20 - finale part 1

198 20 0
                                        

Os últimos capítulos podem ser pesados pra algumas pessoas, cuidado ao ler!

“You’re always haunted by the idea you’re wasting your life” – Chuck Palahniuk

“Qual é a porra do seu problema?!” Noah grita. Josh nem mesmo reage, apenas permanece parado e sem expressão alguma enquanto encara Noah. Os dois estão no mesmo terreno onde passaram a noite, mas já é de manhã e eles precisam resolver o que vão fazer, afinal não podem ficar em um lugar aberto durante o dia; alguém pode reconhecê-los.

“Eu não quero que me toque, é só isso” Josh murmura. Ele não sente medo, mas sabe que deve manter uma distância segura de Noah. Ele se odiava por ter ajudado Noah a fazer o que fez com Krystian, mas ele não ajudou a matá-lo, e se não ajudasse a esconder o corpo, poderia acabar sendo acusado como cúmplice no assassinato. A mente de Josh não entendia que enterrar um corpo já o tornava cúmplice de qualquer forma. Josh pensava que mesmo que não tivesse ajudado o moreno, Krystian não voltaria a viver; não tinha mais volta. Então ele fez o que pareceu certo e conveniente naquele momento.

Mas a cada vez que Noah se aproximava de Josh, ele se lembrava da cena de Urrea ensanguentado, a cena que sua mente criou que se repetia diversas vezes enquanto dormia e enquanto estava acordado, a imagem de um Krystian pálido, inerte, imóvel... sem vida. Ele não queria que as coisas chegassem a esse ponto. Tinha perfeita noção de que tinha algum problema mental, mas não era assassino.

Era?

Afinal, Josh sofreu todos esses anos por ter matado sua professora e poucos colegas de classe asfixiados em fumaça quando tinha sete anos. Ele havia matado essas pessoas.

Certo?

A confusão era imensa, sua mente girava a cada vez que vagava para esse passado tão distante. Josh se lembra de ser uma criança amedrontada e insegura quando chegou naquele lugar sendo empurrado por homens fortes e rudes como se fosse um criminoso. Naquela época, Josh ainda tinha perfeita consciência e sabia que não havia feito aquilo.

Mas é claro que assim que a polícia tomou conta do caso, colocou um psiquiatra para avaliar o caso, e havia algumas discrepâncias no depoimento de Josh. Ele insistia que não se lembrava exatamente do que havia acontecido, porque obviamente estava em estado de choque, e toda aquela fumaça o deixou bastante confuso. O depoimento de Freddie, um dos únicos alunos que parecia ter perfeita lembrança do que acontecia ali, deixou tudo um pouco confuso demais, mas para a polícia não havia dúvida alguma de que Josh era o culpado.

Eles nunca foram a julgamento. Extraoficialmente, foi decidido entre o psiquiatra – Doutor Collins – sua mãe, e os detetives envolvidos nisso que Josh deveria passar por acompanhamento e tratamento psiquiátrico porque uma criança homicida com toda absoluta certeza não estava em seu perfeito estado mental.

Há anos atrás, Josh sabia que era inocente porque jamais machucaria uma mosca sequer. Muito menos sua professora – ele adorava sua professora. Mas hoje? Hoje Josh tem dúvidas, confusões. Sua mente lhe pregava peças diariamente, colocando imagens que ele já não tem mais tanta certeza se aconteceram na realidade ou não; imagens de Josh rindo enquanto sua professora agonizava antes de asfixiar até a morte, imagens de Josh apreciando o fogo tomando toda a sala de aula, imagens de Freddie pedindo por socorro enquanto Josh apenas apontava e ria dele.

Era exaustivo.

Pensar na possibilidade de ter cometido outro assassinato, dessa vez de alguém que não lhe havia feito mal algum, era terrivelmente doloroso para Josh. Ele sabia que não havia matado Krystian, mas ter ajudado Noah não lhe faz menos assassino. Ele, por um momento, gostou da imagem que viu. O sangue, a selvageria no olhar de Noah, tudo aquilo lhe foi atraente por um instante. E ele se sentiu culpado por isso no minuto seguinte.

Madness || N. BOnde histórias criam vida. Descubra agora