HELIPA

Um Encontro e Uma Referência

Quinta-feira

(1:15am)

  

— Nunca vi o seu Carlos elogiar tanto uma sopa, durante todo o tempo que conheço ele...

Eddie comentou, fazendo com que Tozier risse e virasse de peito para cima, enquanto mordia o fiozinho do fone.

— Minha tia e minha mãe juntas, seriam responsáveis pela obesidade no mundo, do tanto de vezes que elas conseguem fazer alguém repetir um prato.

Escutou ele rir também do outro lado da linha.

— Não duvido, quando cheguei aqui, até senti vontade deixar um pouco pra minha mãe, mas eu sei que ela não iria tomar e ficaria me perguntando onde eu consegui isso.

— Era só dizer que, foi da casa do Bill.

— Ela acharia estranho, eu nunca trago nada da casa do Bill, a mãe dele não é de cozinhar muito, eles pedem mais por delivery, porquê não tem cozinheiro como aqui.

— Cacete, haja cupom no Ifood então, né? Lá em casa a gente só pede delivery no almoço ou no jantar em dias especiais, ou quando tá muito “em cima da hora” e minha mãe não quer cozinhar.

— Aqui também só pedimos de vez em quando, mas é porquê minha mãe não gosta que eu coma essas comidas de rua, fast foods ou com alto teor calórico, portanto que, quando viajamos principalmente pros estados unidos, ela só falta ficar louca.

— Porque lá é o que mais tem, não é? Se não me engano.

— É sim, pra você comer uma comida mais saudável, é preciso saber procurar o restaurante certo... (Suspirou)

— Deve ser tão triste, não poder comer um podrão quando deseja, quer dizer, é saudável, mas triste.

— É, é sim... Às vezes, eu queria que minha mãe não fosse tão... Tão ela.

— Como assim? – ajeitou a cabeça no travesseiro.

— Ah, sei lá, eu gostaria que ela fosse menos neurótica com doenças, menos controladora, surtada, ou que tratasse as pessoas bem, sem se importar com a condição financeira ou de qual região ela veio.

— Sério que ela é assim?

— Infelizmente...

— Mas e seu pai? Também é assim?

— Mais ou menos, na verdade, meu pai nem fica aqui direito, não tem tempo pra ficar reparando nessas coisas, porém, eles têm a mesma visão social e, pontos de vistas semelhantes.

— Tipo... Acham que Hitler ‘tava certo, essas parada?

— Também não exagera, né porra!? – Tozier gargalhou.

— Agora entendi porquê ela não pode saber, que tu veio aqui.

— Ela infartaria, eu meio que contei sobre você, no calor de uma discussão.

— Sobre mim?

— É, porque ela viu você saindo, não sei exatamente como...

— Ah, então era ela mesma!

— Você viu ela?

— Sim, e acredite, se tua mãe fosse o Superman, tinha me feito deteriorar ali mesmo, só com o olhar que ela me deu.

— Sinto muito por isso, juro que queria que ela fosse diferente...

— A gente não têm culpa sobre nada vindo dos nossos pais, sabe? Não precisa pedir desculpa por ela.