capítulo 14

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     Eu odiava domingo. Ele é, com toda a certeza, o pior dia da semana. 
    Não sei em que momento eu passei a odiar o domingo, mas, para mim, era um dia péssimo e cansativo.
    E nessa horrível manhã do péssimo dia de domingo, eu fui acordada por Luke.
     -Sah...- ele chacoalhou meus ombros- Acorda.
      -Aconteceu alguma coisa?- perguntei, pulando da cama.
      -Não.- ele segurou meus ombros- Minha mãe pediu para acordá-la para irmos até a casa do vovô.
      -O que vamos fazer lá?- perguntei, me espreguiçando.
       -O almoço dos padrinhos e madrinhas, lembra?- ele falou, andando até a porta.- Minha mãe até já foi.
        -Ah meu Deus!- exclamei, pulando da cama- Como eu pude esquecer disso!
        -Tudo bem, Sah.- ele riu- O almoço é meio dia, faltam duas horas, da tempo de se arrumar.
        -Que bom.- suspirei, aliviada- Então,- olhei para o garoto- pode sair para que me troque?
         -Claro.- ele saiu, fechando a porta.
         Abri minha mala e peguei um vestido. Ele era verde em certas partes e o meio era salmão. Possuía o desenho de dois anjos se beijando e tinha algumas rosas desenhadas. Eu havia comprado ele a anos, mas nunca usará. Foi bem caro, então achei que o almoço seria uma boa oportunidade para usá-lo, já que Haley havia deixado bem claro no convite que os trajes deveriam ser formais.
        Peguei minhas coisas e atravessei o corredor, indo até o banheiro.
        Me despi e encarei meu corpo nu no espelho. Havia roxos espalhados em todo canto, mas nada que não desse para esconder com maquiagem.
         Eu tinha adorado o sexo com Steve. Ele era realmente bom no que fazia, mas não era ele quem eu queria.
         Depois do acontecimento de ontem,percebi que tudo o que eu pensava sobre meu relacionamento com Luke estava certo.
        A dor de saber que ele nunca me amaria era pior do que qualquer dor que eu já havia sentido, mas eu queria vê-lo bem, mesmo que fosse longe de mim.
        Entrei no chuveiro e deixei que a água quente caísse sobre meu corpo.
         Eu sabia, naquele momento, que era meu destino amar Luke Dunphy, mas o destino dele não era me amar.
        Terminei o banho e, depois de me enxugar e passar um creme, vesti minha roupa.
        Com o cabelo já seco, fiz duas tranças em minha franja e prendi atrás, querendo um penteado mais simples.
       A maquiagem também foi simples, já que o que deveria chamar atenção era o vestido.
      Estava animada. Nessa almoço eu iria conhecer o padrinho de Dylan, que seria meu par no casamento, já que ambos era solteiros, mas muito queridos pelos noivos, que não dispensaram nossa presença.
         Desci as escadas correndo, me esquecendo completamente do degrau quebrado que eu tanto conhecia.
         O resultado do meu esquecimento foi: eu prendi o pé nele e fui de encontro com Luke, que estava no pé de escada.
        -Luke!- gritei, e o menino se virou a tempo de me segurar. Porém, ele desequilibrou, e nós dois caímos.
       Abri os olhos, que fechei esperando a queda, e dei de cara com Luke, que estava um pouco mais perto que o recomendado.
     Seu rosto estava vermelho, e eu entendi o motivo ao ver que eu estava em seu colo.
     Eu queria sair dali correndo, mas eu não consegui me mexer. Eu sentia sua respiração quente em meu rosto, os lábios rosados apenas alguns milímetros dos meus.
    Meu olhar alternava entre seus olhos e sua boca. Eu queria tanto beijar ele, e eu iria fazer isso, se Phil não tivesse salvado o dia.
     -Garotos!- ele entrou correndo no hall, fazendo com que nós saíssemos de perto um do outro- Vocês estão be...- parou de falar assim que viu nosso estado.
     -Estamos, pai.- sai do colo de Luke e ele se levantou, ajudando-me a levantar também.
     -Tem certeza?
     -Temos sim.- respondi- Eu só torci o pé, mas nada demais, ainda dá pra andar.- falei, mas, quando fui dar um passo, meu pé falhou, e eu quase fui ao chão novamente, graças a Luke, isso não aconteceu. Passei o braço pelo seu ombro, usando-o como apoio.
