Para seu próprio espanto, Vince Seingalt constatou que todos eram mais fortes e mais velozes que ele. Obviamente, isso resultaria em prejuízos. Ele já contabilizava uma coleção de chagas preocupantes: uma flecha atingiu o seu flanco direito, produzindo mais um ponto de dor lancinante; um caçador conseguiu pegar próximo aos restos mortais do vampiro Alfred a arma de Karl Lee Rush e disparou dois tiros seguidos contra ele. Nenhum o acertou diretamente, é verdade, mas os estilhaços do ponto de mármore atingido pela bala produziram cortes profundos em sua perna esquerda. A mais profunda ferida – a da perfuração a punhal no ombro – o extenuava, e o vampiro sentia o sangue perdido comprometer seu desempenho. A visão parecia escurecer e o corpo fraquejava ao correr a mais curta distância. Mas ainda assim ele insistiu, numa imitação limitada do que foi sua antiga perícia: derrubou escada abaixo um caçador; virou uma armadura de ferro decorativa em cima de outro, numa intenção desesperada de formar uma barricada entre ele e o outro guerreiro; desmaiou o líder dos caçadores, fato já mencionado antes, o que causou desespero em todos aqueles que ficaram; armou-se de uma lança que fazia par à armadura derrubada e entregou ao fim do longo duelo uma meia dúzia de mortos. Um caçador solitário, temente de enfrentá-lo, apenas correu. Sem forças para segui-lo, Vince, apoiado na lança com que matou ou feriu seriamente todos aqueles que o caçavam, arrastava-se, murmurando qualquer coisa sobre ter que se vingar do garotinho que o atacou com o punhal.
(...)
Sean, Margarida e seu pequeno aliado buscavam uma saída, mas, quanto mais andavam, mais se perdiam. O castelo imenso e cheio de corredores demonstrava ser inútil o plano de Vince sobre esconder os irmãos em algum ponto inacessível aos caçadores. Quem adentrasse aquela edificação, pelo contrário, se sentiria perdido ao invés de localizar qualquer coisa.
– Eu acho que deveríamos descer em vez de subir – sugeriu o menino.
– Não sei se é uma sugestão segura – Sean argumentou – poderíamos estar descendo até algum tipo de calabouço, porão, vai saber.
– Acho que deveríamos ter memorizado melhor quantos andares subimos – disse Margarida.
– Naquela hora em que andamos por aquele caminho em escalada circular, com certeza estávamos subindo; mas quantas voltas demos naquilo?
– Olhe, eu não sei, menino. Se pudéssemos achar aquele caminho de novo, era pelo menos certo que estaríamos descendo. É inacreditável um lugar com tantos cômodos! Parece infinito!
– Vejam! – Margarida apontou – Já não tínhamos passado por aquela estátua de sereia?
– Não, não.
– Como pode saber, Sean?
– Eu me lembro de, embaixo dela, os ladrilhos serem preto e branco. Veja: esta tem a base inteiramente em mármore, portanto não há de ser a mesma. Além disso, esta é branca, e aquela era dourada.
– Oh, é verdade...! Me sinto a cada minuto mais e mais enfadada e cansada de tudo isso... o que custa a eles nos deixarem partir?
– Será que eles já acabaram?
– Quem, menino?
– Ora, quem? Os vampiros. Será que já morreram todos?
– Claro que não. Ainda deve ter mais deles escondidos por aí. O principal deles parece ter falado algo assim.
– Eu também ouvi.
– Abrir qualquer porta, neste cenário, é um perigo.
– É verdade. Temos de ser cautelosos. E eu odeio ser cauteloso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vampires will never hurt you
VampireHelena é sobrinha dos Lee Rush, uma tradicional família de caçadores de vampiros da Inglaterra vitoriana. Com apenas 16 anos, assume uma inusitada responsabilidade: servir como isca sedutora para monstros ávidos de luxúria e sangue. Por trás de tão...