41. Quebrando as regras

296 24 77
                                    

Meredith Pov.

-Afasta!

-Meredith, já estamos tentando por quarenta minutos. Ela se foi.

-Owen, não! Eu não posso deixar isso acontecer, ela não pode morrer assim, não é justo. Afasta...

Uso pela última vez o desfibrilador, mas infelizmente Gloria não resistiu a cirurgia. Nesse momento eu só consigo imaginar por tudo que ela passou para chegar até aqui. Eu me sinto impotente, desolada, a vida dela dependia única e exclusivamente de mim e eu não consegui ajudá-la.

-Hora do óbito 11:27.

Owen declara e eu saio da sala atordoada para o lavatório. Depois de me higienizar ando pelos corredores com uma sensação estranha de vazio e tristeza. Eu não conhecia Gloria, mas isso não importa, eu só consigo agora me sentir culpada por não salvá-la, e por aquela criança estar sozinha no mundo que ela não faz ideia do que seja. Droga, ela disse que a criança só tinha ela, eu preciso respirar, eu preciso do Andrew agora e do abraço dele para tentar amenizar essa confusão que eu estou.
Mando mensagem, mas ele não responde, deve estar em cirurgia. Ando vagando pelos corredores do Hospital, eu já nem lembro em que andar do prédio eu estou, dou de contra com Nick, e eu não sei se é uma miragem ou se ele está realmente aqui.

-Ei, oi. Tudo bem?

Ele me pergunta segurando meus braços e olhando pra mim.

-Não, nada bem...eu...eu preciso...

Eu fico em silêncio e ele apenas me puxa pela mão e me leva até a sala de atendentes que eu nem estava vendo na minha frente.

-Calma, vou pegar uma água pra você.

Eu sento no sofá, massageio minhas têmporas e sinto um nó se formando em minha garganta, ao lembrar do último contato que aquela criança teve com a tia.

-Toma aqui, você parece nervosa.

-Eu perdi alguém, a tia da menina que você levou.

Ele passa as mãos no cabelo e senta ao meu lado no sofá.

-Eu sinto muito Meredith.

-Eu também, mas aquela criança vai sentir muito mais. Eu nem consigo mensurar pelo que ela vai passar...

-Bom, ela vai passar por muita coisa ainda.

Ele fala cabisbaixo e passa as mãos no rosto antes de continuar.

-Como assim? O que você sabe? Você atendeu ela não é? O que você está fazendo aqui afinal? E por que está usando nosso uniforme?

-São muitas perguntas de uma vez Doutora Grey, vamos por partes. Eu acabei de me mudar para Seattle, tinha uma entrevista com a Dra. Bailey hoje, como aconteceu essa emergência e ela já me conhece, ela me deu o privilégio para ajudar.
Quanto aquela menina, a Marisol, eu estava com um residente verificando se ela estava bem, e uma das pessoas que estava no caminhão com a tia dela, me contou que Marisol tem leucemia e que a tia resolveu entrar aqui no país ilegalmente, para tentar conseguir tratá-la de alguma forma, já que ela não tinha nenhuma condição de cuidar dela no México.

-Você tá falando sério? Leucemia?

-Sim.

-Claro, como se perder a tia e ficar sozinha no mundo não fosse o suficiente, ela ainda tem que passar por uma doença como essa, mas que droga.

Eu baixo a cabeça, apoio meus cotovelos no joelho, refletindo sobre isso tudo.

-E agora o que vai acontecer? O Hospital está cheio de policiais...

Depois do Fim (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora