Um pouco de conforto

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Izuna demorou muito tempo para se acalmar, ainda tremendo com todas as terríveis lembranças que o assombravam desde aquela noite horrenda. Ele tremia nos braços de Tobirama, que o mantinha apertado em seu abraço tentando garantir alguma segurança e passar certo conforto ao pequeno, que se sentia exposto a seus algozes novamente.

Ele conseguiu se desvencilhar e lhe preparar um chá, só assim alcançando o cessar do pranto. O rosto de Izuna parecia ainda mais inchado com aquele momento mais intenso de choro, e quando conseguiu lhe dar a bebida quente, ele pareceu menos ansioso.

- Quero que tente descansar um pouco agora. O Hashirama vem aqui mais tarde, e vai te ajudar com o que precisar.

Izuna anuiu, agradecendo e tentando se acalmar debaixo das cobertas, novamente encolhido. Dessa vez não havia o medo de ser perturbado por alguém como aconteceu no hospital, mas precisar relembrar tudo era bastante desconfortável, gerando aquela sensação ansiosa e difícil sobre ele, principalmente agora que estava cego. De que maneira conseguiria viver sua vida mais uma vez tendo a terrível ideia de que poderia ser seguido por alguém que queria colocar fim no que tinha começado aquela noite?

- To-Tobirama... – Ele tateou a esmo sobre o edredom mesmo tendo percebido a voz do Senju já distante, atraindo sua atenção. – Eu sei que você não vai me abandonar, mas... – Parou de repente, quando sentiu a mão do detetive sobre a sua. – Mas eu também sei que não posso estar aqui.

O Senju trincou os dentes. Malditos seriados policiais!

- Escute. – Ele se inclinou um pouco apenas para ficar mais perto. – Eu sei das regras que quebrei por você estar aqui Izuna, e sim, pela ética não é aceitável que um detetive leve uma vítima para casa. Meu chefe sabe disso e esteve de acordo por conta da situação. Mas eu não posso, e não vou te colocar para fora por conta disso, está bem? Preciso encontrar seu irmão, e também garantir que ele tenha um lugar seguro para ficar, porque os dois podem estar em perigo. Eu posso lidar com as minhas escolhas sem te causar nenhum problema.

- Desculpe, eu estou confuso. – O Senju apertou o toque entre suas mãos. – É tão difícil saber que não posso mais viver sem achar que vai ter sempre alguém atrás de mim. – Sua voz voltou a se tornar chorosa. – E ainda mais cego.

Talvez ele não fosse conseguir se acalmar tão imediatamente quanto Tobirama tinha pensado, mas o detetive não encarou isso como um problema de fato, porque era de se esperar que passasse por todo aquele trauma ao se lembrar de que tinha sido abusado de todas as piores maneiras possíveis. O toque maldoso estava incrustado em sua pele, de maneira que nenhuma água ou produto seria capaz de lavar.

- Tem alguma coisa que eu possa fazer nesse momento para te ajudar?

Izuna respirou fundo, tentando acalmar sua respiração. – Meu irmão... Eu queria saber se ele está bem.

- Eu vou descobrir. – Tobirama passou a tatear no bolso de sua calça em busca do celular. – Você tem o número dele? – O pequeno anuiu, passando a informação. – Vou tentar falar com ele, enquanto isso tente descansar um pouco, vai te fazer bem.

Izuna assentiu. O Senju ainda lhe avisou que estaria na sala se ele precisasse de alguma coisa, e deixou o quarto com a porta entreaberta. Quanto menos o pequeno ouvisse de qualquer conversa seria melhor para seu psicológico dolorido, e o trabalho de Tobirama estava apenas começando quando ele jogou os papéis sobre a mesa de centro da sala, tomando o gravador em mãos. Precisava passar toda a informação para Jiraiya.

...

Hashirama chegou ao apartamento do irmão na parte da tarde, pouco antes da neve voltar a cair sobre a cidade. Tobirama falava ao telefone, e a televisão estava ligada num tom mais baixo. Ao que parecia, o detetive estava em contato com o departamento, e recepcionou o mais velho com um aceno, lhe dando espaço para entrar em casa.

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