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Boa leitura!



Já faziam três meses desde que Noah havia sido jogado naquela cela e conhecido seu companheiro de cela/arqui-inimigo/parceiro de foda/seja lá o que mais eles eram. A convivência dos dois não havia mudado muito, porém outras coisas mudaram.

A última avaliação do Dr. Collins sobre Josh apresentava alterações no quadro psicológico do garoto que preocupavam o doutor. A família do garoto havia sido notificada e sua mãe se prontificou a fazer uma visita tanto para conversar com o doutor, quanto para aproveitar e ver seu filho, que no momento se encaminhava para a sala de visitas com uma expressão não muito amigável. Josh não sabia nada sobre a alteração em seus diagnósticos, e provavelmente nem seria informado da situação.

“Olá, querido” Úrsula soou amigável e suave ao mesmo tempo que sua voz demonstrava hesitação. Josh não esboçou sequer um sorriso, apenas sentou-se na cadeira em frente a da mulher, recusando o abraço oferecido por ela. “Como você está?” Josh deu de ombros. Não se sentia nem um pouco diferente do que o normal, pelo menos o normal dele era aquele.

Úrsula mordeu o lábio inferior, um pouco insegura sobre como abordar o filho para uma conversa mais amigável, porém era difícil; Josh era uma pessoa difícil de lidar desde pequeno, mas quando foi internado sentiu-se completamente abandonado. Afinal, o que esperar de alguém que passa toda a infância e adolescência recebendo visitas da mãe apenas uma vez por mês, sendo “educado” e “disciplinado” pelas pessoas que nem mesmo se importavam com seu bem estar?

“As meninas mandaram um beijo pra você” Úrsula disse calmamente, com um sorriso fraco no rosto.

“Porque elas não vieram pessoalmente dizer isso?” o garoto respondeu, ríspido. Ele não sentia ódio de suas irmãs, elas eram pequenas quando ele foi jogado ali. Mas ele também não sentia tanta falta delas assim, afinal ele não era tão apegado com as pequenas, elas eram muito novas. Úrsula respirou fundo e piscou algumas vezes, pensando no que dizer.

Era sempre tão exaustivo visitar Josh, e tomava tanto de si, que as vezes a mulher se perguntava se valia mesmo a pena todo aquele esforço.

“Eu não acho que esse seja um lugar apropriado para elas” a mulher disse baixinho. Josh soltou uma risada baixa e nasalada, do fundo de sua garganta, e revirou os olhos, finalmente encarando a mulher na sua frente. Ela parecia bem mais velha do que Josh se lembrava, e parecia cansada também. Josh chegou a cogitar que talvez fosse preocupação por seu filho estar preso num manicômio, mas realmente deveria ser apenas o esforço que requer cuidar de tantas crianças.

Crianças que eram seus irmãos. Que ela cuidava com todo amor e carinho. Ao contrário de Josh.

“Bom, você achou apropriado para mim quando eu tinha sete anos” disse com ironia. A mulher lambeu os lábios, sentindo-se intimidada por sua própria hipocrisia.

“Josh-“ ela tentou começar mas Josh revirou os olhos novamente, e ela suspirou em derrota, desistindo de qualquer explicação. Úrsula se levantou rispidamente, com uma expressão fechada no rosto encarou o filho antes de respirar fundo e buscar as palavras certas para dizer, mesmo sabendo que seriam em vão, pois não haviam palavras corretas para aquele momento. Tudo seria muito errado “Eu sinto muito” ela disse pesadamente antes de dar a volta na mesa, deixar um beijo rápido no topo da cabeça do menor, e sair andando, sendo acompanhada de um policial.

Xxx

Noah estava inquieto. Mesmo com as tarefas no pátio ele não parecia estar concentrado, pelo menos não naquilo. Sua mente estava claramente distante, e todas as tentativas de conversa de Josh foram falhas. Já se passaram dois dias desde a visita da mãe do garoto, e ele nem mesmo se lembrava daquilo com rancor, ele simplesmente não se importava mais.

Madness || N. BOnde histórias criam vida. Descubra agora