      -Precisamos levar você ao hospital!- Phil exclamou.
      -Não, Phil.- falei, vendo que o desespero dos dois era desnecessário- Eu só vou colocar um pouco de gelo, e daqui a pouco ele vai estar melhor.
      -Vou pegar gelo!- Phil exclamou, indo até a cozinha.
      -Você ainda vai ao almoço?- Luke perguntou, me ajudando a caminhar até o sofá.
      -Claro que vou.- respondi, sorrindo- Só vou precisar de ajuda pra andar, e outro sapato.
      -Tudo bem, eu pego outro sapato pra você.- Luke me ajudou a sentar e colocou minha perna esticada na mesa de centro. Meu estômago se revirou, e senti um arrepio quando ele tocou em minha pele descoberta.
      -Tem uma rasteirinha marrom na minha mala.- falei com a voz fraca - Pegue para mim.- ele fez um joia com a mão e saiu.
      Phil voltou, segurando um pacote de legumes congelados.
      -Não tinha gelo.- ele deu o saco para mim e eu coloquei sobre o tornozelo, soltando uma leve arfada pelo contato.
       -Obrigada.- agradeci.
       -Luke!- o mais velho gritou, e o menino desceu as escadas, segurando meu sapato.
       -Oi, pai?- o garoto se aproximou, sentando na mesinha. Achei que ele fosse apenas sentar, mas, ao invés disso, ele começou a tirar o salto que eu usava.
       -Sua mãe já deve estar me esperando.- Phil falou, encarando a cena com as sobrancelhas levantadas- Eu vou indo, mas eu aviso que talvez vocês se atrasem.
       -Tudo bem.- Luke deu de ombros e terminou de tirar meus saltos, substituindo-os pela rasteirinha.
       -Obrigada.- agradeci, sorrindo boba. Eu queria agarrar ele naquele momento e dizer que o amava, e queria-o me ajudando assim todo dia, mas me contive.
        -Então, até daqui a pouco.- Phil disse, caminhando até a porta.
        -Até.- respondi, me virando um pouco para ver o homem.
         -Tchau, pai.- Luke também se despediu.
         Assim que o homem fechou a porta, Luke se virou para mim.
         -Você não tomou café, certo?- perguntou, e eu apenas acenti- Eu vou trazer alguma coisa pra você.- ele levantou, mas antes que saísse, eu segurei seu braço. Ele virou a cabeça lentamente, e eu pude sentir seus pelos arrepiados- Precisa de mais alguma coisa?- perguntou, mas eu neguei.
        -Só queria agradecer por estar sendo tão gentil comigo.- sorri e ele sorriu em resposta.
        -Amigos são para isso, Sah.- meu sorriso vacilou com sua resposta, mas eu me recordei do meu debate mental no chuveiro, e apenas concordei com a cabeça.
         -Amigos, claro, são para isso.- seu sorriso também pareceu vacilar, e eu apenas soltei se braço.
        Luke foi para a cozinha, e eu permaneci sentada, encarando o nada, perdida em pensamentos que não levariam a nada.
       -Aqui.- me assustei ao ouvir a voz de Luke, que sentou ao meu lado e me estendeu um prato com panquecas- Eu trouxe café, mas se quiser eu posso buscar suco...
       -Tudo bem,- sorri, meio boba - café está perfeito.
       Ele sorriu de volta e se arrumou no sofá.
       Um silêncio confortável reinava no local. Era como se nossos pensamentos estivessem equilibrados, e não houvesse a necessidade de iniciar um diálogo.
       -Terminou?- Luke quebrou o silêncio.
       -Terminei.- entreguei o prato para o garoto, lambendo meus dedos sujos de calda.
        -Quer ajuda para caminhar até o banheiro?- perguntou, se levantando e estendendo a mão.
        -Não precisa.- sorri, segurando sua mão para levantar. Um choque percorreu meu corpo, mas tentei fingir normalidade.
       Em um silêncio, tão alto que incomodava meus ouvidos, eu e Luke seguimos para o banheiro. Confesso que subir as escadas foi difícil, mas não quis preocupar meu companheiro.
    -Vou te dar privacidade.- ele disse quando entrei no banheiro. Eu acenti e fechei a porta.
    Lavei minhas mãos, escovei os dentes e passei batom. Agora estava definitivamente pronta.
    Tínhamos ainda algum tempo antes do horário do almoço, então Luke e eu ficamos sentados no sofá conversando sobre coisas bestas, como séries e o porquê Ameaça Fantasma era o pior Star Wars.
    Quando deu meio dia, saímos da casa de Claire.
    Meu tornozelo estava melhor, mas Luke insistiu em me ajudar a caminhar até a casa.
    Tocamos a campainha, e quem atendeu foi Glória, que gritou ao me ver.
    -Sara!- me abraçou com força - Quanto tempo!- ela se afastou e segurou meus ombros, analisando meu rosto- Você ficou tão linda! E esse vestido está perfeito.
    -Obrigada, Glória.- agradeci, sorrindo- Você também não mudou nada!
    -Ahh, querida, deixa disso.- ela riu, batendo em meu ombro levemente - Phil disse que você caiu.- seu semblante mudou para preocupação- Seu tornozelo está melhor?
   -Tá sim.- acenti.
   Glória então me puxou para dentro, tomando cuidado para não me derrubar. O pobre Luke ficou de escanteio, já que a mulher tinha toda sua atenção voltada à mim.
    Chegamos no quintal. A decoração era deslumbrante. Havia diversos vasos com flores coloridas, e várias mesas espalhadas pelo gramado, com toalhas brancas.
    -Haley!- Glória chamou- Sara e Luke chegaram!
    Haley, que conversava com um dos convidados do almoço, desviou a atenção da conversa e sorriu para nós dois. Ela pediu licença para o homem e caminhou até nós.
   -Oi, gente!- cumprimentou, animada, dando um abraço em mim e depois em Luke-Seu tornozelo está melhor?- ela perguntou e eu acenti, achando graça da preocupação exagerada de todos eles- Bom,- Haley se virou, apontando para uma mesa onde havia um homem sentado- Aquele é o Toby, Sah, seu par no casamento.
    Eu observei o rapaz. Ele era alto, tinha um corpo forte, que marcava na camisa social. Sua pele era escura, o cabelo curto e ele tinha uma barba. Fiquei impressionada, Haley me disse que ela era bonito, mas não tinha feito jus ao que eu via.
     Luke murmurou alguma coisa, que eu não escutei por estar distraída, e se afastou. Minha amiga segurou o meu braço e caminhou até a mesa.
    -Toby!- ela chamou o homem, que desviou o olhar da taça de champanhe- Essa é amiga que eu comentei, Sara.
    O homem sorriu e estendeu a mão para mim. Eu apertei ela, sorrindo também.
     -Vou deixar os dois se conhecerem.- Haley disse, saindo de perto de nós.
     -Posso?- perguntei, apontando para a cadeia na sua frente.
     -Claro.- ele respondeu, e eu puxei a cadeira, sentando.  -É bom te conhecer.- comentou, bebericando seu champanhe - Haley me disse que você era brasileira.
    -Sou.- respondi- Eu nasci lá, e vim pros EUA fazer intercâmbio.
    -Mesma história.- ele riu- Sou de Cuba. Vim pra cá estudar direito á cinco anos. Conheci Dylan em um show e viramos melhores amigos.
    -É,- sorri- um show é um lugar propenso para conhecer o Dylan.- ele riu, e eu virei a cabeça, vendo, sentando em uma mesa a alguns metros de nós, Luke. Ele estava sentado em uma mesa junto de Claire, Phil, Glória, Jay, Cam e Mitchell e Lili, e observava nós dois com um olhar estranho.
    Fingi que não vi e voltei a atenção a Toby.
   -Quer algo para beber?- ele perguntou, e eu acenti- Pode ser champanhe?
    -Claro.- aceitei, e ele se levantou, caminhando até uma mesa de bebidas e pegando uma taça para mim.
   -Não precisava pegar para mim.- eu falei, envergonhada.
    -Só estou sendo cavalheiro com uma bela moça.- ele piscou para mim e eu ri.
    Conversamos a tarde toda. Toby era um cara muito legal, era inteligente e - meramente comentando - bem atraente.
    Depois do almoço, Haley se juntou a nós e Dylan também.
     Perdemos a noção do horário, já que a conversa, principalmente entre mim e Toby, fluía perfeitamente.
    Quando percebemos, já era de noite, e grande parte dos convidados já haviam ido embora.
