante, acompanhada de um som de água.

- Mas o seu trabalho deu certo?

- Sim. - Izuna sobressaltou de novo ao perceber que agora a voz estava muito perto. Tobirama já estava com a mão em direção ao rosto do Uchiha, mas a recuou ao perceber como ele estava desnorteado. - O que foi Izuna?

O rosto se ergueu na direção do de Tobirama, e ele abriu os olhos mesmo com a ausência de luz. Naquele mês passado havia se acostumado a lidar com o Senju, mas aquele dia parecia especialmente delicado, como se estivesse de volta àquela terrível noite.

- Não é nada.

No entanto, Izuna o abraçou no instante seguinte e afundou o rosto sobre o peito de Tobirama como se ali fosse o melhor lugar do mundo.

- Eu estou feliz que você voltou.

As palavras se tornaram novamente escassas e a voz de Izuna se perdeu enquanto ele tinha a certeza de que o outro estava ali e seus pesadelos não eram mais do que isso de fato, uma sensação horrível que não condizia com a realidade.

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