capítulo 9

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Luke's pov:

Eram onze horas quando chegamos a nossa primeira parada. Era um posto pequeno, mas bem limpo e organizado. Com certeza era o melhor dos três postos que parariamos durante o longo caminho.
Sara correu fazer xixi, e eu entrei na lanchonete.
Sentei em uma mesa, no canto do lugar, que estava cheio por ser sexta de manhã e véspera do recesso de páscoa.
-O que deseja?- uma garçonete baixinha, gorducha e sorridente perguntou à mim.
-Eu vou esperar minha amiga chegar para pedir, mas obrigado.- respondi.
-Tudo bem, querido. A hora que quiser pedir, só sinalizar com a mão.- ela se afastou e eu voltei a encarar o nada, pensando sobre o caminho.
Achei que iria ser silencioso, triste, e esquisito. Mas Sara fez questão de puxar assunto o tempo todo. Ao mesmo tempo que ficava feliz, pensava que a garota realmente havia me superado, diferente de mim, que nunca a superei.
    Ouvi o sininho da porta e, ao erguer o olhar, pude ver Sara entrar.
-Meu Deus, como o banheiro daqui é sujo.- ela disse, sentando-se na minha frente.
-É o mais limpo que tem no nosso caminho.- a garota fez uma careta e puxou o cardápio, analisando-o.
-Tá, vamos comer o que?- perguntou, erguendo os olhos em minha direção.
-Não sei.- comecei a ler o cardápio- Acho que vou comer um hambúrguer de bacon.
-Meu Deus, Luke,- ela riu- São onze horas!
-Idai?-perguntei, ofendido.
-Coma comida de verdade.- respondeu- Se não vai passar mal na estrada.
-Tá bom, mãe.- brinquei e a garota mostrou a língua- E você? Vai pedir o que?
- Hambúrguer de bacon e uma cerveja.- respondeu, séria.
-Você é péssima.- ri.
-Eu não vou dirigir, mas você sim.- deu de ombros, sorrindo.
-Então tá, vou chamar a garçonete.- falei e sinalizei para a mulher que me atendeu antes.
-Então, - ela disse, se aproximando- já decidiram?
-Dois hambúrgueres de bacon e duas cervejas.- Sara disse.
-Oh,- a mulher fez uma cara de espanto- Tudo bem.- anotou no papel e saiu.

Depois de de comermos, saímos do posto e voltamos para o caminho. Agora era oficial: faltavam seis horas para chegarmos em casa.
-Então eu dei um soco nele.- Sara terminou sua história, me deixando chocado.
-Você socou ele?- indaguei.
-Sim.- ela riu-Ele ficou desacordado por três horas!
-Meu Deus!- exclamei, tragando o cigarro que dividiamos e passando novamente para Sara.
Ela o levou aos lábios, e eu acompanhei o movimento sem desviar o olhar.
Seus lábios carnudos me deixavam completamente louco. Eu só queria poder beijá-la intensamente mais uma vez.
Ela tragou e fechou os olhos ao soltar a fumaça.
-Quando é a nossa próxima parada mesmo?- perguntou, tirando-me daquele transe.
-Ah...- gaguejei, encarando a estrada. A nossa sorte era que ela estava vazia, se não o meu transe momentâneo poderia ter causado um acidente- Acho que daqui duas horas.
-Duas horas?!- exclamou, me encarando com os seus olhos castanhos arregalados- Eu não vou aguentar! Preciso fazer xixi urgentemente!
-Olha, eu posso parar e você faz no mato.- brinquei, mas, para a minha surpresa, ela concordou- Você não vai fazer isso, vai?- perguntei, atônito.
-Se você estivesse no meu lugar, também tomaria medidas drásticas como essa.
-Meu Deus, Sara!- exclamei, rindo- Você é impossível.
Ela revirou os olhos e sorriu.
Pedi para que ela esperasse passarmos de um certo ponto da estrada, aí ela estaria mais vazia.
Enquanto percorriamos o caminho de menos de dez minutos, ela batia os pés incessantemente, fazendo uma careta ou outra quando o carro se movia muito.
Finalmente chegamos em um ponto da estrada onde havia muito mato e nenhum carro.
Eu nem tinha parado direito e Sara já saiu, desespearada, pulando o acostamento com facilidade e se embrenhando no mato.
Esperei um tempo, e nada da menina voltar.
Preocupado, sai do carro e, assim como a menina fez, comecei a me embrenhar na plantação.
-Sara!- chamei- Sara!- meu coração estava disparado, e minhas mãos tremiam tanto que era difícil segurar o celular. Se algo tivesse acontecido com a garota, eu nunca mais me perdoaria.
Estava quase ligando para a polícia quando notei que o matagal acabava mais a frente.
Ao sair do mato, avistei um campo amplo de girassóis. E ali, bem no meio, estava Sara, dançando e girando em meio ao vasto amarelo.
A menina abriu os olhos e sorriu ao me ver.
-Luke!- ela gritou- Vem aqui!- não esperei ela terminar de falar e já comecei a correr em sua direção.
Ao me aproximar, Sara sorriu mais largo ainda, fazendo meu coração quase saltar do peito. Eu ainda à amava, com certeza.
-Olha que lugar...- a interrompi, envolvendo-a em um abraço caloroso- Luke?- ela perguntou, estática.
-Achei que algo tinha acontecido com você.- choraminguei, apertando ela mais contra meu corpo.
-Desculpa.- ela sussurrou em meu ouvido- Eu não queria te assustar.
Me separei dela, mas continuei segurando seus ombros.
Nossos olhares estavam fixos. Eu não conseguia desviar. Seu olhos castanhos brilhavam a luz do sol, que destacava seus lábios rosados. Eu já havia visto milhares de pinturas, mas nada se comparava à ela, nada se comparava a Sara Davis.
Subi as mãos até seu pescoço, fazendo a menina engolir em seco.
Tentei me aproximar, sedento para selar nossos lábios, mas Sara se afastou.
-Que tal uma corrida até o carro?- ela perguntou, mas não esperou resposta, apenas saiu correndo, me deixando para trás como naquela noite de ano novo.
O resto do caminho foi silencioso, exceto pela música animada da rádio.
Nem mesmo em nossas paradas ela falou comigo.
Vez ou outra, fazia um sinal para que eu lhe emprestasse o isqueiro, mas apenas isso.
Parabéns, Luke Dunphy, você é um idiota.



18- Luke Dunphy (Reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora