18

224 22 0
                                    

Pode conter cenas pesadas, TW : morte







Noah acelerou o carro assim que Josh falou a frase maldita.

“Como assim sua família mora por aqui?” Krystian exclamou, confuso.

“Eles moram aqui, porra!” Josh gritou “Quer dizer, se ninguém se mudou ainda...” murmurou, sua voz já extremamente mais fraca e distante. Josh recostou a cabeça no banco do passageiro e olhou pela janela enquanto Noah corria com o carro para longe dali. Será que sua família ainda morava ali? Será que ele queria mesmo saber a resposta?

“Acha que mesmo depois de todos esses anos eles ainda morariam no mesmo lugar?” Noah perguntou, e isso atraiu a atenção de Josh, que virou o rosto para encará-lo. Sua pergunta não tinha tom de deboche nem raiva, era genuinamente uma pergunta curiosa.

“Como assim, todos esses anos?” Krystian perguntou ainda mais confuso. Só então Noah percebeu que talvez, além da equipe do manicômio, ele fosse a única pessoa que Josh confiou o suficiente para contar parte de sua história.

“Eu não sei,” Josh deu de ombros, ignorando a pergunta do moreno “talvez. Eu me lembro da única vez que nos mudamos e, bem, mamãe sempre reclamava de como odiava mudanças e que se pudesse ficaria no mesmo lugar para sempre” divagou, sua voz tão baixa e fraca que parecia até mesmo infantil. E Noah sorriu discretamente, soltando uma risada baixa nasalada. “O que foi?” Josh perguntou, os olhos sérios e a voz um pouco mais firme, talvez percebendo o quão infantil soou.

“Nada,” Noah murmurou baixinho. Ele olhou pelo retrovisor e viu que Krystian já havia desistido de tentar entender aquela conversa e agora estava recostado no banco com a cabeça deitada para trás, os olhos fechados e um cigarro entre os lábios “Você chamou sua mãe de mamãe” confessou. Josh arregalou os olhos por um milésimo de segundo, envergonhado e frustrado por ter se deixado levar pelo momento de nostalgia. Mas ao contrário do que pensava, Noah não estava debochando dele; ele estava encantado “Foi adorável”

“Cale a boca” Josh revirou os olhos e voltou a olhar pela janela, não totalmente irritado com Noah, mas irritado consigo mesmo por sentir-se tão vulnerável naquele momento.

Poucos minutos depois, Josh abriu os olhos quando percebeu que o carro havia parado. Ele não estava dormindo, não houve nem sequer tempo para isso, mas não queria ficar de olhos abertos e ver aquelas ruas que lhe traziam vagas porém dolorosas lembranças de sua infância e de quando ia de um lado para o outro com sua mãe por ali.

“Porque você parou?” Krystian perguntou, tirando as palavras da boca de Josh. O menor olhou para fora e viu que estavam num lugar um pouco afastado da área residencial; um terreno com um trailer obviamente abandonado, já que estava todo enferrujado, os vidros quebrados e nenhum sinal de vida por perto.

Não era totalmente deserto. Dali eles podiam ver um posto de gasolina, um mercado bem pequeno e simples e alguns carros parados. Josh se lembrava vagamente daquele lugar, mas não era o suficiente para dizer que eram memórias claras, mas sabia que já estivera ali. Lembrava-se de quando sua mãe o levou ali uma vez para andar de bicicleta. Aquele trailer não estava lá, pelo menos ele não conseguia se lembrar.

De qualquer forma, assim que piscou os olhos quando saiu do carro, sentiu a onda da nostalgia atingi-lo como uma pedra, e ele literalmente teve que se segurar para não cair no chão com a sensação que tomou conta de seu corpo e mente. Era como se ele estivesse preso no passado, sua mente reprisando os momentos de alegria e risadas escandalosas de quando ele ainda aprendia a andar de bicicleta e sua mãe o guiava bem atrás dele, prometendo que não iria soltá-lo até que estivesse preparado.

Madness || N. BOnde histórias criam vida. Descubra agora