Capítulo 4 - Martinellis

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Para manter uma linhagem de ótimos caçadores e exterminadores de vampiros, não basta ter habilidade e força, é necessário ter bons aliados e, lógico, uma isca que atraia a atenção dos inimigos. Os maiores requisitos para ser uma isca são: uma extraordinária frieza, beleza e juventude, pois tal tarefa exige muito do corpo e da mente. O corpo deve ser treinado para não se machucar em hipótese nenhuma, e a mente, para não enlouquecer diante de uma atividade tão degradante. Vale ressaltar que preparo físico não é o meu forte, e em situações de luta, sempre saio em desvantagem...Mas, de alguma forma que não compreendo, todos concordam que sou necessária, e eu sigo prestando novos serviços à família.

Meu nome é Helena, tenho cerca de dezesseis anos. Sou a isca à frente da família Lee Rush. Pelo que ouvi dizer, sou filha de uma ex-caçadora de vampiros que se apaixonou por um aventureiro. Até os dez anos de idade, vivi em companhia dela...e de seus muitos fregueses. Isso, até o dia em que ela fora acamada por uma doença misteriosa e faleceu, me deixando completamente sozinha. Após uns dois anos em um orfanato, recebi uma visita misteriosa. Era um senhor que se apresentou como sendo meu tio por parte de mãe. Seu nome era Karl Lee Rush. Eu não o conhecia, obviamente, e ele me explicou que ele e minha mãe haviam perdido o contato desde antes do meu nascimento.

Uma vez introduzida no seio da casa dos Lee Rush, fui apresentada a parentes como Angela, Bernard, Michel e Anthony, filhos de meu tio. Como os outros dois não foram mencionados antes, vocês devem ter entendido que se tratam de pessoas falecidas. Eles foram mortos meses antes do confronto que culminou na morte de meu noivo. Richard era um jovem e promissor caçador, e todos diziam que ele era o mais forte do seu clã, Van Gloire. Ele se juntou aos Lee Rush após a gripe dizimar toda sua família. Apesar de eu ser, desde aquela época, a isca dos Lee Rush, ele me pediu em casamento. Achei que estivesse fazendo troça, mas mesmo assim acabei aceitando. Diariamente, ele tinha que reafirmar a sinceridade de seus sentimentos, pois eu convivia com o pesadelo de ser abandonada, devido às duras exigências financeiras de meu tio, para me libertar. Ele não hesitou nem por um momento em concordar com todo aquele absurdo. Eu devo a ele muito mais do que minha gratidão; devo literalmente a ele o fato de estar viva hoje.

Depois de sua morte, mudei completamente a forma de ver minha atividade. Se antes eu achava este um trabalho sujo, a continuação da rotina que minha mãe me infligia, hoje vejo a sedução como forma de obter tudo o que desejo, tanto dos homens quanto dos monstros. Os meios para atingir meus objetivos não me importavam, até o momento em que ele apareceu e me tratou de forma diferente de todos os outros. Se Arthur Seingalt fosse como os vampiros que o antecederam, eu não estaria desse jeito mais uma vez...

Richard, por favor, me ajude!

(...)

O viajante já havia tirado o colete e desapertado o cinto. Estava deitado no conforto de sua esteira de madeira apenas de ceroula e camisão quando escutou a porta ranger. Uma lamparina a seu lado deixava uma leve claridade no ambiente, o que o permitiu entrever a figura formosa de uma ninfa se aproximando.

- Helena? E você?

Sem nada dizer, ela se sentou na ponta da cama do desconhecido, já desatando o laço frontal de sua camisola.

- Então, vieste mesmo...!

- Preciso esquecer este dia horrível - ela disse em resposta, mas tão baixinho que ele não chegou a escutar propriamente o que ela dizia. Também não parecia interessado nisso - Venha...

Helena afastou os joelhos e levantou a barra do grande vestido de dormir. Suas coxas magras foram agarradas com força pelo homem, que, no ímpeto de puxá-la para si, a derrubou na cama com a cabeça para fora, quase tocando o chão. A sensação asquerosa e familiar daquela barba de adulto passeando por seu pescoço tenro a deixou nauseada, mas a menina estava disposta a driblar o sacrossanto lar das impressões pessoais para distrair, nem que fosse apenas seu corpo, das ideias envolvendo um certo vampiro dos olhos amarelos. A boca do desconhecido desceu para os seus seios, que ganharam beliscões, mordidas, lambidas, sugadas e novas marcas. Em seguida, o hóspede rumou para o seu ventre, que fora abençoado com carícias e preliminares incomuns à casualidade e à pressa. Diferente do que era habitual, Helena não o correspondia. Talvez nem tivesse se dado conta disso se o outro, preocupado com o seu prazer, não tivesse perguntado se ela estava com algum problema.

Vampires will never hurt youOnde histórias criam vida. Descubra agora