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Boa leitura!



“Seu filho da puta!” Noah gritou, empurrando o corpo de Josh para longe “Não devia ter feito isso” rosnou “Irá se arrepender” e saiu andando com sua mão cobrindo o canto do seu lábio inferior, que agora sangrava consideravelmente. Urrea podia sentir o local inchar, e o sangue inundou sua boca, o gosto desagradável fazendo o garoto torcer o nariz em desgosto.

Andou de volta para seu dormitório. Esperava profundamente que Beauchamp fosse punido por ter entrado em uma briga e fosse jogado na solitária, como já havia acontecido duas vezes naquela semana.

Ele gostava de ter o quarto para si, até mesmo porque Josh era uma companhia bem desagradável.

Com as costas da mão, limpou o sangue que escorria por seu queixo e lançou um olhar fuzilante para o carcereiro que fechou a porta após ele entrar e sentar-se em sua cama. Seu corpo tremia de raiva; como o garoto ousava dar-lhe um soco? A audácia de Beauchamp em relação à Urrea crescia a cada dia, e ele parecia mesmo decidido em acabar com Noah, como deixou claro assim que o moreno entrou naquela cela pela primeira vez.

A porta se abriu bruscamente e logo o som de um corpo sendo jogado contra o chão foi ouvido. Noah se levantou de sua cama e andou até o corpo de Josh, que já se levantava com uma carranca no rosto.

“Nada de solitária por hoje?” Perguntou sarcasticamente e Josh simplesmente lhe lançou um olhar sério, acompanhado por seu dedo do meio.

“Porque não cala a boca e vai dormir?” Perguntou Beauchamp, deitando-se em sua cama e cobrindo os olhos com o antebraço “Está esperando que eu durma para tentar me matar?” Riu ironicamente, os cantos de seus lábios se levantando num sorriso ousado que apenas atiçou ainda mais os nervos de Noah.

“Eu não preciso que esteja dormindo para fazer isso” murmurou o moreno, sentando-se de volta em sua cama.

“Você deveria calar a boca ou seu lábio vai inchar ainda mais” debochou Josh, tirando o braço dos olhos e encarando o menino, ainda sorrindo para ele. Estava se sentindo um vencedor por ter dado um soco no garoto, mesmo que tenha sido sem querer.

“Eu estava tentando te ajudar!” Noah rosnou “Você é um filho da puta de um ingrato. Eu tentei te tirar de cima daquele otário antes que algum carcereiro visse e te jogasse em uma solitária,” levantou-se e andou em passos largos até a cama de Josh, o encarando de cima, sentindo-se ameaçador, mas não abalou Josh como gostaria, “mas tudo o que você fez foi me dar um soco”.

Beauchamp deu de ombros. O soco não havia sido proposital, foi apenas um reflexo de socar quem quer que fosse que estivesse tentando interrompê-lo no meio de uma briga. Normalmente acontecia com um dos carcereiros, que tentavam separar Josh e acabavam levando um ou dois socos até que jogassem Josh na solitária por mais tempo do que ele deveria ficar.


“Eu deveria quebrar a sua cara” Noah sussurrou em um tom ameaçador, se abaixando e mantendo seu rosto mais perto ainda de Josh, “mas vou poupá-lo disso por enquanto. Mas não irei esquecer” sorriu com escárnio, enquanto assistia os olhos de Josh brilharem. O garoto era um psicopata, não havia outra explicação.

Ele sentia prazer em ser ameaçado, ou em ser desafiado para uma briga que era certa de vencer. Josh era pequeno, e seu corpo nem era tão forte assim. Mas por alguma razão, ninguém conseguia o vencer nas brigas em que se metia.

Urrea jamais iria entender como isso acontecia. Já fazia duas semanas que dividia uma cela com o rapaz e nunca o vira perdendo uma briga. Mesmo que não soubesse o porquê elas acontecem, o número de confusões que viu Josh se meter era impressionante.

“Você pode tentar,” Josh desafiou, levantando a parte superior do seu corpo e encontrando o rosto de Noah ainda mais perto do seu.

Urrea se endireitava a medida que o corpo de Josh subia mais, porém os olhares não se desconectavam em momento algum. Enquanto os olhos de Josh brilhavam com o sentimento de desafio e adrenalina, as pupilas de Noah se dilataram e suas mãos tremiam de raiva. Urrea nunca foi muito bom em controlar sua raiva. Talvez isso resumisse o porque ele estava ali, afinal “mas você nunca conseguiria” concluiu Josh com um sussurro.

Josh riu quando ouviu Noah soltar um rosnado quase interno, assistindo o garoto voltar para sua cama e jogar seu corpo contra o colchão desconfortável. O moreno virou para a parede, ficando de costas para Josh e fechando os olhos na tentativa de conseguir se acalmar e dormir. Ouviu Josh se mexendo contra os lençóis, e uma risada baixa foi ouvida. Psicopata.

