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Boa leitura!


Não pareciam dois dias, pareciam dois meses. Josh estava acabado, completamente destruído. Usava um moletom cinza e uma calça folgada, seu rosto estava inerte, sua expressão quase vegetativa. Sua pele, tão pálida que poderia ser confundida com o tecido do capuz do moletom sobre a sua cabeça, estava manchada com sangue e ferimentos por todos os lados; o canto do lábio inferior, ambos os olhos arroxeados, o nariz parcialmente inchado e escurecido, e um ou dois cortes nas bochechas ossudas.

Noah se ajoelhou em frente ao corpo jogado de Josh e não soube explicar qual sentimento o consumiu mais: a preocupação pelo bem estar do menor, o ódio por alguém ter feito isso com ele, a dúvida por não saber se ele teria merecido isso ou não, e o desejo de vingança não importando qual fosse a resposta para suas outras perguntas.

Ele sabia o suficiente sobre o passado de Josh para saber que as pessoas ali dentro nunca realmente precisaram de um motivo de verdade para machucar o garoto. Até onde Urrea sabia, Beauchamp havia passado por isso por anos.

Mas ainda assim, ele sentia o ódio o consumindo. Ele não era a pessoa mais exemplar do mundo, ou o bom samaritano, mas ele sabia diferenciar as pessoas que eram idiotas demais e que mereciam levar uma surra desse nível, das pessoas que normalmente não faziam nada e não mereciam esse tipo de tratamento.

Foi essa habilidade de discernimento que colocou Noah onde ele estava. Sua presença naquele lugar não era nada além de um bom discernimento, uma boa decisão, mesmo que tomada em um momento que o garoto estava fora de si.

Ele pegou Josh em seus braços, deixando a parte superior do corpo do menor sobre suas pernas e o observou atentamente. Ele estava mais magro do que o normal, algo estranho considerando que ele só estava ali há dois dias.

Seus braços estavam arranhados e tinha até mesmo uma mordida ali. Noah franziu as sobrancelhas ao ver aquilo, e correu um dedo suavemente sobre a ferida. O corpo de Josh deu um impulso para frente em reação ao toque do garoto, o que poderia significar que ele estava consciente, porém fraco demais para sequer abrir os olhos e se comunicar com Noah.

O pescoço de Josh estava a mostra, graças a sua cabeça que estava tombada para trás. Noah pôde observar diversas manchas roxas por ali, e ele soube imediatamente que eram chupões, e uma delas ainda era claramente marca de dedos.

Urrea não conseguia entender porque tanta crueldade com o garoto, e o que ele poderia ter feito para ter sido tão maltratado.

Josh soltou um suspiro pesado e lentamente abriu os olhos, mas os fechou logo depois. Foi como um sinal, uma tentativa de avisar Noah que ele ainda estava ali, ciente do que acontecia ao seu redor.

“Consegue falar alguma coisa?” Noah sussurrou. Não sabia quanto tempo tinha até os guardas acordarem no corredor e tentar impedir que ele levasse Josh de volta para sua cela, então sua preocupação era justificável.

Josh soltou um murmúrio fraco em resposta, e Noah assentiu. O maior pegou Josh em seu colo e se levantou com ele em seus braços, o garoto estava leve demais.

Andou para fora da solitária, olhando para trás apenas para ver mais uma vez o cenário de terror em que Josh se encontrava. O chão estava molhado e ele não havia nem percebido, o cheiro deixava claro que o líquido era nada mais nada menos que urina.

As calças de Josh também estavam molhadas, e Noah sentiu o cheiro desagradável invadir suas narinas assim que começou a andar com o garoto nos braços, porém naquele momento ele não se importou.

Ele passou entre os corpos desacordados dos guardas e acelerou o passo até sua cela, torcendo para não esbarrar com ninguém que pudesse impedi-los de seguir o caminho.

Madness || N. BOnde histórias criam vida. Descubra agora