Chapter Four

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Pela manhã, eu já estava descoberto e tremendo de frio, deitado no chão gelado. Apertei os olhos algumas vezes antes de abri-los e dar de cara com a claridade. Encostei a cabeça na parede e fiquei encarando o teto. Eu havia sonhado ou realmente tinha sido tudo verdade? Continuei ali. Parado. Sweeting havia sido apenas minha imaginação desesperada por atenção e carinho? Mas ainda sim ele parecia belo em meus pensamentos.

Ouvi murmúrios na sala ao lado, e assim que levantei a cabeça, pude ver três grandes borrões ali, de frente para mim.

- Bom dia, bela adormecida. - Disseram com cinismo.

- Bo-

- Não responda! - Minha cabeça estalou com o barulho auto do grito - Tragam o vinagre!

- Eu não quero.

- De novo? - Assenti - Você prefere morrer de fome?

- Sim...

- Escute garoto - Agarraram meus cabelos com força e jogaram minha cabeça contra a parede - É melhor você aceitar o que estamos te oferecendo, porque não vamos te dar outra coisa, e precisamos de vossa excelência com vida.

Cuspiam as palavras no meu rosto e eu apenas me virei, com medo de abrir os olhos e correr algum risco maior. 

- Você entendeu?

- Y-Yeh.

- Ótimo. - Soltaram-me - Alimentem esse magrelo.

O outro que estava ali pareceu assentir e imediatamente enfiou a esponja encharcada no meu rosto. Eu odiava aquilo. Odiava o gosto do vinagre. Mas eu não tinha outra escolha. Oh Deus, eu não tinha outra escolha! Queria poder sair daquele lugar horrível. Das mãos daquelas pessoas agressivas. Apenas poder voltar para casa.

- Não se atreva a chorar! - Gritaram comigo ao perceber meus olhos marejados.

- Eu também sou humano! - Juntei forças para berrar.

Levei um tapa no rosto como resposta.

—-✖—-

Meu lábio ainda sangrava, mesmo que eu já tivesse feito o possível para que parasse. O gosto de vinagre com sangue em minha boca era horrível e eu só queria poder levantar dali e ir escovar os dentes, pelo menos.

O resto da tarde foi como todas as outras, mas dessa vez eu tinha um problema a mais com sangue. Já tinha sujado toda minha única camisa e isso estava realmente me incomodando.

Não chovia como no dia anterior. E pensar em chuva fez minha mente dirigir-se novamente a sweeting. Se ele era mesmo real, voltaria nesta noite, como prometido? 

Sinceramente, era o que eu esperava.

—-✖—-

Assim que anoiteceu, deixei com que minhas expectativas de que ele viria ficassem significativas. Não conseguia tirar os olhos da porta, esperando aparecer o vulto que eu desejava que estivesse ali. Porém, o sono acabou me vencendo, e aos poucos meus olhos foram se fechando até eu estar cochilando.

- Ouch... - Ouvi algo se debater.

- Quem está ai? - Acordei assustado.

- Desculpe ter te acordado, Zén... - Oh, era ele.

- Yey, você veio! - Sorri.

- Eu disse ontem que voltaria. - Sweeting se sentou de frente para mim. - O que houve com se-

- Levei um tapa.

- Oh - Ele hesitou antes de tocar. Os dedos tão macios... - Dói?

- Uhum.

- O que você fez para te baterem?

- Fui rebelde - Tentei fazer minha melhor cara de badboy.

- Oh Zayn - Sweeting começou a rir, mas antes que ficasse mais alto, ele parou. - Desculpa...

- Desculpar por quê?

- Bom, e-eu... - O encarei. Céus, como eu queria poder vê-lo!

- Você tem vergonha da sua risada? - Houve silêncio - Uhn?

- E-Eu n-não gosto d-dela...

- Oh swe... - Parei. Eu ia chama-lo de sweeting! Zayn, você é louco? - Quero dizer, tenho certeza de que não é, querido. Posso te chamar de querido?

- C-Claro.

- Precinto que suas bochechas estão coradas agora. - Sorri de canto - E que você sorriu.

- Talvez - Ele riu baixinho como sempre fazia.

- Você se importa se eu... uhn... - Levantei minhas mãos amarradas - Tocasse seu rosto?

- V-Você... uhn.. p-por que quer tocar meu r-rosto?

- Tudo bem se você não quiser. Na verdade eu devo estar parecendo um idiota agora. Prometo que vou pa-

Antes que eu pudesse terminar meu vexame, senti o toque de suas mãos nas minhas e hesitei, surpreso. Sweeting as guiou até que eu estivesse tocando algo macio. Oh céus! Eu nunca tinha tocado algo tão delicado! Pressenti ser seu rosto. E realmente tive certeza quando deslizei meus dedos pela superfície. Eu estava tocando sua bochecha. Ela estava tão quentinha e era tão macia. Contornei seu rosto até o maxilar, e tudo era tão delicado, tão gracioso, tão leve que eu tive vontade de... beijá-lo.

- Você está ronronando?!

- O quê? E-Eu...

- Simplesmente adorável - Ri.

- Você vai deixar com que eu cuide do seu machucado ou...?

- Oh, essa deve ter sido a frase mais longa que você já disse sem gaguejar - Tirei sarro.

- Pare Zayn!

- Oh, ele se enfezou. - Gargalhei. - O que vai fazer senhor sweeting vai fazer?

Oh. Eu o chamei de...

- Do que você me chamou?

- E-Eu? N-Não te chamei de n-nada...

- Sweeting... - Senti meu coração ir até a boca e voltar. Ele era tão adorável! Jesus, eu quero morrer!

- Eu posso exp-

- Você inventou esse apelido para mim?

- Bom, eu... - Suspirei - Yep.

Houve silêncio. Oh Zayn, por que você tem a boca tão grande? Seu idiota!

- Olhe, me desculpe. Eu sou um idiota que fica criando apelidinhos para as pessoas e-

- Você dá apelidos carinhosos para todos? - Senti desapontamento em sua voz.

- E-Eu... - Respirei fundo - Não. Eu não dou.

- E você se ocupou em criar um para mim?

- Sim. - Bufei, com raiva de mim mesmo - Sou um idiota, eu sei.

- Eu adorei. - Ele sussurrou.

- O que disse? - Perguntei surpreso.

- Eu adorei. - Seus dedinhos tocaram meu rosto. Por um minuto meu coração parou. - Adorei o apelido que você me deu.

- S-Sério?

- Yep - Senti o calor de seu rosto próximo ao meu.

- Que bom - Escancarei um sorriso. - Você pode me chamar de Zayne se quiser...

- Zénie - Tive que me segurar para não atacá-lo com um beijo. - Tudo bem.

- Sweeting?

- Sim? - Ele murmurou.

- Eu gosto da sua risada.

- Mas você nunca a ouviu.

- Eu também nunca o vi, mas mesmo assim sinto algo por você.

State of the dark ➸ z.hOnde histórias criam vida. Descubra agora