×××

“Hey, vocês dois!” Uma voz soou, alta e grossa “Levantem, agora! Estejam no pátio em cinco minutos” finalizou, andando para fora do quarto e deixando a porta aberta. Noah resmungou enquanto arrastava seu corpo para fora da cama, encarando o corpo adormecido de Josh. Na semana passada, quando lhes fora exigido que estivessem no pátio rapidamente, Josh falhou em acordar e iria se atrasar se não fosse por Noah lhe jogando um travesseiro para que despertasse. Urrea torceu o nariz, bufando alto e vestindo a camisa que estava pendurada na cabeceira da cama. Saiu do quarto, nem se importado se Josh se atrasaria ou não.

Assim que entrou no pátio, encontrou centenas dos outros internados (ou presidiários, chame como quiser. Não faz diferença, de qualquer maneira). Todos estavam sentados em mesas que dividiam com pelo menos outras cinco pessoas. Alguns conversavam e outros falavam sozinhos. Uma ou duas pessoas andavam pelo pátio com os cabelos bagunçados e a boca se mexendo, provavelmente falando alguma baboseira com si mesmo. Noah balançou a cabeça, resmungando por ainda se encontrar num lugar como aquele. Quatro meses e nada. Nada de um advogado, nada de um psiquiatra que mudaria seu diagnóstico, nada. Urrea simplesmente havia desistido da esperança de que um dia veria o Sol nascer novamente.

“Sentem-se” ouviu uma voz exclamando e olhou em volta, assistindo alguns carcerários capturando os doentes perambulando pelo pátio e os empurrando para os assentos livres.

Josh apareceu, saindo por uma porta estreita que Noah havia saído minutos atrás. Ele não fez nenhum alarde, não se desculpou pelo atraso, nem falou nada. Apenas direcionou-se para um assento livre, e Urrea soltou um suspiro aliviado quando viu que a mesa estava relativamente distante da sua.

“Atrasado, Beauchamp” o homem que os chamava lá na frente resmungou, encarando Josh “De novo” Beauchamp não respondeu nada além de revirar os olhos e gesticular com a mão, como se o influenciasse em continuar falando “Hoje temos uma atividade em grupo. Como nunca fazemos nada para mantê-los distraídos, resolvemos colocar vocês para trabalhar um pouco” o homem sorria sarcasticamente, e Noah revirou os olhos com a notícia.

Eles não eram presidiários, não precisavam trabalhar enquanto cumpriam pena. Eles não cumpriam pena, na verdade. Mas era um conceito um pouco difícil para alguns entenderem, até mesmo Noah. Quatro meses num manicômio fazem isso; confundem sua mente, fazem você acreditar que é mesmo o que lhe dizem ser. E talvez ele seja mesmo, seu autojulgamento nunca seria certo, afinal sua mente não estava mais em ordem há muito tempo.

“Cada dupla terá uma tarefa diferente, ou seja, vocês vão trabalhar em equipe” o homem continuou “a primeira briga, ou confusão que sair durante esse período, não haverá nem perguntas; os dois serão jogados em solitárias por três dias direto, sem direito a luz do sol, ou mais de uma refeição ao dia”

Vários murmúrios foram ouvidos ao redor do pátio, e Noah olhou de esguelha para Beauchamp, que sorria debochadamente. Aquele sorriso parecia despertar o lado mais obscuro de Noah, e ele não saberia dizer por quanto tempo mais iria se controlar para não atacar Josh até que seu último suspiro de vida deixasse seu corpo.

×××

Enquanto Josh esfregava os muros grossos e sujos do pátio, Noah esfregava o chão de concreto; o que era meio frustrante, considerando que quanto mais Josh esfregava o muro, mais ele descascava e sujava todo o chão, dando mais trabalho para Noah.

Os resmungos de Urrea pareceram atiçar ainda mais Josh, que propositalmente arrancava um ou outro pedaço de gesso, o esmagando em suas mãos pequenas e esfarelando em todo o chão. Noah limpava silenciosamente, ciente de que haviam dois carcerários os assistindo.

Noah não saberia dizer quanto tempo havia se passado até que eles fossem dispensados para volta para a cela. Josh largou a esponja que tinha em mãos diretamente no chão e saiu andando apressado. Noah encostou o esfregão no muro e seguiu Josh.

Assim que entraram na cela, o carcereiro que os acompanhou jogou uma caixa de cigarro em cima de Josh, que com um sorriso vitorioso, agradeceu o homem antes que ele fechasse a porta e fossem embora.

Josh pegou o isqueiro debaixo do colchão mofado de sua cama e acendeu o cigarro, jogando a caixa para Noah, que jogou de volta para ele, recusando a oferta.

“Sabe,” Noah indagou “nunca vou entender como permitem um isqueiro aqui dentro”

“O que tem de errado com um isqueiro?” Josh perguntou com o cigarro entre os lábios.

“Bem, não deixa de ser uma arma” Noah levantou uma das sobrancelhas sugestivamente “Isso é um manicômio. Cheio de pessoas loucas, doentes mentais, psicopatas,” Urrea abriu um sorriso debochado “como você”

“Há há” Josh caçoou, revirando os olhos para o outro “Tudo é questão de controle e poder, querido Urrea” murmurou o menor, que levantou e calmamente andou até Noah, sentado na beirada de sua cama “Veja bem,” Josh se aproximou ainda mais de Noah, que abriu um sorriso discreto e curioso ao observar os passos curtos e lentos do garoto “Eu sou um dos pacientes mais antigos aqui,” ele disse, parando bem na frente de Noah, suas pernas tocando os joelhos de Noah “eu não sou simplesmente respeitado ou temido aqui. Eu conquistei esse controle,” seu tom de voz ficava cada vez mais baixo a cada milímetro mais próximo que seu rosto ficava do rosto de Noah enquanto Josh se inclinava e Noah se inclinava ainda mais para trás, esticando seus braços atrás de seu corpo e ficando quase deitado na cama, com o torso de Josh se inclinando sobre si.

“E se eu conquistasse esse controle?” Noah sugeriu, voltando seu corpo na posição normal, indo contra o rosto de Josh, que lentamente se afastou, ficando com o corpo ereto e encarando Noah com um sorriso maroto no rosto “E se eu conquistasse esse seu tão amado poder?”

Josh gargalhou, alto e claro. Deu um passo à frente, e sentou-se sobre as coxas de Noah, que fechou ainda mais as pernas para que pudesse suportar o corpo de Josh sentado sobre si. Não iria negar a onda de excitação que o dominou ao sentir a bunda cheia de Josh em suas pernas, num contato tão próximo de sua virilha.

Noah não suportava Josh. E era reciproco. Porém Urrea nunca negou para si mesmo o quão atraente e gostoso Josh era. Não que ele gostaria de fazer alguma coisa com Josh além de mata-lo, mas ele não era um hipócrita que negaria o obvio.

Josh tragou o cigarro mais uma vez e lentamente liberou a fumaça pelo nariz, seus olhos analisando os olhos verdes de Noah de volta.

“Você poderia tentar” Josh sussurrou, a mão que não segurava o cigarro indo direto para o ombro de Noah para ajeitar sua posição no colo do maior, “Mas todos nós sabemos que é muito mais fácil para você e para mim nos pouparmos de tanto esforço em vão”

“Você está ciente que eu sou bem maior que você, não é?” Noah praticamente rosnou, suas mãos apertando com força as laterais do quadril de Josh, que discretamente fechou os olhos Josh um segundo, respirando fundo e se recompondo.

“Meu tamanho não influencia muito nisso” murmurou ele, aproximando seu rosto ainda mais do de Noah; mais um pouco e a ponta de seus narizes se tocariam “Não o tamanho da minha altura, pelo menos” debochou, tragando seu cigarro mais uma vez.

Josh encarou Noah intensamente, e seus olhos foram atraídos para os lábios rosados e cheios de Noah, onde o menor assistiu a língua do garoto percorrer cada centímetro do seu lábio inferior, como se estivesse preparando-se para dar uma bela resposta. Com essa vista, além dos lábios e a língua provocante de Noah.

Noah pareceu entender qualquer que fosse o pensamento na mente de Josh e entreabriu seus lábios de leve, apenas o suficiente. Josh sorriu, e se inclinou um pouco mais, finalmente tocando o nariz de Noah com o seu, e soprou quase em câmera lenta a fumaça presa em sua garganta, dentro da boca de Urrea, que fechou os olhos e por um impulso, apertou ainda mais o quadril de Josh.

E então, Josh riu. Uma risada nasalada e quase interna enquanto se arrastava para fora do colo de Noah, ficando em pé novamente e tragando o que restava de seu cigarro. Noah abriu os olhos e assistiu Josh andando de volta para a cama dele, e seu sangue pareceu ferver de raiva quando Josh o encarou, e então desceu o olhar para a virilha de Noah, onde um volume nada discreto havia se formado.

“Viu só?” Josh murmurou “Isso é controle e poder. Não posso fazer nada, é uma característica minha, é minha natureza” cantarolou e Beauchamp com um sorriso debochado no rosto enquanto apagava seu cigarro no cinzeiro que retirou debaixo do colchão.

“Você é um psicopata” Noah rosnou, deitando-se de costas em sua cama e fechando os olhos, sendo tomado pelo sono imediatamente.

E se ele sonhasse com os lábios de Josh. Os lábios de Josh nos seus lábios. Os lábios de Josh em seu pescoço, em seu peito, provocando seus mamilos e descendo até seu abdômen. Os lábios de Josh ao redor do seu membro tão duro e necessitado. Se ele sonhasse estar gozando furiosamente no fundo da garganta de Josh, bem, ninguém precisava saber.







Desculpa qualquer erro.

Madness || N. BOnde histórias criam vida. Descubra agora