    Luke, que passou o almoço todo na mesa junto da família, parou ao meu lado e perguntou:
    -Eu vou indo, quer ir também?
    -Eu...- antes que eu desse resposta, Toby me interrompeu.
    -Eu levo ela.- Luke fez uma expressão nada contente, mas suspirou e deu de ombros.
     -Tudo bem.- ele acentiu- Tchau.- disse, saindo de perto de nós e indo embora.
     Conversamos por mais um tempo, e quando Haley e Dylan disseram que iriam embora, nós resolvemos ir também.
    Me despedi de Glória e Jay e nós saímos.
    -Quer parar em algum lugar para comer.- Toby perguntou, e eu concordei.
     Saímos do condomínio de Jay, indo até o trailer de cachorro quente mais próximo. Pegamos nossos pedidos e nos sentamos na sarjeta.
    -Uma coisa que sinto falta no Brasil, além de várias outras coisas, é a comida.- comentei, observando o cachorro quente anticlímax que comia.
    -Meu Deus, sim!- ele exclamou com a boca cheia de mostarda- A culinária daqui é péssima!
    Eu ri, apontando para o rosto do homem.
    -Você tá com a boca toda suja.
    -Onde?- ele perguntou, passando a mão no lugar errado.
   -Aqui.- respondi, usando meu guardanapo para limpar o local sujo.
      Toby segurou meu braço, olhando no fundo dos meus olhos. Ele se aproximou, pronto para selar nossos lábios, mas eu me afastei.
    -Desculpa.- ele se afastou também, soltando meu braço.
     -Tudo bem.- tranquilizei ele.
     -Eu... Desculpa mesmo.- ele parecia mega envergonhado, e eu tentei confortar ele.
      -Tudo bem, de verdade.- sorri- Juro, Toby, que o problema não é você. Eu só... Eu estou tentando superar um antigo amor, e acho que não devo afogar essas mágoas beijando outro.
      -Eu entendo.- ele sorriu, abaixando a cabeça- Se quiser falar sobre, pode contar comigo.
     -Eu...- olhei para meus pés - Eu gosto...- pendi a cabeça- Eu amo uma pessoa, mas infelizmente não é correspondido. Estou tentando esquecer nosso envolvimento no passado, tentando seguir em frente, esquecê-la.
    -É o garoto Dunphy, não é?- ele perguntou, sorrindo de canto.
    -É...- suspirei, brincando com a embalagem do lanche.
    -Imaginei.- Toby riu- Vocês, o jeito que se olham...- ele virou o rosto para mim- é bem único.
    Eu observei o céu estrelado, me lembrando do dia em que eu e Luke transamos. Naquela minivan, a luz do luar, eu senti, pela primeira vez, algo que achei que nunca sentiria.
    -Acho que vocês dois combinam.- ele disse, mordendo seu cachorro quente.
    -É, quem sabe.- murmurei, mordendo o meu também.
     -Sabe, Sah.- eu o olhei de canto- Eu gostei muito de você. Podemos ser amigos e esquecer o episódio do beijo?
     -Por mim, pode ser.- sorri, feliz por ter feito um novo amigo.
     -Então, como seu amigo, te dou um conselho. Minha mãe sempre me disse que, quando é para acontecer, acontece. Se você e Luke forem predestinados a ficarem juntos, então vocês ficarão. Se não...
    -Não ficaremos.- suspirei.
    -Infelizmente, não podemos controlar o sentimento alheio.
     -Eu sei.
     Um silêncio ensurdecedor pairava entre nós. Minha cabeça girava a mil, pensando em tudo. Pensei na noite passada, pensei na conclusão que cheguei, na queda, no olhar, no toque. Eu odiava a confusão que minha mente estava.
    Continuamos comendo, agora em silêncio. Depois de acabarmos, Toby me levou para casa.
     -Lembre-se, destino é destino.- ele disse antes que eu saísse do carro.
     -Lembrarei.- falei, dando um beijo na bochecha dele e saindo.

    Quem é vivo sempre aparece!!
    Tô sumida a meses, mas é porque aconteceu muita coisa.
    Sendo sincera, eu pensei seriamente em parar de escrever a fanfic, porémm decidi continuar e ver no que dá.
    O capítulo ficou ruim, mas escrevi na pressa.
    Espero que gostem, beijos!!
     
    
    
     

18- Luke Dunphy (Reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora