- Onde ele está?
- Foi naquela direção que o vi!
- Em frente?
- Sim!
- Vejam! Ali está ele! Atirem!
Os caçadores naquela noite estavam em polvorosa. Um raro exemplar de meio-vampiro havia acabado de escapar das mãos de um curador de museu, que pretendia acumulá-lo em sua coleção particular de monstros. Como só um nicho bem específico da sociedade, no caso os caçadores e colecionadores, conheciam a essência dos vampiros, era impossível conduzir a luta para os lados da cidade sem arriscar a vida de todos os habitantes da zona urbana. As autoridades acreditavam que, se vazasse a notícia de que vampiros circulavam em meio aos cidadãos comuns, haveria um grande pandemônio. Por isso, o único argumento cabível para justificar aquela perseguição, era a de que havia um perigoso ladrão à espreita.
- Tranquem suas casas, senhores e senhoras! Não permitam que o mal adentre sua porta! - esgoelava-se um mensageiro, quase rouco.
Ruas inteiras foram fechadas para isolar o suposto ladrão. Helena, na sua carroça, reconhecia o caminho, e percebia que estava a duas ruas de casa. Depois do que o menino mensageiro repassou, ela achou melhor descer logo e voltar para casa antes que sofresse um assalto. Ademais, com a via bloqueada, ela não ia poder acessar o resto do trajeto indo de carona. Tomou sua pesada mala e, contrariando tudo o que considerava seguro, avançou andando.
A poucos metros dali, os caçadores praguejavam a fuga da caça. O garoto era, de fato, muito veloz. Tinha ainda correntes presas aos pés e, apesar disso, voava por cima das cercas e muretas como se tivesse asas nos pés.
- É aquele ali! Atirem!
- Bastardos! Vão se arrepender por isso! - rosnou a criatura, um espécime pálido com voz de adolescente.
- Parado, maldito! - um dos caçadores bradou em resposta, ao ver que, mesmo crivado de flechas, o teimoso vampiro não parava de correr - Vermes como você nem deveriam estar neste mundo!
- Aqueles que estão comigo acabarão com vocês! - ameaçou o jovem novamente - Eles virão me resgatar!
- Esse desgraçado não desiste! Continuem, ele está a poucos passos de nós! - disse o líder da perseguição.
Um arqueiro alimentou novamente sua besta e disparou mais algumas setas.
- É o seu fim! Renda-se!
Ao correr mais alguns passos, o vampiro se viu encurralado pelo encontro dos muros de três casas. Não havia mais saída.
- Não há para onde escapar! - foi o coro vitorioso dos caçadores.
- Fique quietinho. Iremos matá-lo bem lentamente...
- Nem pensar - interrompeu um sujeito de cartola, cavalgando lado a lado com os caçadores.
- O monstro deverá ser levado vivo - explicou o líder dos caçadores - Temos compradores para ele.
- Compradores? - perguntou uma caçadora, abismada.
- Isso mesmo, Angela. Compradores!
- Antes de discutirem meu destino como se eu não estivesse aqui, era melhor verificarem se realmente têm condições de me capturar! - esbravejou a criatura.
Helena, que arrastava sua mala, verificou a multidão que se concentrava naquele ponto entre três casas.
- Tragam o ladrão para cá, para que receba o tratamento adequado! - gritou uma dona de casa, da sua janela, com uma panela em riste.
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Vampires will never hurt you
VampireHelena é sobrinha dos Lee Rush, uma tradicional família de caçadores de vampiros da Inglaterra vitoriana. Com apenas 16 anos, assume uma inusitada responsabilidade: servir como isca sedutora para monstros ávidos de luxúria e sangue. Por trás de tão...