— Ele precisa que você vá até lá — disse o subordinado.
— Me leve até ele — respondi.
Não havia amanhecido há muito tempo quando fui chamado pelo anfitrião, com urgência. As batidas na porta haviam sido insistentes o suficiente para notar que havia algo de errado acontecendo, só não tinha ideia do que seria.
Estava receoso, mas muito curioso.
Na noite passada, assim que voltei da sala dos VIPs, desfigurei o rosto do meu irmão com o pé, para que ele não pudesse ser reconhecido, descontando todo meu ódio na sua carcaça. Depois arrastei o corpo de volta para o lugar, já vestido com o macacão vermelho, luvas e botas, e com dois novos buracos de bala nos lugares certos. Eles nem chegaram a notar a frieza da pele dele com as roupas, mas passei a noite atento, caso precisasse fugir.
Agora, caminhando de encontro com o anfitrião, só conseguia pensar em acabar com a vida do miserável, só não sabia exatamente como faria aquilo.
Depois de alguns corredores repetitivos chegamos numa ala com cheiro de hospital. Entramos numa sala branca, com luzes fracas, onde alguns médicos, também mascarados, se encontravam por perto, mexendo em algumas substâncias e aplicando no anfitrião, que estava sem máscara. Além dos médicos, um outro mascarado, de terno e maleta, estava bem ao lado do leito com documentos em mãos.
— Você chegou... — ouvi um fio de voz, mas sabia ser o anfitrião deitado, anunciando minha chegada. — Todos, menos você — falou para o cara da maleta —, por favor, se retirem. Preciso que essa conversa seja em particular.
Um dos médicos tentou argumentar contra aquilo, mas foi silenciado por um olhar duro do anfitrião.
Todos saíram, até os seguranças, só sobrando o cheiro de remédios e nós três.
— Não tenho mais tanto tempo de vida — tossiu —, e isso não é nenhum segredo. Será um milagre se eu sobreviver mais um dia... Pensei que teria mais tempo para dar um jeito na documentação...
Apenas assenti, com a cabeça levemente inclinada para baixo, fingindo tristeza.
— Se aproxime, você precisa assinar esses papéis enquanto ainda estou vivo.
O obedeci e peguei os papéis com as mãos trêmulas, com as emoções à flor da pele. A adrenalina corria pelas minhas veias.
— Eu quero ler antes de assinar — falei.
— Não confia no seu próprio pai? — perguntou, claramente incomodado.
— De olhos fechados, mas não confio nos outros.
Isso pareceu bastar, pois ele não fez nenhum outro questionamento.
Era um longo testamento. Percebi que mencionava um único herdeiro, mas sem menção direta a filho. E havia números de contas bancárias com mais zeros do que eu era capaz de contar. Isso abria brechas para que eu pusesse fim naquela organização criminosa sem muito esforço.
— Quero que fiquemos a sós — pedi.
— Nos dê alguns minutos... — disse num fio de voz.
Ouvi quando a porta bateu por trás de nós.
— Sabe — começou antes que eu pudesse dizer algo —, por mais que soubesse que esse dia chegaria, e que tenha me preparado, não deixa de ser difícil de aceitar. Todo o meu império nas suas mãos... — tossiu — eu não poderia estar mais orgulhoso, com medo, porém, muito orgulhoso.
— Está?
— Sim... estou.
Sem pensar muito, tirei minha máscara. Havia esquadrinhado o lugar desde que havia entrado e nenhum sinal de câmeras, se eu o matasse, ninguém saberia.
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Round 6 - O policial e a VIP
FanfictionO policial Joon-ho se vê encurralado por uma das VIPs. Sem alternativas, com medo de entregar sua posição, se dispõe e acompanhá-la a uma das salas particulares, onde seus desejos mais sombrios se revelam. *Isso é apenas uma história! Não romantizem...