O fim é um novo começo

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Desperto sentindo uma dor insuportável pressionando meus ombros e uma dor de cabeça latejante. Há uma iluminação intensa, forte o suficiente para me impedir de abrir os olhos e ver onde estou. Sinto meu corpo completamente molhado e gelado, e uma ardência em meus braços e pernas. Tento mover as mãos, mas elas estão presas. Tento mover as pernas, mas estou de joelhos e a amarração das minhas mãos me puxam para baixo. Pelo som que faz quando me movo, sei que são correntes.

Abro os olhos lentamente, levando um tempo considerável até me adequar ao ambiente, mas não entendo bem o que vejo, não sei o que faço aqui. A sala é ampla, branca demais, toda construída em mármore branco. No teto há várias saídas de ar, o que explica o meu frio, e a iluminação sai tanto do teto quanto das paredes. O chão à minha frente está molhado, com um rastro que se estende até grandes portas de aço de elevador. Há um pequeno painel com botão só de subida, o que deixa claro que estou no solo, e, logo acima da porta, o número 3 em vermelho, sinalizando o andar em que a cabine se encontra. Os últimos detalhes são a câmera de segurança, do tipo com sensor de movimento, e dois alto-falantes. É notório que ela está ligada, estou sendo observado. Ainda uso as mesmas roupas de antes e estou molhado, não posso estar aqui há muito tempo.

Passo a língua nos lábios e sinto um gosto salgado.

— Água do mar?! — falo e sinto minha garganta seca.

Ouço o barulho do elevador e ele está descendo. Segundo andar, primeiro andar, térreo e, finalmente, um P. Porão, talvez. As portas se abrem com um som característico e sinto um misto de emoções. Não sei se fico muito confuso ou aliviado.

— Olá, Policial — fala a VIP —, acordou rápido.

Ela está vestindo uma roupa de mergulho, mas sem os equipamentos, e está com um coque no cabelo.

— Foi você que me trouxe até aqui? O que está acontecendo? — Pergunto exasperado.

— Acho que essa primeira pergunta você pode deduzir sozinho, já a segunda, posso te ajudar se você for paciente.

— Você sabe que não sou. Onde estão meus superiores?

— Estão bem, sua missão está sendo um sucesso, inclusive.

— E o que eu faço aqui? Me solte! Preciso estar presente — forço meu corpo para frente e ouço o som das correntes.

— Vai acabar se machucando se continuar assim — fala como se eu fosse uma criança.

— Não me teste — rosno. — Apenas responda minhas perguntas e me tire logo aqui.

— Sair daí só depende de você, Policial. O problema é que não é algo fácil para você. — A encaro sem entender. — Me perguntou o que estava acontecendo, e a resposta é simples: Não consigo ficar longe de você. Perdi tudo que significava algo para mim e estava fadada a viver neste limbo de merda, até que você apareceu. Eu amo sexo e você me come muito bem, então não podia deixar a única coisa que faz minha vida fazer sentido ir embora, não é mesmo?

Cerro os punhos atrás das costas e prendo a respiração.

— Você acaba de anunciar que me sequestrou como seu escravo sexual e diz que sair daqui só depende de mim?

— Claro, veja se concorda comigo — se senta na minha frente de pernas cruzadas. — Se você aceitar ficar ao meu lado e saciar meus desejos, por livre e espontânea vontade, pode ser livre para ir e vir. Isso não é lógico para você? — Tenta tocar meu rosto, mas desvio o contato da sua mão. — Não é algo difícil, até agora você conseguiu cumprir bem esse papel sem que eu precisasse de tanto, então, por qual motivo recusar a proposta?

— Isso não é uma proposta, é uma tentativa miserável de me fazer acreditar que tenho algum controle sobre minhas escolhas — digo com repulsa. — Putinha, eu devia ter te prendido quando tive a chance.

— Devia, mas não fez, agora lide com isso — levanta e se estica. — Além de que eu já estaria morta, adiantaria todo o trabalho?

— Eu estaria livre, o que te acontecesse não seria mais da minha conta. Você não é especial, lembre-se disso.

— Quase senti o seu veneno me atingir... Quase. Te darei um tempo para pensar, Policial, estarei te vigiando lá de cima — ela me dá as costas e sai em direção ao elevador.

— Como me trouxe até aqui? Onde estamos? — Precisava de alguma informação útil.

Parou e tornou a virar para mim, parecendo refletir um pouco antes de falar.

— Meu plano inicial era te derrubar no subsolo, mas você não quis me levar até lá, o que teria facilitado muito meu trabalho. Acabei roubando sua arma e fiquei aguardando a oportunidade perfeita. Você baixou a sua guarda, então foi fácil te acertar com o cabo do revólver. A parte menos prática foi carregá-lo, tive que te arrastar por uma trilha longa, com medo de ser vista pelos outros, mas no final tudo deu certo. Na água foi mais fácil, só tive que colocar a máscara de mergulho para você não morrer. E o resto não irei te contar, é mais seguro se você continuar sem saber onde está.

— Não acredito que transei com uma vadia psicopata como você.

— Psicopata? — Gargalha. — Suicida até que vai, mas estou longe de ser psicopata.

— Você nunca vai ter o que quer! — Grito e ela volta a ir em direção ao elevador.

— Será? O homem só ama duas coisas nessa vida, outros homens e buceta, então continuo tendo esperanças.

— Se eu sair daqui, vou garantir que você apodreça no inferno.

— Mal posso esperar por isso — sorri para mim com desdém. — Até logo, Policial.

As portas se fecham e minha mente escurece em ódio pela minha fraqueza como profissional.

Estava completamente fodido.

*NOTAS DA AUTORA*

EU ACREDITO MUITO QUE TODA AÇÃO TEM UMA CONSEQUÊNCIA. EM HISTÓRIAS DE DARK ROMANCE ISSO ACONTECE DE UMA FORMA MAIS INTENSA, TUDO É MAIS REATIVO, E O POLICIAL E A VIP NÃO PODIA SER DIFERENTE. DOS QUE EU JÁ LI, ME INCOMODAVA OS FINAIS FELIZES, NÃO FAZ MUITO SENTIDO DARK ROMANCE SEM FINAL SOMBRIO OU EM ABERTO, COMO ESSE.

ESPERO QUE VOCÊS NÃO ME ODEIEM POR ISSO, MAS FOI O QUE FEZ SENTIDO NA MINHA CONCLUSÃO.

OBRIGADA A QUEM ME ACOMPANHOU ATÉ AQUI, VOCÊS SÃO INCRÍVEIS. E OBRIGADA A QUEM SEMPRE VOLTA PARA LER MEU PRIMEIRO CAPÍTULO E COMENTAR ALGO ENGRAÇADO, ME DIVERTE MUITO.

Round 6 - O policial e a VIPOnde histórias criam vida. Descubra agora