53. Conversa

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Meredith Pov.

Eu estou estática, parece que perdi a capacidade de emitir qualquer reação ou opinião. Andrew termina de me contar toda a história dele com a tal Dra. Remy e eu ouço tudo em silêncio, mas dentro de mim algo grita, não pela história toda em si, nós não estávamos juntos, não foi uma traição ou algo do tipo, não naquela época, mas nesse momento eu me sinto enganada.
É como se um espelho estivesse se partindo na minha frente e houvessem cacos de vidros espalhados para todos os lados.
Um nó se forma em minha garganta, sinto meu estômago roncar como se estivesse com fome, vazio. Eu nunca pensei que Andrew, logo ele, escondesse algo assim de mim esse tempo todo, e isso doeu mais do que eu poderia imaginar.

Eu fito o lado de fora da janela e tento me recuperar de toda essa informação.

-Caramba, preciso trocar essa cortina. Vou colocar na agenda.

Levanto e pego o celular que deixei no banheiro. Andrew acompanha meus movimentos com o olhar.

-Meredith...Mer...

-Oi...é... você pode me deixar um pouco sozinha?

Ele se aproxima de mim quando sento na cama, tenta segurar minha mão, mas eu não deixo e dedico todo meu olhar para o bloco de notas do celular, enquanto digito bobagens sobre a cortina. É como se meu cérebro quisesse escapar desse momento e de qualquer discussão.

-Mer, eu sei que eu errei em não ter contado logo, mas por favor diz alguma coisa! Nem que seja para me xingar, brigar... esse silêncio todo... Por favor, eu preciso saber o que você está pensando.

-Andrew, eu quero ficar sozinha.

Ele levanta da cama, anda de um lado para o outro e coça a cabeça. Sei que ele está nervoso e angustiado, principalmente pela minha reação silenciosa. Andrew e eu quase nunca brigamos, até nossas discussões são por motivos bobos. Para falar a verdade eu nem sei como reagir nesse momento, então prefiro me fechar. 

-Ok. Mas a gente vai conversar depois? Mer, eu...

-Eu não vou pedir de novo.

-Mas...

Eu volto meu olhar para ele por uns segundos e então ele sai. Reflito sobre tudo com calma, tento enxergar com sabedoria e parece que só piora.
Conformo penso e relembro das coisas que já conversamos sobre a vida dele na Itália, digo em voz alta para que eu mesma ouça "em momento nenhum ele achou que me contar que engravidou alguém fosse importante? Como ele pôde?"

Agora eu estou realmente chateada.
Já são quase 23 horas e sei que ele precisa tomar o remédio que fica ao lado da cama.
Como o esperado ele entra tentando não fazer barulho, pisando nas pontas dos pés para não me acordar, como se eu fosse conseguir dormir depois disso.

-Eu estou acordada.

-Só vim pegar os remédios. Você está bem? Quer conversar?

-Eu quero um motivo para você não ter me contado que engravidou a Dra. Remy, um motivo!

Ele me olha e senta na beira da cama perto de mim. Eu sento, cruzo minhas pernas e continuo.

-Quando você voltou eu perguntei sobre sua vida na Itália. Nós conversamos sobre várias coisas naquela viagem da Suiça. Expomos nossos receios e nossos sentimentos, mas parece que você esqueceu de uma parte bem importante.

-Eu não sabia como contar sobre isso antes. Eu tinha acabado de ter você de novo, nós estávamos recomeçando, eu estava eufórico por estar com você, por estarmos bem outra vez.

Depois do Fim (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora