- Por que está chorando? - Perguntei.
- Por favor, Zayn, podemos conversar depois? - Ele secou algumas lágrimas que insistiam em cair.
- Você é um deles, não é mesmo? - O encarei.
- Eu estava com medo de contar e voc-
- É inacreditável. - Respirei fundo, engolindo o choro.
- Zayn...
- Você mentiu pra mim. - Disse com desgosto.
- Por fa-
- Por que mentiu? - O encarei.
- Eu tinha medo que vo-
- Estou decepcionado com você. - Falei baixo. - Na verdade, estou decepcionado comigo mesmo. Não acredito que fui tão tolo a ponto de acreditar em tudo isso...
- Não pen-
- Mas é claro! Como fui tonto! - Gritei, com raiva. - Agora tudo faz sentido.
- Do que está falando, Zayn? - Seus olhos estavam marejados.
- É claro que foi tudo um plano! - Sorri de canto, com desgosto. - Eles mandaram você para me manter preso aqui, para ocupar minha mente.
- Eu não estou-
- Fizeram com que eu ficasse pensando em você durante todo o tempo, para não lembrar de tentar fugir. - Mordi o lábio, engolindo o choro.
- O quê? Não! Claro que não! Não pense que eu faria isso com você, Zaynie. - Ele implorou.
- Me chame de Zayn. - Levantei o olhar. - Vá embora, me deixe sozinho.
- Zayn, não é na-
- Não precisa mais fingir se preocupar comigo. - Funguei. - Estou bem.
- Por fav-
- Não insista. - Pedi.
- Se quiser, posso lhe explicar tudo agora. - Ele hesitou antes de dar um passo para frente.
- Me deixe sozinho! - Aumentei o tom de voz.
Senti seu olhar pesar sobre mim mais alguns minutos, antes de ouvir o barulho estridente do ranger da porta se fechando à minha frente e o cadeado sendo trancado do outro lado. Permaneci estático por algum tempo, em pé, com a cabeça na parede e as mãos nos bolsos da calça. Encarava fixamente o chão, enquanto as memórias frescas do dia anterior passavam como um filme diante dos meus olhos, me fazendo lembrar de todos os beijos trocados, os toques repletos de carinho e ardor, que ainda arrepiavam-me. Tudo em vão. Desviei o olhar, encarando o teto por algum tempo, sentindo as lágrimas escorrerem de meus olhos e umedecerem minhas bochechas. Meu corpo ainda doía, mas nada se comparava a dor que estava sentindo no coração naquele momento.
Não consegui me manter em pé por muito tempo, sendo obrigado a sentar, antes de perder para a fraqueza outra vez. Abracei minhas pernas, apoiando o queixo nos joelhos, respirando pesadamente. Me sentia um lixo. Um completo lixo sem pudor. Como havia caído naquela cilada de me entregar a alguém que eu nunca havia visto antes? Ainda mais daquela forma, tão facilmente. Mas tudo nele era tão encantador... a forma como os olhos azul anil contrastavam perfeitamente com as bochechas redondas e levemente coradas, a voz carregada de sotaque, o modo como ele ficava fodidamente adorável quando estava envergonhado, gaguejando, e até o pescoço ganhava uma coloração vermelha, a pele macia e sensível ao toque, dentre tantas outras coisas. Tão perfeito.
Às vezes, eu queria que minha vida fosse como nos filmes. Não precisaria me importar com o cabelo, ou ter que ir ao banheiro. Eu encontraria um homem na rua, ele me daria seu coração e nos beijaríamos, vivendo felizes para sempre. Por que as coisas não poderiam ser fáceis assim? Nós passamos a vida toda vendo filmes da Disney, nos iludindo com finais felizes e apaixonantes, para no final acabarmos em um cativeiro imundo, com o coração quebrado por um ser tão doce.
