O primeiro encontro

845 80 30
                                    


Tobirama trabalhava na polícia há pouco mais de cinco anos.

Mas definitivamente não precisou de todo esse tempo para conhecer toda a maldade que existia no mundo, e o que feições amigáveis poderiam esconder. Incrustada em suas veias, correndo desde ruelas estreitas até grandes arranha-céus, sem diferenciar por etnia ou classe social. A crueldade fazia parte da essência do ser humano.

A maldade existia, estava incrustada no mundo, e o Senju lutava contra isso todos os dias, a combatendo da maneira que deveria ser feito. Estava de encontro com o pior de cada pessoa, e sequer precisava pisar no chão polido da delegacia para isso. A vida o ensinara antes mesmo de ele pisar numa academia de polícia, e quando a realidade o atingiu, não foi tão surpresa quanto poderia parecer. Na verdade ele não estava na impressionado com a verdade.

No entanto, não era dali que vinha a personalidade fria e distante do Senju de cabelos brancos e olhar rubro, ele preferia a distância que o impacto de sua seriedade desmedida causava nos que estavam ao redor. Gostava de estar acompanhado pelo silêncio, porque não pesava em seus ombros, e lhe dava o espaço necessário para pensar, o que havia se tornado sua atividade mais comum.

O olhar desviava para o lado de fora da janela, o vidro já embaçado pela presença lenta, porém constante da neve, que se acumulava em qualquer superfície onde houvesse capacidade para tal. Sua queda parecia guiar até mesmo a passagem do tempo, como se o tivesse cadenciado e agora lhe conduzia em sua passagem lenta, acompanhando o cair dos flocos esbranquiçados.

Poderia ao mesmo tempo estender os momentos felizes de uns, ao passo em que fazer o mesmo com a agonia de quem sofria. De alguma maneira, poderia soar reflexivo, se isso já não acontecesse por naturalidade. Afinal de contas, de que realmente adiantaria colocar a culpa na passagem do tempo, se ele em nada era responsável pelo destino de cada um?

Tobirama sentiu uma pontada bem marcada na têmpora, e piscou por mais tempo por breve momento, enquanto a dor de cabeça ia se apossando de seus sentidos. Os olhos se fecharam, e ele respirou fundo antes de encontrar novamente o vidro embaçado da janela. A visão de sua sala dava para a rua principal, que naquele horário não contava com grande movimentação.

O inverno abraçou Nova York com sua presença implacável, varrendo das ruas a presença dos transeuntes, que a qualquer sinal de um vento mais forte procuravam por abrigo, ainda que temporário, para aliviar o gélido que tomava até os ossos, pelo menos até o tempo em que poderiam voltar para suas casas.

Era dolorido estar em contato com o vento gelado às onze da noite.

Mas para Tobirama, poderia ser um alívio.

A blusa preta de gola alta o protegia dentro do que seu tecido podia fazer, e o calor confortável da sala acalentava o corpo cansado, mas ele ainda estava incapaz de se deitar e deixar que o sono o levasse. Por isso se levantou com a intenção de sair.

O casaco azul-marinho estava preso no apoio atrás da porta, e o tecido felpudo da gola abraçou seu pescoço, confortando. O celular piscava constantemente, indicando que havia alguma mensagem pendente, mas Tobirama não queria dar qualquer atenção para quem o procurava, não naquele momento.

Já sabia quem era, mas queria um tempo consigo mesmo, e sair para caminhar pareceu ideal.

O vento frio beijou seu rosto no momento em que seus pés o levaram para fora do prédio, e ele seguiu a esmo pela rua, acompanhando a passagem da neve, pouco se importando com o frio intenso que o envolveu. Desde que se lembrava se sentia bem com isso.

A decoração natalina já ocupava parte dos edifícios, e logo uma grande árvore de natal seria erguida para simbolizar a passagem das festividades de final de ano, o que por influência deixava a maior parte das lojas com horário alterado de funcionamento, tentando abranger e conquistar o maior número de consumidores. Por isso não foi surpresa encontrar alguns lugares ainda com movimento de clientes enquanto seguia em sua caminhada solitária.

All for youOnde histórias criam vida. Descubra agora