Capítulo 10

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        Sara's pov

       Observava a estrada, tentando não chorar. Eu me sentia péssima. Deveria tê-lo beijado. Deveria ter finalmente feito o que eu sonhava à tanto tempo, mas eu não consegui. Não consegui por medo. Medo de acontecer o mesmo que aconteceu à cinco anos atrás.
      -Sara...-Luke quebrou o silêncio quando estávamos perto de sua casa- Eu...
      -Tudo bem, Luke.- interrompi, e o silêncio se instalou no carro mais uma vez.

      A casa dos Dunphy não havia mudado nada. Apenas as plantas, que pareciam maiores e mais velhas.
      Phill e Claire nós esperavam do lado de fora.
      Nos ombros de Phill havia uma garotinha, aparentava ter dois anos ou menos. Seus cabelos castanho- claro, estavam presos em marias-chiquinhas. E ela brincava com os cabelos pretos, já com alguns fios brancos, do avô.
       Ambos não pareciam tão diferentes, exceto por algumas rugas, marcas de expressão, e como já citei, cabelos brancos não visíveis nos cabelos loiros de Claire, apenas nos de Phill.
       Desci do carro com um sorriso estampado em meu rosto.
       -Garotos!- Phill gritou, animado, deixando a pequena no chão e caminhando em nossa direção- Sara,- ele me deu um abraço desajeitado- quanto tempo eu não te vejo, você não mudou nada!
        -Você também não.- sorri, arrumando a bolsa em meu ombro.
        Luke se aproximou e Phill o abraçou também.
        -Você eu vi em janeiro.- ele brincou, bagunçando os cachos de Luke.
        -Phill,- Claire instruiu ao longe- ajuda eles com as malas.
        -É pra já!
        -Vem, Sara,- Claire chamou- Haley está te esperando.
         Acenti e caminhei até Claire, dando-lhe um abraço.
         -Oi, Poppy.- cumprimentei a garotinha, fazendo carinho em seus cabelos. Ela sorriu e segurou a mão da avó.
         -Ela é um pouco tímida, mas daqui a pouco se acostuma com você.
         Ao entrar na casa, pude observar cada cantinho do local, deixando meu coração quentinho. Eu amava a casa dos Dunphy, e, mesmo depois de Luke, me sentia muito confortável em estar ali.
       -Sah!- escutei o grito estridente de Haley, que levantou do sofá e correu até mim, derrubando-me no chão ao me abraçar.
        -Jesus, Haley!- Claire exclamou, dando alguns passos para trás.
         -Oi.- falei, com a voz abafada pelo aperto dos braços da garota.
          -Ah meu Deus!- ela finalmente me soltou, segurando meus ombros- Eu senti tanto a sua falta!
           -Eu também.- ri, levantando, e a ajudando a levantar.
           -Mamãe.- um garotinho chamou, saindo da sala.
           -George!- ela o pegou no colo- Essa é a Sara, a melhor amiga da mamãe!
          -Oi, bebê.- cumprimentei e ele escondeu o rosto no pescoço da mãe.
           -Onde está o Dylan e a Alex?- perguntei, notando que só estavam os cinco na casa.
            -A Alex chega da Suíça segunda, e o Dylan foi buscar a mãe no aeroporto.- Haley respondeu- Vamo nos sentar e por o papo em dia.
            -Tudo bem.- sorri, e caminhamos até a sala.
           Sentei no sofá e Haley sentou-se ao meu lado, com George no colo.
           -Eu estava com tanta saudade.- ela apertou minha bochecha e eu sorri.
           -Eu também!- suspirei- Precisamos conversar sobre tanta coisa!
           -Pois é.- sorriu- Precisamos por as fofocas em dia. Mas antes, como foi a viagem?
            -Ah...-eu mordi os lábios - foi boa.
            -Só isso?- ela fez uma careta -Boa?
           -É, ué.- dei de ombros- Luke e eu passamos a viagem toda conversando e fizemos algumas paradas, apenas isso.
           -Entendi.- ela parecia desconfiada, mas eu não iria contar sobre o nosso quase beijo.
           Luke e Phil adentraram a sala com as malas em mãos.
           -Onde eu ponho, mãe?- Luke perguntou para Claire, que acabará de entrar no cômodo também, mas vinda da cozinha, erguendo sua mala e a minha.
            -A mala da Sara você coloca no quarto antigo Haley, e a sua no porão.- ela sentou na poltrona.
            -Sara, querida,- Phil me chamou- quer que eu ponha sua bolsa junto da mala?- eu estava tão distraída com tudo que estava acontecendo que nem me toquei que ainda segurava minha bolsa.
            -Por favor.- pedi, sorrindo e entregando a bolsa para o mais velho.
            -Então, Sah, como vai a vida em Detroid?- Claire perguntou.
             -Vai bem.- respondi- Eu estou trabalhando em um Starbucks e agora moro em um apartamento sozinha.
            -E seu pai e sua irmã? Se adaptaram bem?