Talvez esses sejam o pior tipo de pessoa. Eles se aproximam lentamente, te conquistando cada dia mais com seu jeito carismático, e depois te traem ou vão embora. Simples assim. Claro que para eles é fácil, não são seus corações que saem quebrados e nem seus olhos que ficam inchados ao chorar, não são eles que se sentem usados ou pensam que são incapazes de amar outra vez. Não mesmo.
Balancei a cabeça, respirando fundo e encarando o teto outra vez.
- Estou parecendo uma adolescente deprimida. - Murmurei.
Talvez agora eu entendesse minhas irmãs. Quando elas terminavam seus namoros ou levavam um fora e ficavam trancadas em seus quartos durante todo o fim de semana, chorando quietinhas em seus cantos, comendo qualquer porcaria e ganhando todo o mimo da minha mãe. Eu realmente havia começado a entender como era ruim ter o coração pisado por alguém. Não que eu estivesse amando sweeting, mas eu sentia algo a mais por ele.
Naquele momento, me sentia horrível por ter tido à minha irmã do meio que ela estava "cheia de drama e frescura" quando o último namorado terminou o que tinham. Talvez ela poderia estar me auxiliando nesse momento, juntamente com minha mãe. Eu sentia tanta falta delas. De todos na verdade. De meus pais, minhas três irmãs, os vários parentes. Todos faziam tanta falta. Estava cansado de ficar e me sentir sozinho.
Sequei algumas lágrimas com as costas das mãos, fungando. Seria pedir muito para voltar logo para casa? Poder esquecer todos os momentos horríveis que estava passando ali e talvez até... até os bons momentos com sweeting.
- Playboy. - Me acordaram de meus pensamentos. Não havia visto-o entrar. - Está morto?
- Não. - Levantei a cabeça, recebendo uma careta.
- Ainda, porque está parecendo um zumbi.
- Obrigado pelo elogio. - Disse sarcástico.
- Ora, vamos playboy, fique feliz. Sua família se lembrou de você. - O encarei.
- Eles vão pagar você?
- Você tem belas irmãs, playboy.
- Fique longe das minhas irmãs! - Adverti. - Faça o que quiser comigo, mas não mexa com a minha família.
- Se esse é o seu desejo, majestade. - Este inclinou-se, fazendo uma espécie de reverência.
- Você ainda não me respondeu.
- Não sei se vão pagar. - Deu de ombros. - Acho que estão mandando viaturas da polícia atrás de você.
- Você fala isso como se não estivesse prestes a ser preso.
- Preso? - Gargalhou auto, fazendo minha cabeça latejar. - Pobre garoto, acha mesmo que vão conseguir chegar até aqui?
- Claro. - Disse confiante, mesmo que não estivesse muito.
- Você é bem esperançoso, playboy. - Riu outra vez.
- É o mínimo que eu devo ser. - Murmurei.
- Tenho algo para você. - Me ofereceu.
- O que é isso? Veneno? - Arqueei a sobrancelha.
- Não mataria você, playboy. - Sorriu sarcástico. - É apenas café.
Hesitei antes de pegar o copo descartável de sua mão e beber um gole.
- Está fr-
- Não reclame. - O homem saiu pela porta, trancando-a do outro lado.
Respirei fundo, sentindo o maravilhoso cheiro da cafeína e virei o copo, fazendo uma careta com o gosto amargo. Voltei a escorar minhas costas na parede e logo o sono me venceu.
. . .
Estou sentindo a vontade de vocês de me matar daqui. Pela centésima vez, me desculpem. Estava um pouco apertada esses dias e não estava lá muito no clima de escrever. Obrigada por todos os votes e coments! Falta pouco mais de 100 para atingirmos os 500 votes, estou tão feliz!!!! Nunca pensei que passaria de dois leitores para falar a verdade, e vocês vem sendo insanos. Muito obrigada mesmo! Beijo no core de cada um <3 All the love x(:
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State of the dark ➸ z.h
Acak❝Onde Zayn é sequestrado por uma gangue e Niall o ajuda todas as noites.❞