            -Sim, eles estão morando em uma casa perto do meu trabalho. É um lugar bem reconfortante e meu pai está ganhando uma boa grana no trabalho novo.
            -Que bom.- ela sorriu- Fico muito feliz de ter conseguido trazer eles para cá.
            -É, graças a uma pessoa, eu consegui inteirar o que faltava para comprar as passagens.- sorri.
             -É, nosso Luke é demais!- ela sorriu e eu gelei. Como ela sabia que Luke havia me dado dinheiro?- Oh, querida, nós sabemos sobre o namoro falso de vocês.- ela segurou minhas mãos, que tremiam- Eu sinceramente achei uma atitude bem infantil, mas tudo bem, afinal, vocês eram crianças mesmo.
            -Me desculpe, senhora Dunphy.- respondi, abaixando a cabeça - Eu não sabia que Luke queria namorar uma mulher mais velha, eu até tentei alertá-lo, avisar que vocês estavam certos.
          -Tudo bem, Sara, de verdade.- ela sorriu de uma maneira acolhedora- Você precisava daquele dinheiro e eu fico feliz em saber que você conseguiu trazer sua família para cá.
           -Obrigada.- sorri, ainda arrependida- Luke contou a vocês?- perguntei, curiosa.
           -Ele ficou bêbado no natal passado e falou mais do que devia.- Haley respondeu, rindo.
           -Idiota.- murmurei. Como ele podia ficar bêbado e falar uma coisa dessas? Será que ele já falou sobre tudo que aconteceu entre nós em algum bar por aí?
           -Mas enfim,- Haley quebrou o silêncio- você viu que o Tyler, que estudava com você e o Luke, morreu de overdose?
           -Meu Deus!- exclamei, chocada.
            -Pois é, menina.- Claire falou- A coitada da mãe dele achou o corpo 10 dias depois. Ela tinha ido viajar pra Itália e deixou o menino sozinho.
           -Que horror...
          O resto da tarde foi assim. Haley e eu conversamos muito, eu brinquei com as crianças, e é claro, tentei evitar Luke ao máximo.
        De noite, Dylan comprou algumas cervejas e nós ficamos do lado de fora, bebendo e jogando conversa fora.
       Era meia noite quando finalmente Haley foi para casa e eu fui dormir.
        Ela até disse que queria que eu ficasse na casa dela, mas eu teria que dormir em um sofá e na casa de seus pais tinha a antiga cama de Alex, então optei por ficar lá mesmo.
      Deitei na cama, enroscando-me nos lençóis, e fechei os olhos. Infelizmente, o sono não veio, e eu fiquei rolando na cama por horas.
       Já estava cansada de rolar de um lado para o outro, então resolvi sair e fumar um cigarro.
       Desci, em silêncio, as escadas e caminhei até o lado de fora da casa. Porém, ao botar os pés para fora, percebi que não estava sozinha.
       Luke estava sentado nas escadas que davam para o gramado. Ele cantarolava uma música, mas eu não consegui descifrar qual era.
      -Sem sono?- perguntei, sentando-me ao seu lado. O garoto deu um leve pulo.
       -Sim.- levei um cigarro a boca e o acendi- E você,- ele se virou, encarando -me de forma profunda- não consegue dormir também?
       -Não.- sorri ladino- Quer?- ofereci minha fonte de serotonina diária.
        -Claro.- passei o cigarro para ele, que o pegou e tragou, sem cortar o contato visual.
        Meus estômago revirou, e um calor repentino subiu pelo meu corpo.
        Fitei seus lábios, me segurando para não agarra-lo e beijá-lo. Tudo culpa do maldito álcool.
        -Precisamos conversar.- ele disse.
         -Sobre o que?- perguntei, finalmente erguendo o olhar para seus olhos.
          -Você está me comendo com o olhar, Sara.- ele riu e eu respondi a provocação, pegando o cigarro de seus lábios e levando aos meus.
         -Você é bem convencido, Lucas.- traguei, soltando a fumaça em seu rosto.
        Ele mordeu os lábios e eu me aproximei de seu rosto. Senti sua temperatura corporal, que há anos não sentia, mas não tinha esquecido.
       Cheguei cada vez mais perto de sua boca, mas ao invés de beijá-lo, eu apenas sussurrei:
         -Eu não posso fazer isso novamente, desculpa.- antes que o garoto deliniasse qualquer reação, eu me levantei e caminhei para dentro da casa.
       Eu poderia tê-lo beijado, mas sabia que Luke nunca me amou da forma que eu o amei. Eu estaria apenas me machucando, da mesma forma que me machuquei naquela noite fria de ano novo.
      Aquilo, para ele, era apenas uma diversão. Uma transa, que no dia seguinte seria esquecida. Mas para mim, não.
      Caminhei até o quarto, tranquei a porta e me joguei na cama.
        Enrolei-me novamente no cobertor, dessa vez dormindo.
       
            
          
           
           
          
       

18- Luke Dunphy (Reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora